Princípio
Não entendo de fonema
De morfemas
De palavras
De poemas
Mas entendo de ti
Entendo de nós
Entendo do teu corpo sobre o meu
Do mágico entrelaçamento que se deu
Entendo da minha mão preguiçosa a percorrer
Todo seu corpo sem medo de se perder
Entendo do teu beijo afobado, de teu pelo arrepiado
Entendo eu em ti e tu em mim
Sem começo, meio, fim
Nossa poesia é esse silêncio ruidoso
Da batida de nossos corações
Da aspereza de nossas respirações
Do teu olhar no meu olhar
De se entregar sem pensar
E os fonemas e morfemas
São esquecidos sem problema
E dessa falta de palavras
É feito nosso poema
Término
E desmoronou, e tudo ruiu
Os acertos foram esquecidos
Os erros jogados na face, sem dó
E o sentimento amargo que ficou, manchou e integrou-se a mim
E esse necessário já não é bem-vindo
E o mal se faz presente
Vai abrindo com as sujas unhas retorcidas
A ferida no coração
Ele entra com força
e se instala
Pega um pedaço pequeno no começo
E aos poucos se espalha
E aquele coração puro
Infantil e cheio de amor
Agora é essa carcaça
Pútrida, disforme e cheia de dor
Ciclo
Amor me preenche
Sinto vida novamente
Respiro sem preocupação
Gargalho na escuridão
Pelo menos agora
Tudo está bem
Deito na cama
Lembrando de alguém
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Dicotomia Romântica
PoetryPoesias que tratam de nossos sentimentos, bons e ruins, virtudes e defeitos, que falam de nós e dos outros, que falam de você e eu.