Lobos na floresta | Livro 1 (Repostando)

5

Decisão

Aiko sentia o medo arrepiar seus pelos conforme cada um daqueles animais raivosos se aproximava.

Não vou sair.

Seu pequeno corpo se colocou entre a humana e aquelas feras, o homem mau havia feito alguma coisa, alguma coisa ruim que a tinha feito sangrar e cair. Agora tudo dependia dele, defende-la dos animais barulhentos e dos brilhos de luz.

Podem vir...

Sua pelagem arrepiou ainda mais quando o primeiro dos cães surgiu a vista, Aiko se preparou para o ataque, no fundo ele sabia que não conseguiria, não era forte o suficiente, mas não se importava, iria proteger aquela humana a qualquer custo.

Podem vir!

Quando estava prestes a saltar em direção ao primeiro cachorro um som alto ecoou por toda a floresta trazendo de volta o silêncio. Tanto os cães quanto o caçador pararam, temerosos, assustados mas Aiko por sua vez suspirou de alívio e alegria ao ver o enorme lobo branco saltar por ele intimidando qualquer um que o visse.

—Aaron!

A alegria em ver o irmão quase o fez se esquecer da situação em que se encontrava.

—Olha...eu...

Um olhar dourado e ameaçador o fez se calar, sabia que teria problemas, talvez até maiores do que aquele mas, no momento, ele tinha outra coisa mais importante para se preocupar. A humana. Iani continuava sangrando sem dar sinal algum de vida. Aiko não sabia nada sobre machucados e ferimentos mas algo lhe dizia que aquilo era perigoso e tinha que ser parado o quanto antes.

Acorde!Por favor acorde!

Enquanto empurrava o rosto frio da garota com o focinho viu mais uma vez o clarão de luz antes do barulho forte machucar seus ouvidos, era o mesmo brilho que havia feito Iani cair e sangrar. Olhando assustado na direção do som viu seu irmão saltar pelos cães que corriam assustados enquanto o homem mau tentava acerta-lo com mais daqueles brilhos.

—Aaron!

A vontade de ir ajuda-lo era grande mas a prudência falou mais alto.

Só vou atrapalhar...

Ele voltou a se concentrar na garota.

—Ei!Acorde!

Um. Dois. Três. Quatro disparos. Quando achou que aquilo nunca mais fosse acabar gritos agoniantes preencheram a floresta, gritos na qual Aiko conhecia bem. Segundos depois não haviam mais latidos, disparos ou clarões, tudo o que se ouvia era apenas o silencio. Acabou. Aiko pensou enquanto via seu irmão caminhar até ele com passos mancos e a pelagem do focinho branco manchado de vermelho.

—Aaron, por fav-

—Vamos embora.

Ele mal teve tempo de falar para ver o grande animal ir em direção ao rio.

—Espere!

—Já disse para irmos embora.

—Mas ela está machucada!

Os olhos dourados e furiosos se voltaram novamente para trás vendo algo que não tinha notado antes, uma garota, os longos cabelos escuros largado sobre o chão empapados com o próprio sangue que escorria de uma ferida aberta em seu corpo, o cheiro dela era doce, agradável e suave, bem diferente do homem de agora pouco que ainda impregnava sua boca.

—Não vou falar duas vezes.

—Mas...

—Vamos Aiko!