Assim que abri a porta eu o vi diante dela, estava diferente de todas as outras vezes que eu já o vira. Não era apenas a sua vestimenta, eu ainda não o tinha visto de uniforme, mas também havia algo diferente em suas feições, seu cabelo, boca algo estava completamente diferente e me fazia ficar presa ao que eu não sabia o que era.
Fiquei parada diante da porta olhando-o, não sei se estava de boca aberta, não sei se eu respirava naquele momento.
- Olá fräulein Vingnon.
Somente após ouvir sua voz e sentir o toque de sua mão na minha e ao mesmo tempo que percebi um tremor percorrer meu corpo é que eu saí daquele momento de encantamento e dei-me conta do que o que eu via diferente nele e que me sugava para si com tal intensidade era o seu olhar altivo.
- Olá Jürgen, você quer entrar.
- Prefiro deixar para uma outra oportunidade, não quero me atrasar.
Ao falar sua feição mudou, já era o Jürgen que eu conhecia, um sorriso maroto surgiu em seu rosto, me dei conta que estava convidando um homem para entrar em casa e num momento em que eu estava sozinha, não tinha razão para eu ter pensado o que pensei ao interpretar as suas palavras - "... outra oportunidade..." - naquela fração em que senti meu corpo arrepiar e imaginei-me sozinha com ele e pendurando-me em seu pescoço.
- Vamos então, mas estou adequadamente vestida?
- Sim, você está sim. Eu preciso estar com o uniforme e você estará lá apenas para ver e saber mais sobre nós, não pensei em você participando das atividades.
Ele ofereceu-me seu braço o que de imediato envolvi com o meu, fechei a porta e descemos, na calçada seu carro estava parado ele abriu a porta e esperou-me entrar para fechar a porta e dar a volta para tomar seu lugar ao volante, logo estávamos chegando a uma espécie de acampamento pra onde muitos e muitos jovens dirigiam-se todos uniformizados com camisas no mesmo tom da dele, gravatas pretas com alguns usando calças curtas com meias quase ao joelho e outros como Jürgem de calça preta.
Assim que o carro parou eu esperei que ele abrisse a porta para mim o que ele fez, mas agora diferentemente de quando pegou-me em casa ele não me ofereceu seu braço, levou foi suas mãos às suas costas e começou a caminhar olhando para frente acompanhei-o ao lado e ao olhar para seu rosto lá estava a mesma feição que vi ao abrir a porta mais cedo.
Caminhamos até uma instalação que parecia ser um ginásio, ele era cumprimentado a todo momento e todos estavam sorrindo e demonstrando orgulho por estarem ali eu poderia, até mesmo dizer, que poderia sentir aquele ambiente como o de uma grande confraternização.
Com a nossa chegada os grupos que estavam formados e espalhados pelo amplo espaço começaram a tomar o rumo do ginásio. Fui apresentada a outros dois que pareciam ter a mesma idade de Jürgen e a duas jovens, também uniformizadas e que pareciam ser as lideres do grupo feminino e que de imediato olharam-me de cima abaixo.
- Fräulein Vingnon é uma admiradora de nossa cultura e arte, atualmente está estudando na mesma universidade que eu e por conta de seu real interesse eu a convidei para passar esse dia conosco.
Os rapazes foram cordiais ao cumprimentarem-me, o que não posso dizer delas.
- Seja bem-vinda fräulein.
Eu agradeci os cumprimentos e procurando mostrar um alemão impecável sem a menor pronuncia dirigi-me a elas elogiando seus uniformes e dizendo que eu esperava que fosse um dia muito prazeroso e que me trouxesse um grande aprendizado.
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Paris 1940
Historical FictionHenriette Vingnon von Hoffman é uma jovem e bela francesa de 26 anos casada há três anos com Jürgen Klaus von Hoffman, um promissor oficial do exército alemão. Jean François Vingnon é seu irmão e mais novo, um apreciador das artes que passa a maio...