—Eu posso ver minha filha? —perguntei para a enfermeira, que fazia um curativo na minha testa devido aos socos que Vicenzo desferiu contra mim.

Kalahari fitou-me sem reacção. Ela assim como todos os outros estava arrasada, Giordana havia nos deixando de uma forma egoísta e dolorosa ao extremo.

—Claro Senhor. —disse a enfermeira. —O senhor quer que eu o acompanhe? A mulher simplesmente olhou-me como se fosse atirar-se contra mim a qualquer segundo.

—Não! —Kalahari empurou a mulher, olhando-a com ódio. —Eu sei o caminho e eu mesma levarei o meu marido até a nossa filha.

A enfermeira arregalou os olhos, fitou o chão e sorriu envergonhada. Será que ela não percebera que eu acabava de perder minha irmã? Algumas pessoas tinham problemas em ter vergonha na cara e isso era lamentável.

—Agora saia. —O tom que Kalahari usara, não deixava espaço para recusas ou questionamento.

A mulher vestida de braco — a pior cor que eu já vira na vida, retirou-se do quarto as pressas e ousar sem olhar para trás. Assim como eu, Kalahari tinha um pequeno curativo na testa devido a pancada, ela parecia cansada e preocupada e eu sabia que era comigo — na verdade eu não sabia como eu estava, doía — era como se me faltasse ar, entretanto tudo que eu conseguia fazer era pensar em mil formas de matar Alexandre.

—Vamos?

—Como você está? —indaguei.

—Preocupada com você e arrasada. —murmurou.

—Como ela pôde? —minha voz estava fraca, eu sabia disso e não me importava. —Como ela pode largar-me assim? Ela não pensou em como nós ficariamos? Isso é tão injusto.

—Vamos ver nossa filha. —disse Kalahari, com um brilho diferente nos olhos.

—Mariah. —disse-lhe. —Ela se chamará Mariah.

Kalahari abraçou-me depositando um beijo no meu peitoral e soluçou baixinho. Não demorou para que a minha camisa ficasse molhada e eu sabia que era pelas lágrimas, estava doendo nela também e eu não sabia como reagir a àquilo —mesmo que eu quizesse dizer-lhe que tudo ficaria bem, eu não tinha tanta certeza, pois eu vingaria a morte da minha irmã e com certeza o rastro de sangue notaria-se até do satélite espacial. Puxei-a ainda mais para mim, Kalahari fungou soluçando em seguida. Beijei o topo da sua cabeça, descansando minha bochecha ai enquanto eu estava sentado na cama do hospital e ela em pé. Continuamos abraçados por longos minutos até que ela se acalmasse.

Não fora difícil de encontrar o berçário, afinal de alguma forma, Kalahari parecia conhecer aquele hospital melhor que eu, sendo que era a primeira vez que estava nele, —eu vi o mapa do Casulo uma vez no seu tablet e aproveitei dar uma olhada no mapa hospital também. Foi apenas isso que ela disse, mas o que não saiu-me da cabeça, foi o motivo dela ter mexido nas minhas coisas e como raios ela consegiu encontrar e abrir o tablet.

Kalahari não tinha juízo e muito menos receio em mexer no que era meu, — uma das desvantagens do casamento.

—Ainda bem que vocês chegaram. —disse a mulher que eu acreditei ser a Pediatra. —A nossa menina...

—A minha Mariah. —cortou-a Kalahari.

A médica engoliu em seco e sorriu de leve em constrangimento. Kalahari estava diferente.

—A pequena Mariah é uma bebé saudável, apesar de ser prematura. —Comunicou, olhando para a prancheta em sua mão. —Seus quilos são excelentes para uma pequena guerreira e já providenciou-se a alimentação dela.

O Filho do Barão [COMPLETO]Where stories live. Discover now