Capítulo 6 - Encantamento

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            Assim que abri a porta eu o vi diante dela, estava diferente de todas as outras vezes que eu já o vira. Não era apenas a sua vestimenta, eu ainda não o tinha visto de uniforme, mas também havia algo diferente em suas feições, seu cabelo, boca algo estava completamente diferente e me fazia ficar presa ao que eu não sabia o que era.

            Fiquei parada diante da porta olhando-o, não sei se estava de boca aberta, não sei se eu respirava naquele momento.

            - Olá fräulein Vingnon.

            Somente após ouvir sua voz e sentir o toque de sua mão na minha e ao mesmo tempo que percebi um tremor percorrer meu corpo é que eu saí daquele momento de encantamento e dei-me conta do que o que eu via diferente nele e que me sugava para si com tal intensidade era o seu olhar altivo.

            - Olá Jürgen, você quer entrar.

           - Prefiro deixar para uma outra oportunidade, não quero me atrasar.

           Ao falar sua feição mudou, já era o Jürgen que eu conhecia, um sorriso maroto surgiu em seu rosto, me dei conta que estava convidando um homem para entrar em casa e num momento em que eu estava sozinha, não tinha razão para eu ter pensado o que pensei ao interpretar as suas palavras - "... outra oportunidade..." - naquela fração em que senti meu corpo arrepiar e imaginei-me sozinha com ele e pendurando-me em seu pescoço.

          - Vamos então, mas estou adequadamente vestida? 

          - Sim, você está sim. Eu preciso estar com o uniforme e você estará lá apenas para ver e saber mais sobre nós, não pensei em você participando das atividades.

           Ele ofereceu-me seu braço o que de imediato envolvi com o meu, fechei a porta e descemos, na calçada seu carro estava parado ele abriu a porta e esperou-me entrar para fechar a porta e dar a volta para tomar seu lugar ao volante, logo estávamos chegando a uma espécie de acampamento pra onde muitos e muitos jovens dirigiam-se todos uniformizados com camisas no mesmo tom da dele, gravatas pretas com alguns usando calças curtas com meias quase ao joelho e outros como Jürgem de calça preta.

            Assim que o carro parou eu esperei que ele abrisse a porta para mim o que ele fez, mas agora diferentemente de quando pegou-me em casa ele não me ofereceu seu braço, levou foi suas mãos às suas costas e começou a caminhar olhando para frente acompanhei-o ao lado e ao olhar para seu rosto lá estava a mesma feição que vi ao abrir a porta mais cedo.

          Caminhamos até uma instalação que parecia ser um ginásio, ele era cumprimentado a todo momento e todos estavam sorrindo e demonstrando orgulho por estarem ali eu poderia, até mesmo dizer, que poderia sentir aquele ambiente como o de uma grande confraternização.

           Com a nossa chegada os grupos que estavam formados e espalhados pelo amplo espaço começaram a tomar o rumo do ginásio. Fui apresentada a outros dois que pareciam ter a mesma idade de Jürgen e a duas jovens, também uniformizadas e que pareciam ser as lideres do grupo feminino e que de imediato olharam-me de cima abaixo.

            - Fräulein Vingnon é uma admiradora de nossa cultura e arte, atualmente está estudando na mesma universidade que eu e por conta de seu real interesse eu a convidei para passar esse dia conosco.

            Os rapazes foram cordiais ao cumprimentarem-me, o que não posso dizer delas.

            - Seja bem-vinda fräulein.

            Eu agradeci os cumprimentos e procurando mostrar um alemão impecável sem a menor pronuncia dirigi-me a elas elogiando seus uniformes e dizendo que eu esperava que fosse um dia muito prazeroso e que me trouxesse um grande aprendizado.

Paris 1940Onde as histórias ganham vida. Descobre agora