Capítulo 3

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  Por alguma razão, que não entendo entro pela porta de trás tentando não, fazer barulho. Quando percebo o absurdo da situação, tenho que morder o lábio para segurar um palavrão. Uma noite na casa, dos meus pais e já estou agindo feito uma adolescente, cheia de hormônios e segredos. Preciso ir pra casa.

Enquanto termino de entrar, repasso mentalmente os casos mais importantes para serem resolvidos essa semana. Tenho orgulho em trabalhar em uma empresa tão prestigiada como a de Jonas. Sou um de seus, "braços direitos". Desde meu estágio inicial, onde confesso que tive a vantagem do sobrenome como alavanca, fiz o impossível para provar que não precisava mais disso para continuar.

Assisti aos advogados mais antigos, em suas defesas. Observando sua forma de ação e estratégias. 

Com pouco tempo, acompanhei alguns casos e vi aos poucos como minha opnião era valorizada. Depois de um tempo, passei a ler documentos de suma importância dando dicas e vendo formas de negociar, coisas aparentemente inegociáveis.

Chamei a atenção de Jonas, com pouco menos de dois anos de estágio. Depois disso me tornei, efetiva, ganhando respeito e prestígio. Agora, defendo grande parte dos casos mais importantes. Mas busco sempre optar pelos conjugais. São complicados e pouco, valorizados. O que é uma pena.

_ Pensei que tinha ido embora.

A voz da minha mãe me tirou dos devaneios. Me virando a observo, na entrada da sala de música onde aparentemente já estava, quando passei

 _ Mãe eu vim com, Cole. Meu carro está na capital. Como supôs, que eu teria ido?

Suas sobrancelhas se arquearam. Seu rosto demonstra um outro nível de desdém. Fechando a porta com um clique, ela caminha em minha direção pelo corredor. Segura meu rosto, entre as mãos.

_ Amor, sabemos que o fato de estar sem seu carro, não a manteria aqui se não quisesse. _ Seus olhos esquadrinharam, meu rosto pensativa. _ Tem mais de mim, em você do que o cabelo. _ Seu tom resignado, me deixa um pouco apreensiva

Coloco minha mão sobre a sua.

_ Mas eu vim para passar, o final de semana com você e Papai, não foi? _ Esfrego os polegares, sobre sua mão fria. _ Mãe, minha decisão de me mudar para Espírito Santo, não foi para atingi-la de forma alguma. Na verdade eu esperava que se orgulhasse, assim como Papai e Vovô.

Ela assentiu de leve. Seu lábio inferior tremendo. Por um segundo penso, que o tão esperado "ataque" vai vir. Então ela fecha os olhos, quando os abre novamente são poças rasas e límpidas.

_ Eu estou orgulhosa de você,querida. Sinto tanto por não ter demonstrado. _ Ela clareia a garganta. _ Mas não é esse o futuro, que eu queria para você. É só isso.

Eu começo a interromper, antes que ela encosta sua testa na minha, suas mãos fazendo um pequeno sinal para que eu pare.

_ Eu queria facilitar as coisas para vocês. Queria que tivessem o mundo aos seus pés, não importando como. Precisei de mais de uma conversa com seu pai, não foi fácil, para mim de nenhuma forma, mas compreendi. _ Ela sorriu com lágrimas, brilhando nos olhos. _ Vocês estão, conquistando o mundo. Estão o colocando aos seus pés. É muito mais do que eu poderia imaginar. Eu me orgulho de vocês. Meus bebês, cresceram.

Ao final de seu discurso, uma bola de golfe havia criado raízes em minha garganta. Eu não tinha o que, ou como dizer nada. Nesse momento percebi o quanto queria o tempo todo a aceitação da minha mãe. Em fim, tudo pareceu .... Completo.

Uma risada borbulhou, crescendo em meu peito. Oh Meu Deus. Tive vontade de gritar, chorar e rir. Contive tudo isso apenas me agarrando, a minha mãe. Me enrolei a sua volta, apertando meu rosto em seu pescoço.

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