Foi numa sexta-feira. Embora chovesse, quase todos da casa saíram. John, que tinha algumas resenhas para desenvolver, preferiu ficar em casa para acabar logo o que começara. A casa estava vazia e silenciosa. Os quatro ou cinco que não saíram aquela noite já estavam acomodados em seus aposentos. Os ponteiros do relógio marcavam uma e vinte da manhã.
O colega de quarto de John dormia. John, sem sono, não querendo incomodá-lo, apagou a luz do abajur que iluminava seus cadernos e saiu do quarto silenciosamente. Devagar, desceu as escadas acompanhado do barulho cadenciado da chuva. Foi até a cozinha e tomou um copo de água. Ligou, em seguida, a TV da sala e se deitou no sofá. Sintonizou o canal de filmes e teve a sorte de encontrar um que acabava de começar.
John abaixou o volume do televisor e apurou os ouvidos para melhor ouvir. Atento, logo ouviu o estalar do interruptor do corredor sendo aceso, clareando palidamente a passagem. Em seguida, a curtos e lentos passos, surge, diante de John, a figura de Andrew.
Um susto e logo um frio atravessou o tronco de John, que tentou conter seu espanto ao ver Andrew à sua frente. E ao perceber que era John quem estava ali, Andrew também se assustou.
— Ah! É você que está aí... — Andrew parou e pensou se ia ou se voltava. — Eu volto depois.
— Eu não sou o Cérberus da casa — disse John, sem tirar os olhos da TV.
Ao ouvir tais palavras, Andrew foi até a geladeira, abriu a porta, pegou uma garrafa de refrigerante e tomou um longo gole no gargalo. Guardou a garrafa novamente e, voltando à sala, disse:
— Mas é até bom que esteja aí. Queria mesmo conversar contigo. Dá pra ser?
— Conversar comigo? Que outros absurdos você ainda tem pra me dizer?
— Para com isso, John, eu tô falando sério. Senta aí, vai.
Sem muito questionar, mesmo indisposto a conversar, John, que estava deitado, se sentou para que Andrew também pudesse se sentar, ao seu lado. Ambos não se olharam, apenas observaram a TV, como dois estranhos numa sala de espera. Tomando a palavra, Andrew diz:
— Acho que te devo desculpas.
Andrew tinha a voz serena, quase murmurada, talvez até triste. John, em resposta, assente:
— Também acho.
— Eu te disse muita coisa absurda naquela hora da raiva, mas você sabe que tudo aquilo foi da boca pra fora.
Ainda com o coração rígido, John confirmou com a cabeça.
— Tudo bem, tá desculpado.
Silêncio.
— Só isso?
— E o que mais você quer?
— Quero você de volta, poxa!
— Andrew, você tem noção da gravidade das coisas que me falou na última vez em que conversamos?
— Tenho, por isso vim aqui, sem defesa nenhuma, totalmente desarmado te pedir desculpas. Eu não devia ter dito aquilo, reconheço, mas nós vamos ficar nisso até quando?
— Andrew, você não entende?
— Não!
— Nossa amizade acabou, as coisas mudaram, esqueceu?!
— Shh! Fala baixo! — censurou Andrew.
John suspirou. Fez-se mais silêncio. Recostado ao sofá, em voz baixa, Andrew prosseguiu após tomar um longo fôlego:
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Entre o Amor e o Fogo (romance gay)
Romance::: LIVRO COMPLETO! ::: Conheça a história de John, um jovem que se muda de cidade para realizar o sonho de estudar Jornalismo em uma instituição renomada. Em seu novo lar, o alojamento da universidade, conhece Andrew, seu mais novo companheiro de q...