um, prólogo.

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MOSCOU, Rússia — 10 de julho de 2018

— Obrigado, mesmo.
— Não mete essa, princesa do tio! Não conta pra minha mãe, por favor. – Gabriel praticamente suplicou.
— É claro, não vou contar, que você me esqueceu no aeroporto. Na Rússia, Gabriel.
— Se eu te pagar um café, você releva?

Virei o rosto para frente, encarando uma cafeteria delicada que havia ali mesmo, no aeroporto de Moscou. Os donuts em sua vitrine pareciam deliciosos.

— Eu vou comer tanto, que o seu salário irá ficar aqui. E você nem se quer vai dizer um “A”, Jesus. – O ameacei e ele ergueu as mãos em rendição, mas logo me entreguei à rir.

Nos sentamos nas mesas ao lado de fora do pequeno lugar logo após fazer nossos pedidos.

Eu pretendia sair por aí, conhecer a cidade, já que eu ainda não tinha nem um lugar para ficar.

Era imprescindível que os familiares não permanecessem com os jogadores durante a concentração dos jogos, regras da própria Fifa.

— Reservei um hotel pra você, não é tanto, mas é próximo ao nosso hotel e parece tão bom quanto. – Gabriel comentou.
— Não estava em meus planos te fazer gastar com a minha estadia.
— Me desculpe senhora super modelo recém contratada pela nike. – Ele brincou com uma grande, super hiper, mega conquista recente em minha vida.

Eu finalmente estava no mercado mundial da moda. Aos 21 anos, isso pode parecer tarde demais, mas era o tempo certo para mim.

— Idiota. – Disse rindo e em seguida encarei a garçonete que vinha entregar nosso pedido. – Obrigada! – Agradeci em inglês, que era o máximo que eu havia aprendido por enquanto.

As aulas de espanhol estão quase lá.

— Como têm estado este coração nos últimos tempos? Faz tempo que não nos falamos. – Ele perguntou tentando não dar nomes ao motivo do seu questionamento. Como se precisasse.
— Não é como se desse para superar Philippe Coutinho da noite pro dia. Aliás, só faz 1 ano. Mas estou tentando!
— Como sabe que eu estava falando sobre ele? – questionou.
— Você é meu tio, Gabriel. Você me conhece, assim como eu te conheço. E sei que está preocupado com a minha vinda pra a copa, e com o quanto eu possa estar vulnerável à ele, mas eu estou bem, sério.
— Não vai atrás dele? – Neguei. – Nunca mais?
— Não foi isso que eu disse, garoto. – Disse de imediato, o fazendo rir, enquanto negava com a cabeça. – Tudo vai fluir, como deve fluir!

Tínhamos um oceano entre nós, ao mesmo tempo que tínhamos um oceano de emoções dentro de nós mesmos.

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ocean - p. coutinho (reescrevendo) Where stories live. Discover now