Capítulo 39 - Paris 1940

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            Ficamos eu e meu irmão sem nada, apenas com a roupa do corpo, ainda bem que estávamos fora de casa e com nossos documentos, poderíamos estar mortos agora. Nos acomodamos na casa de alguns parentes.

            No dia seguinte que conseguimos abrigo meu irmão chegou transtornado em casa, e ele estava pior do que no dia que perdemos nossos pais, entrou sem falar com ninguém e chorou durante a noite toda, eu ainda tentei conversar com ele, mas fui ofendida, chamada de nazista e até mesmo culpada de tudo o que estava acontecendo, de que eu certamente que sabia o que ia acontecer e não avisei ninguém, foi terrível ouvir aquilo tudo. Só tempos depois é que fiquei sabendo que o amigo dele havia morrido em um bombardeio.

            Quando o exército alemão marchou pela Champs Élysees eu caí na asneira de dizer que iria ver, foi o fim do mundo, nós brigamos feio nos ofendemos ele me chamou novamente de nazista traidora, eu explodi e o chamei de covarde que tantos estavam morrendo em defesa de nossa pátria e ele apenas preocupado com as obras de arte e com o amigo que eu achava que era mais que só amigo, ele me agarrou violentamente, fui jogada contra a parede e só não fui agredida mais por ele ter sido contido foi a última vez que eu vi o meu irmão.

            Eu sei que tive minha parcela de culpa, sei que não deveria ter falado nada, mas no meu íntimo e muito mais dominada por um estado de não raciocínio eu imaginei que poderia ver Jürgen marchando, sei que seria a pior coisa do mundo, mas naquela minha loucura momentânea por conta da saudades, falta de notícias e todo estresse eu imaginei que o veria.

            Com a tomada da França pelas tropas nazistas surgiu a França de Vichy, foi um governo nominal chefiado pelo Marechal Pétain que em 22 de junho assinou uma armísticio com a Alemanha em que a França concordava em pagar uma vultuosa cifra...

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            Com a tomada da França pelas tropas nazistas surgiu a França de Vichy, foi um governo nominal chefiado pelo Marechal Pétain que em 22 de junho assinou uma armísticio com a Alemanha em que a França concordava em pagar uma vultuosa cifra em ouro e assumir outros compromissos de interesse da Alemanha, com a mudança da capital  Paris deixou de ser uma cidade vanguardista da cultura europeia. Todos os meios de comunicação passaram a ser rigorosamente controlados.

            Os parentes com quem eu estava abrigada acabaram mudando-se para Vichy que era a chamada zona livre e a França de Vichy tornou-se um governo autoritário onde muitas políticas liberais foram canceladas e teve início um rígido controle da economia. Ficando todos os sindicatos sob um ferrenho controle do governo. E acima de tudo a independência da mulher foi revertida.

              E foi vivenciando esses meses de caos que eu tomei a decisão de tentar voltar à Alemanha por meios não legais, eu não tinha mais nada, eu não tinha mais ninguém eu não via mais nenhum sentido em minha vida, juntei o que havia sido deixado para trás e resolvi fazer a travessia para a Alemanha, mas precisei continuar por alguns meses até colocar em prática minha empreitada pois eu sabia que não sucumbiria ao frio, consegui um emprego na cozinha de um restaurante utilizado por alemães, era praticamente um trabalho escravo, mas eu precisava de dinheiro eu precisava juntar alguma coisa para poder realizar o sonho de reencontrar meu marido.

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