Depois disso, somente aqueles que eles conheciam e conviviam, podiam tomar o lugar aos seus lados. Nos dias vigentes, apenas alguns estavam na escola, já que os mais velhos já tinham se formado. Lee Taeyong se formara a dois anos, passando a liderança para Lee Minhyung, ou Mark, como preferia.

Além de ser o líder dos meninos do Topo, Mark era capitão do time de basquete. Depois dele, vinha Lee Jaeno, atacante do time de futebol. A lista seguia para Lee Donghyuck, que carregava o título da pessoa mais Inteligente daquela escola, pulando o primeiro ano do ensino médio e estando na mesma sala que Mark, a mente brilhante do grupo, mas que era ao mesmo tempo o que planejava os planos mais obscuros para aqueles que mexiam com ele. Diziam que Donghyuck só não era expulso, porque dava a escola, quase todos os prêmios da região pelas suas notas impecáveis.

Depois dele, Na Jaemin, presidente do clube de jornalismo, aquele com o sorriso simpático, mas que sabia seus piores segredos. Jaemin não conhecia todos da escola, e Lucas comentou com Renjun, que era mais seguro assim. Chenle vinha logo depois, sendo do primeiro ano, o rapaz é o segundo do grupo que tem notas impecáveis. E o primeiro aluno do primeiro ano a se tornar presidente do Grêmio Estudantil (cargo que dizem que nunca foi dado a Donghyuck, pela fama dele), e por último, Park Jisung, o dançarino que todas as garotas que Renjun conhecia, tinham uma queda.

Em seu primeiro dia de aula, seus colegas comentaram que nunca, em hipótese alguma, ele devia dirigir a palavra para aquele grupo. Lucas confirmou, e disse que até mesmo ele, que está no time principal de basquete e joga com Mark, dificilmente fala com o canadense.

— Sabe o que eu acho? – Wong chama a atenção de Renjun, que o tiraria de seus pensamentos – eu acho que você devia prestar atenção em tudo que eu disse em vez de ficar me olhando, claramente você não ouviu nada!

Renjun riu baixinho, e empurrou o primo assim que o sinal tocou.

— Vai para a sua sala Yukhei.

. . .

Renjun voltava para casa sozinho, andava com Yukhei por dois quarteirões e depois era um caminho solitário entre o Huang e sua playlist no aleatório. Dificilmente voltava para casa direto. Não que o local fosse algo horrível e seus pais fossem pessoas cruéis, longe disso. Eles eram as pessoas mais honestas e gentis que Renjun chegara a conhecer. Esse seu hábito de não ir direto, se fez quando ele descobriu a praça na rua de baixo, que dava divisa com a área florestal da cidade, que por estar bem afastada das cidades grandes, ainda tinha vestígios da mata original, que tomava grande parte do pequeno local.

Por conta de sua beleza estonteante, ali virou ponto turístico, que era permitido até uma parte da floresta, sendo esta a que foi plantada a muito tempo. A área original era estremamente proibida até para os moradores, já que o governo dizia que qualquer interferência humana no local, podia acabar em algo drástico na natureza e seus habitantes.

Ali era lindo demais, e além do som do farfalhar das folhas, e cantos de pássaros, o banco que Renjun adotou como o melhor da praça, dava vista para a cerca que (ironicamente, era de madeira) que dividia eles da área florestal.

Era o lugar perfeito para sua leitura, e ao pensar nisso, Renjun apenas abriu o livro e começou a ler sobre como o detetive acha que o suspeito não era de fato, o verdadeiro culpado. Ele já tinha matado essa. Sabia bem quem era e porquê fizera aquilo. Depois que percebeu a pequena lógica por trás dos suspenses, achar a resposta se tornou algo fácil.

Pensando sobre isso, e completamente concentrado, Renjun se surpreendeu quando um miado fino e agoniante conseguiu tirar seus descansei os da leitura. A semana praticamente acabara, e gostaria de terminar esse livro antes de sábado, por isso, o fato do barulho ser alto o suficiente para tirar sua atenção da história, o deixou curioso.

Mais a frente, pulando a cerca média, estava uma pessoa vestida com um casaco longo e preto, que tinha um boné na cabeça, de algum símbolo que ele não reconheceu. Carregava nos braços, um gato que estava claramente assustado. Aquele que o carregava não era de fato seu dono, aquilo era claro.

O bicho estava descontente e miava alto, rosnava e tentava arranhar aquele ser que o carregava, ele estava quase se soltando quando a pessoa o segura pela região cervical, imobilizando o bichinho.

Renjun sabia que gatos odeiam quando são pegos nessa região. Pode chegar a ser bem doloroso. O menino se levantou. Sabia que aquele ser não era dono do gatinho. O animal estava com o rabo do dobro do tamanho provando seu medo por estar ali.

— Ei! – Gritou o chinês, a pessoa encapuzada o encara e talvez fosse só impressão sua, mas quem quer que fosse, não esperava que tivesse alguém na praça.

Nesse meio tempo, o gato se livrou do aperto da pessoa, já que o mesmo afrouxara seus dedos. O bichinho saiu correndo floresta a dentro. O encapuzado correu atrás do bichano e sumiu entre as árvores.

Renjun pensou em correr até lá. Se tinha algo que ele odiava eram pessoas que maltratavam animais.

Mas a buzina do carro de seu pai chama sua atenção. Renjun encara o carro e vai até o mais velho, não sem antes pegar sua mochila.

— O que faz aqui? – Perguntou o senhor Huang quando o filho entrou no carro – eu não disse que ia te dar carona – brincou o pai e o filho sorriu – mas sério Junnie, se for para ficar naquela praça, traga um moletom a mais – ele fala agora sério – estamos no final do inverno ainda. E esse seu uniforme não esquenta nada.

O pai continuou dirigindo e encarou o filho.

— Você não esta bem – concluiu.

— Estou cansado – decidiu mentir, já que seu pai era um amante de animais, sempre mandando dinheiro para ajudar a organização de animais da cidade. Ele sabia que o mesmo se sentiria revoltado, e depois mal pelo bichano.

Renjun tentou se lembrar de alguém na cidade com o físico do encapuzado. O bom de se morar em cidade pequena. Mas nada lhe veio a mente.

— Quando chegarmos em casa peça para a sua mãe preparar aquela sopa – o pai aponta – sei que vai estudar até mais tarde, e aquela sopa da sua mãe é ótima para repor energia.

Renjun sorriu para a atenção do pai e concordou.

. . .

— Mãe! – A voz do menino ecoa pela enorme casa. Na Jaemin engatinha pela chão da sala e a mulher encara o filho.

— Querido – a mulher com os cabelos cheios de bobes, mesmo Jaemin informando que aquilo era ultrapassado – o que exatamente você está fazendo?

Sua mãe era sua melhor amiga. Ela o escutava e sabia que o filho aprontava bastante. Mas sempre escondia isso do marido. O pai do Na não era alguém malvado. Apenas um pouco sério e severo.

— Não acho o Miau – chorou o rapaz e sua mãe arregala os olhos. Sabendo que o bichinho tem um valor sentimental enorme para o filho.

— Será que ele não entrou no meu quarto de novo? – Perguntou a mulher tentando acalmar a situação – vou lá ver.

— Eu já vi – o rapaz solta indo até a mais velha – eu olhei a casa toda, chamei ele com comida, fui até o quintal, subi naquela árvore que ele sempre fica... Ele não está aqui...

A mulher abraçou o filho sem saber ao certo o que fazer.

— Vamos esperar seu pai chegar... Ele vai saber o que fazer.

So What?Where stories live. Discover now