Capítulo 5

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        _ Samantha? Você tem que, se manter acordada. Não pode fechar os olhos.

Encaro meu irmão, que está com o rosto contorcido. O desespero deixa sua voz falha.

_ Col, onde está minha bombinha? _ Minha voz saiu, muito baixa e rasante. Machucando minha garganta dolorida. _ Acho que vou ter uma crise.

Lágrimas transbordam dos olhos dele, me fazendo me sentir mal. Não queria que chorasse, todos sabiam que meu pulmão era ruim. Levantou os olhos, parecendo tentar conter uma dor, que não entendi. Desde que acordei, me sentindo molhada e com frio, como nos pesadelos que tinha. Fiquei feliz que ele, estivesse ali. Mas era melhor que não ficasse. Quando o papai e a mamãe, viessem me tirar de perto dos meus avós e Kaio, tudo ficava pior. Não queria que ele sofresse.

_ Vá embora, Col. _ Tentei gritar. _ Não quero você aqui.

Disse as mesmas palavras, que ele dizia quando entrava em seu quarto. Sempre dava certo, eu saia porque era menina e ele não gostava, de meninas choronas e bobas em seu quarto.

Uma tosse me fez contorcer. Meu corpo teve um espasmo e senti um líquido quente, subir minha garganta. Me virei de lado. O líquido espirrou. Cole, arquejou. Sua mão se apertou ainda mais em minha barriga. Seus olhos pareciam meio loucos, e tentei dar risada. Ele era o irmão mais velho, e sempre pensava saber mais sobre tudo do que eu. Não era verdade claro eu ajudei vovô, a colocar Believe nesse mundo. Coisa de pessoas maduras, sei que posso cuidar de tudo sozinha.

Tentei rolar, olhar em volta. O braço de Cole me manteve no chão. Acho que ele queria, me manter na poça. Queria xingá-lo, mas sua expressão estava tão triste que, tentei ficar quieta. Seus lábios se moviam, uma oração baixa se sobressaindo ao barulho do meu coração. O barulho chiado, de um telefone, me incomodava em algum lugar. Meu foco não se mantinha, meus dentes batiam. Estava tão frio. Tentei dizer isso a ele, para me ajudar a levantar dali. Mas apenas um engasgar, saiu da minha garganta, mais líquido saindo dos meus lábios trêmulos.

_ O que está, acontecendo? _ Perguntei por fim, em um fio de voz.

Ele tirou a mão, da minha barriga parando de me apertar no chão. Seus olhos estavam inchados uma dor profunda, fazendo ele parecer mais velho do que seus quase dezenove anos.

_ Não fala, tá bom? Eles estam vindo ajudar.

Tentei entender do que ele falava, buscando em minha memória alguma coisa que explicasse, o que estava acontecendo. Eu não conseguia, encontrar a voz para perguntar, meus pulmões pareciam cheios de areia. Era difícil fazer o ar sair, ouvi um barulho estranho. O ribombar em meus ouvidos, alcançou níveis insuportáveis. Então percebi alguém, jogado perto do meu corpo.

Um grito de terror, tentou abrir caminho pelo meu peito. Senti que os tremores se tornaram incontroláveis. Cole dizia alguma coisa, mas sua voz parecia distante. Meu cérebro me dizia para acordar, mas essa única tarefa parecia impossível.

Fechei os olhos com força, pressionando as pálpebras, juntas tentando me despertar daquele, pesadelo horrível e assustador. Uma vertigem fez meu corpo ficar leve, meus olhos parecia não querer voltar a abrir, e em choque senti meu corpo ser balançado de um lado a outro.

Eu queria pedir que me deixasse em paz, que parasse de fazer minha barriga doer com aquelas fincadas que cortavam meu corpo, me tirando o prazer da bendita inconsciência. Não consegui falar. Meus olhos não queria se abrir. Quem dera eu, tivesse os mantido fechados desde o início.

Agora a única coisa que podia ver, marcada em meu ser eram os olhos, desesperados e cheios de dor de Cole, parecendo uma benção comparados, aos olhos vítreos e sem vida cor chocolate, que pareciam me encarar, jogados ali no chão, virados para mim, parecendo ter me olhado até o último segundo. Os olhos de, Kaio. Meu grande, amor.

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