Uma Caminhada Para a Maratona

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sexta-feira, 8 de julho de 2016 -- 00:04


Coisas pequenas são assustadoras; miúdas ações perturbadoras. Objetos tão finos e minúsculos como uma agulha podem ser tão destrutivos como uma marreta feita para derrubar concreto. A respiração vai e deve provocar um tornado.


Os pequenos sinais estão por toda parte, por todo pedaço de realidade e tempo, flutuando como pequenas gotas prestes a formarem chuva. E é isso o que esses sinais são: gotículas que se acumulam e criam tempestades. É a famosa teoria do caos, ou popularmente chamada de efeito borboleta. Um bater de asas de uma borboleta pode provocar um tufão noutro lado do mundo. E eu não descordo, pois a minha vida e, provavelmente, a sua, também, são formadas por limitados acontecimentos que hoje culminaram em coisas maiores. Mesmo o seu nascimento começou como algo insignificante, sem o menor indicativo do quão enorme ele poderia passar a ser, hoje. Anos atrás, os seus pais sequer se conheciam e mal imaginavam que se encontrariam e conceberiam você. Começou com um encontro, depois uma pequena semente fora plantada — e você começara a crescer. Hoje, você é alguém capaz de perceber o mundo, observar, opinar, ter pensamentos próprios, julgamentos próprios. É muito mais do que o nada que você era antes de seus pais se conhecerem ou mesmo existirem.


Você já teve a sensação de fazer algo no passado, a princípio inútil, e vê-lo criar proporções que chegaram a influenciar a sua vida de uma maneira ridiculamente fundamentar? Acredite, este é o ponto principal em que se concentra o roteiro do universo. Fazer coisas pequenas e esquecíveis se transformarem em acontecimentos imprevisíveis e extraordinários.


O que torna tudo tão engraçado é a nossa capacidade de subestimar esse acontecimento natural de uma existência. Achar que, devido a sua extensão reduzida, é insignificante. É como jogar um cigarro semiapagado num matagal e esperar que nada aconteça, até, horas depois, você assistir o noticiário e ver que criara um incêndio de escala regional, o qual eliminara espécies de plantas importantes e mesmo animais. Além de um prejuízo quase irrecuperável para a flora local. E tudo começou com o desejo de fumar.


O maior equívoco, também, é achar que, graças ao nome teoria do caos, as mudanças drásticas desenrolem apenas em desgraças. O quão isto está errado é deprimente. A vida, em seu esplendor, é harmônica. Há crueldade demais, mas ela jaz sobre uma balança etérea, pois há demasiada bondade também. Não a do ser humano, afinal somos inegavelmente cruéis, o que é a programação básica do topo da cadeia alimentar, mas a da natureza, a da vida, a do universo, a do acaso, a dos acontecimentos. Eles não possuem um medidor, eles apenas acontecem. E se apenas acontecem, coisas boas, à percepção do ser humano, acontecerão. Negar é pessimismo.


Este texto é a prova. Não para você ou para alguém que conheça, porque, improvavelmente, isso lhe mudará algo ou afetará outrem a longo prazo. Não, isto não é importante a esse ponto; mas para mim talvez seja, no futuro.


Você, com o julgamento inapropriado que coisas extraordinárias precisam acontecer para gerarem mais coisas extraordinárias, está cego. Elas não acontecem. E mesmo se acontecessem, não seriam grandes como você pensa. Todo o universo é composto por pequenas coisas; coisas tão invisíveis, tão aparentemente inexistentes, que beira o irrealismo. E, olha, ele é a maior coisa que você conhecerá.

As Piadas de BazilioOnde as histórias ganham vida. Descobre agora