Prológo

42 1 0
                                    

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.


O Coliseu estava vivo.

Uma audiência de quase 80 mil pessoas consumia as arquibancadas ovacionando. Pedaços de comida voavam, bandeiras e estandartes oscilavam com pichações e braços erguiam-se aos montes, balançando freneticamente no ar. O ambiente suspirava uma cacofonia desvairada e constante formada dos gritos do público.

Mas a arena tinha sua própria voz – o ruído de ferro contra ferro. O chão de madeira coberto com terra batida ressoava com as passadas pesadas dos dois oponentes, que dançavam mortalmente com suas lâminas reluzindo no ar. Monolitos de pedra e pedaços de colunas partidas surgiam aqui e ali decorando o cenário destruído. O caminho dos fachos de luz que jorravam do dia ensolarado era delineado pela poeira levantada do combate.

A mulher tinha como capacete um crânio alongado e bestial de onde despontavam galhos secos para trás como diversos chifres. Uma tinta escura escorria pelo seu pescoço contrastando com tatuagens que luziam em um azul profundo por todo o corpo. Usava uma roupa de peles amarrada por tiras de couro e argolas de metal com couraças de ossos subindo pelos braços. Ela portava uma lança dourada que descrevia arcos assobiantes em cada manobra de ataque. Girou nos calcanhares rodando a arma em um breve respiro antes de golpear em uma estocada precisa.

O Arqueiro afastou-se com a mordida do aço; seu sangue respigou de um corte superficial no rosto. A espada curta que carregava brilhou no ar quando foi arrancada de sua mão. Ele tinha cabelos longos e escuros e olhos puxados como os nativos na borda do mundo. Usava uma armadura lamelar rubra por cima de uma vestimenta negra e um capacete ornado por chifres de cervo. Conforme se movimentava deixava marcas vermelhas que pavimentavam um breve caminho antes de desvanecerem. Desarmado, ele defendeu uma pancada com seu arco de prata, cedendo por pouco ao impacto e recuando antes que a lança decepasse-lhe um braço. Sabia que tinha poucas chances num combate direto.

Faíscas surgiam a cada contato, criando pequenos clarões que logo provocaram incêndios nas estruturas de madeira abandonadas no estádio. A mulher soltou um rugido animalesco antes de investir e o Arqueiro meditou se aquele comportamento instintivo e violento a caracterizavam como um Berserker. Saltou desviando do golpe, mas ela continuou o movimento lhe entregando um chute nas costelas com um giro. A multidão urrou conforme o servo era arremessado contra a parede do outro lado da arena.

A gladiatrix espaçou as pernas nodosas, fazendo a cota de malha que lhe caia como uma saia da cintura tilintar. Seu rosto abriu-se num sorriso animalesco quando jogou a lança contra a poeira que se intensificava ­— o impacto criou uma rachadura que subiu pela arquibancada fazendo a multidão se dispersar. A cerca de madeira ornada por chifres de elefantes jazia em pedaços e um grande buraco vazio estava aberto no mármore da parede de onde despontava a lança dourada. Um grupo de senadores sentados naquela primeira fileira se debruçou procurando o Arqueiro que havia desaparecido.

A guerreira meneou a cabeça, o crânio avolumando-se como um capacete desproporcional. Sentiu um tremor involuntário e apertouo punho da arma, lançando-se ao chão. A multidão percebeu um raio de luzcruzando a arena e uma flecha sibilou em sua retaguarda atingindo-a no ombro.     

Fate/ColosseoWhere stories live. Discover now