Capítulo 3

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Começamos a caminhar e durante o caminho percorrido, percebi o tamanho do amor de Pérola e Uriel, eles realmente se amavam independente de sua espécie e os dois são  ótimas pessoas. Conversamos sobre nós, cada um falou de si, eles contaram as dificuldades que eles passaram até agora, também que eles se conhecem desde pequenos.
Depois de quase uma hora de caminhada chegamos na floresta, a partir de agora é só floresta, independentemente de onde formos. Leporem era cercada por uma floresta. Eu já estava exausta, assim como Pérola e Uriel, isso não era para mim.
-- Não é normal dos anjos cansarem, nem soarem, eu nunca canso, isso é estranho. -- Ele disse, rindo.
-- É estranho andar, isso sim. -- Pérola disse, fazendo uma careta. -- Estou morta.
--  É por aqui, estamos quase chegando. -- Bati nas plantas em minha frente, puxei o vestido que estava ficando preso nos galhos mais baixos e fui conduzindo os dois atrás de mim. Até eu pisar em um espinho. -- Aí! Como dói!
-- Calma. -- Uriel disse, se agachando. -- Não é venenoso. -- Meus olhos se arregalaram, e se fosse venenoso? -- Quer o meu tênis? -- Ele perguntou.
-- Tênis?
-- Sim, aceita?
-- Tá bom. -- Acabei colocando o tênis dele, que ficou um pouco grande, mas deu pra usar.

-- Já estou acostumado a andar descalço por aí, meu pai que me obrigou a usar tênis. Odeio tênis! -- Rimos juntos, várias gargalhadas.
Depois de mais um tempo de caminhada chegamos a um pequeno vilarejo, o lar dos Seres da Escuridão. Haviam casas feitas de palha, era um cenário totalmente deserto, todas as casas estavam fechadas, o vento fazia com que a poeira se espalhasse e acabei tossindo.
-- Sabíamos que viriam, então nos escondemos. Os três podem ser perigosos. -- Escutei uma voz de longe, mas não tinha ninguém. -- Estou aqui. -- Acabei me assustando com a mulher que saiu do escuro. Era uma bruxa, ela parecia ser mais nova do que eu, usava um vestido cor de vinho com um decote chamativo e um cabelo liso com várias  tranças, a aparência de uma bruxa.
-- Queremos saber se pode nos ajudar, não oferecemos perigo. -- Ela deu um passo à frente e eu um passo para trás, estava apavorada. -- Queremos saber quem era aquela bruxa que acabou com a nossa magia.
-- Aquela mulher é uma das bruxas mais poderosas que existem, desde séculos ninguém jamais ousou enfrentá-la, ele é muito perigosa.
-- Como podemos encontrá-la? -- Uriel deu um passo à frente, mostrando coragem.
-- Não meu jovem, ela encontra vocês. -- A bruxa deu um sorriso malicioso. -- Vão embora! -- Ela se virou e começou a andar.
-- Como é o nome dela? -- Pérola se manifestou e a bruxa parou.
-- Já dei informações demais, o que eu ganho ajudando vocês? -- Ela se virou, cruzou os braços e uma de suas sobrancelhas se ergueu, ela era muito bonita.
-- O que você quiser. -- Disse, espero que ela não peça algo difícil.
-- Quero que parem de nos culpar por tudo que acontece, quero que não nos julguem só por quem somos, quero que não nos joguem de imediato em uma fogueira. -- Ela parecia zangada. -- As bruxas são vistas como uma aberração, sem direito a viver na sociedade. Sempre, sempre nos escondendo.
-- Você terá isso. Agora nos diga tudo que sabe.
-- Querem um pouco de chá? -- Ela deu outro sorrisinho de lado e em seguida virou de costas e começou a caminhar até uma casa velha. Entramos atrás dela e nos surpreendemos com a beleza interna da casa, ela era incrível, toda decorada por dentro, totalmente diferente do lado de fora.
-- Podemos confiar em você? -- Perguntei, esperando a resposta específica.
-- Talvez, mas se quiserem ir embora, a porta está aberta. -- Ela disse com mais um sorriso e uma voz debochada.
-- Pare de gracinhas, por favor. -- Uriel disse, cruzando os braços. -- Diga logo o que queremos saber.
-- O passarinho está um pouco zangado? -- Ela riu de novo. -- Talvez porque o passarinho não é mais um passarinho. -- Ela não ligou para a fúria de Uriel e andou até uma mesa, puxou uma cadeira e se sentou. -- Posso saber o que você faz com uma sereia?
-- Não é da sua conta, faça logo seus truques. -- Ela se remexeu na cadeira e fechou os olhos.
-- Seu nome é Margaret, ela é uma Bruxa Negra, uma criatura das trevas. Ela era amiga de sua mãe, princesa Melanie. -- Amiga da minha mãe? -- Elas eram amigas na infância, até que as duas cresceram, então elas foram separadas e deixaram de ser amigas, pois sua mãe era cruel com ela, a maltratava de formas inimagináveis. -- Minha mãe fez essas coisas? Não é possível. -- Margaret pode ser encontrada nas montanhas do sul, onde o tempo não passa. Lembrem- se, ela está em busca de vingança, ela vai matar qualquer um que entrar em seu caminho. Não é uma boa ideia ir lá. -- A bruxa abriu os olhos e nos encarou com um olhar macabro. -- Vão embora! -- Ela gritou, o que fez nossos ouvidos doer.
E nós corremos rapidamente para fora da casa, quando me virei, a casa da bruxa não estava mais lá, Pérola e Uriel também estavam assustados.
-- Ótimo agora sabemos onde encontrá-la. Vamos ou não? -- Pérola perguntou, levando as mãos a cintura e deixando de procurar a casa.
-- Vamos, se ela tentar nos matar, vai ter que lutar primeiro. -- Uma coragem surgiu em mim e não foi embora, comecei a andar e o casal me seguiu, tentei andar rápido, mas não dava, pois o vestido acabava ficando preso em algumas plantas grandes e acabava rasgando.
-- Melanie! -- Era a voz da bruxa, nós três nos viramos e a vimos, ela estava com uma aparência mais calma, ela era um pouco louca, ela nos observou e estalou os dedos. -- Boa sorte! -- Quando vi estava com uma blusa vermelha fechada de mangas curtas e uma calça jeans, com um sapato mais confortável, Uriel tinha seu sapato de volta, o vestido de Pérola também havia sumido e em seu lugar surgiram uma calça jeans e uma blusa roxa de mangas um pouco maiores. Senti algo no meu bolso traseiro, peguei pela ponta e segurei firme, era uma adaga. Eu estava pronta, nós estávamos prontos para enfrentar aquela bruxa.

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