Apenas mais um dia

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Quando cheguei em casa no dia seguinte eu não encontrei Jack, a casa estava completamente vazia. Parecia que fazia séculos que não tinha pisado o pé aqui. Teria que falar com Bob, eu não poderia ir trabalhar mais. Sentia que precisava fazer algo de produtivo. Seria ruim para Bob, mas não sei se poderia permanecer la por muito tempo. O ano estava quase terminando, estávamos em pleno outubro e sentia que não tinha feito nada em minha vida, estava totalmente estagnada. Tomei um bom banho e fui para o Bob. Quando cheguei Eli já estava a todo vapor e Bob não estava a vista.

- Bom dia! - Eli me encarou e tinha os olhos marejados. - O que houve? 

- O Bob...ele está no hospital. - o coração acelerou freneticamente.

- O que aconteceu?

- Ataque cardíaco. - ela fungou. A abracei a consolando. - era de se esperar já que ela não estava tão bem.

- Onde está Kátia?

- Na cozinha...ela disse que precisava cozinhar para se distrair. 

- Quem está no hospital com Bob?

- Ele não pode receber visitas devido a cirurgia de emergência. Artérias entupidas...- era a pior noticia em tempos da minha vida. Bob era como um avô querido para mim.

- Não se preocupe, conhecemos tudo isso aqui como a palma da nossa mão, podemos tocar até ele melhorar. Ele vai ficar bem.

- Eu sei que vai - ela sorriu fracamente. Entrei na cozinha onde Kátia estava concentrada no fogão.

- Sinto muito! Ele vai ficar bem - Kátia olhou para mim e sorriu. De verdade um sorriso genuíno.

- Eu sei que vai. Não vai ser um ataque que vai derrubar meu Bob. Ele é como um rinoceronte. - Sorri.

- É sim. De bochechas rosas, mas é. Para o que precisar estamos aqui certo? - ela assentiu. Me disponibilizei para todas as tarefas, mas Kátia insistiu em nos largar  cedo. 

Com suas palavras ela não queria nos escravizar por causa da situação de Bob. Ela iria para o hospital esperar o filho que estava voltando para casa da cidade grande. Se bem me lembro Bob e o filho não se falavam, e isso era um progresso de uma forma horrível. Infelizmente teria que adiar resolver a minha vida em algumas áreas.

 A semana passou e mesmo que e Eli estivessem dando conta de todo o trabalho, Kátia resolveu nos dispensar. Ela parecia culpada por está nos colocando nessa situação.

- Estamos velhos, esse bar já deu o que deveria dar e ver meu Bob naquela cama de hospital só me fez perceber, que passamos a vida trabalhando e não aproveitamos nada - suspirou. - Vou colocar o bar a venda e com o dinheiro, pretendo viajar por esse mundão com meu Bob. Ele merece.

- Sim ele merece - disse Eli com a voz  de choro.

- Querida não se preocupe que não vamos te deixar com as mãos vazias. Já temos um novo emprego para você, é uma amigo nosso, lá no centro você vai gostar - os olhos de Eli brilharam com a consideração de Kátia.

- Obrigada! - não conseguiu esconder o entusiasmo, segurando a mão de Kátia com carinho.

- Você é uma boa menina, merece. - Kátia sorria para Eli com realmente fosse sua filha. - Estou torcendo por vocês, para que se encontrem e fiquem bem - Kátia nos abraçou fungando, era uma despedida. Não uma despedida para sempre, mas daquela fase de nossas vidas e eu podia sentir todo o carinho dela.

Eli havia feito as pases com Paulo e Jack passou a semana me evitando. Não sentia que ele estava errado em relação a não me querer por perto, depois de tudo que o fiz passar, ma uma hora ou outra teríamos que conversar. Os últimos dias tinham sido esclarecedores, e tinha a plena consciência de que não mudaria de uma hora para outra, mas estava verdadeiramente tentando  e eu só queria que ele soubesse.

Uma Garota nada Perfeita -  O RecomeçoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora