Capítulo 7

26 6 0
                                    

O homem nos levou até uma casa simples e uma mulher nos atendeu. Depois que contamos a história a eles dois, ela decidiu nos receber por essa noite. A mulher se chamava Lúcia, ela tinha um filho e era viúva, ela era amigável e nos recebeu de braços abertos. Ela fez uma sopa para nós, que estava ótima, mas Pérola não gostou, pois ela preferia algas.
Lúcia nos mostrou onde dormir, como sua casa tinha apenas um quarto, que ela dividia com o filho, decidimos dormir na pequena sala. Eu e Pérola no sofá e Uriel no chão. Coitado.
-- Vocês estão confortáveis? -- Lúcia chegou na sala, fazendo uma reverência, ele havia nos emprestado algumas roupas leves para dormir.
-- Estamos ótimos, não precisa fazer reverência, Lúcia. -- Disse, olhando pra ela com um sorriso no rosto. -- E obrigada pelas roupas.

Bateram na porta e todos nós entramos em pânico, a porta se abriu e um garoto entrou, era o mesmo garoto que gritou antes.

-- O que eles estão fazendo aqui? -- Ele perguntou com um olhar de fúria. -- Mãe, eles não são bem vindos aqui!

-- Filho, mais respeito! -- A mulher pediu, com autoridade na voz.

-- Eles vão passar a noite aqui? -- Ele fez a pergunta com uma repugnância na voz, apontando para dentro da casa. -- Mãe, eu não quero eles aqui.

-- Filho, ela é nossa princesa e eu sou sua mãe, eu quero mais respeito. -- Ela deu a bronca no menino. -- Não passei minha vida toda te ajudando, lhe criando com amor para você ter esse tipo de educação. -- O garoto não disse mais nada, apenas entrou e foi para onde Lúcia disse que era o quarto. Depois tudo ficou calmo.

Depois de muito tempo todos dormiram e eu continuei acordada, pois estava sem sono e muito preocupada com meus pais, será que eles estão bem?
Decidi me levantar, devagar para não acordar Pérola, que dormia feito uma pedra. Caminhei na ponta dos pés até a portinha que dava para a parte de trás da casa, abri calmamente e sai. Sentei em uma pedra que estava perto da casa e fiquei olhando para o céu, que estava muito estrelado. Meus pensamentos se voltaram para o Joe, aquela pele macia, aquele rosto perfeito, aqueles dentes afiados que eu tanto adoro. Se eu não conseguir a magia de volta, nunca mais terei Joe comigo, ele será apenas uma memória.
-- Está sem sono? -- A voz do garoto me assustou, fazendo eu voltar ao mundo real. -- Posso me sentar? -- Ele estava diferente do garoto que eu vi umas horas atrás.
-- Sim, estou preocupada, pode se sentar e você está sem sono? -- Dei um sorriso amigável e ele retribuiu.

-- Sim, estou em uma fase de insônia, não consigo dormir.

-- Como é mesmo seu nome?
-- Nicolas, minha mãe me deu esse nome graças a um anjo que me salvou de uns ladrões. -- Ele dizia, olhando fixamente para uma pedrinha. -- É verdade que aqueles dois lá dentro são um anjo e uma sereia?
-- Sim e eles dois são incríveis. -- Realmente aquele casal era incrível, eles faziam uma bela dupla.

-- Eu… Eu queria pedir desculpas. -- Ele gaguejou. -- Eu fui muito grosso com vocês.

-- Tudo bem, eu entendo, todos estamos passando por momentos difíceis. -- Ele ficou calado por um tempo, depois falou:
-- Como é morar no castelo? -- Ele perguntou, tirando os cabelos escuros bagunçados dos olhos.
-- É muito bom, lá é grande, tem uma biblioteca enorme. Eu amo ler. As comidas são maravilhosas. -- Vi que a expressão do menino havia mudado. Droga, falei demais. -- Então... O que você mais gosta de fazer por aqui?
-- Caçar os Seres da Floresta. -- Ele disse, mostrando um sorriso fraco.
-- Quais?
-- As fadas era mais fáceis de ser encontradas, mas agora elas cresceram e são pessoas normais como a gente, sem asas, sem poder, sem magia.
-- Como é não ter magia? -- Perguntei.
-- Agora você está passando por essa experiência, responde você mesma! -- Uma voz respondeu atrás de mim, quando olhei pra trás era a mesma mulher que tirou nossa magia. Não consegui correr, pois ela me acertou em cheio com sua magia negra. Depois ela atingiu Nicolas, tentei pedir ajuda, mas minha voz não saia. -- Minha querida, ninguém vai te ouvir. -- Ela me pegou pelo pescoço e me jogou do outro lado da cerca. Que dor!
Ela se aproximou novamente, tentei me defender, mas era inútil. Ela me levantou no ar, sem triscar um dedo em mim e me deixou cair novamente no chão. -- Não vou te matar agora, você vai ao meu encontro e nós duas vamos lutar. Vai ser um dos maiores prazeres matar você e seus amiguinhos. -- Eu realmente sou muito idiota, como eu fui deixar a adaga dentro da casa? Depois de uma risada estrondosa, ela sumiu e minha voz voltou.
-- Socorro! -- Eu estava com a perna machucada e um corte no braço e outro menor no rosto, que bruxa desgraçada. -- Pérola, Uriel! -- Nicolas veio até mim e me ajudou a levantar, depois a porta se abriu e Pérola veio correndo até mim, me ajudando a levantar.
-- O que aconteceu? -- Lúcia e Uriel também apareceram, ela puxou Nicolas para o seu lado.
-- Aquela bruxa veio até mim. Ela me atacou e disse que vai estar à minha espera.

-- Essa bruxa está pedindo para levar uns tabefes, quando eu colocar minhas mãos nela… Nem sei o que sou capaz de fazer. -- Pérola disse com raiva, me ajudando a entrar na casa. Minha perna doía demais e meu rosto estava sangrando um pouco.

Senti uma forte dor de cabeça e assim eu apaguei, com o impacto, acho que cai no chão.

Sob A CoroaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora