Capítulo 13

3.8K 377 211
                                    

"Duas semanas longe, parece que o mundo inteiro deveria ter mudado

Mas estou em casa agora e as coisas ainda parecem as mesmas"

(Dido – Sand in my Shoes)


Uma sensação nostálgica invadiu o coração de John quando este se viu novamente em Taigo. Sentira falta daquela grande cidade, mesmo tendo estado ausente por tão pouco tempo. Ali era sua nova casa, e era o sentimento de estar de volta que o deixava contente de uma forma estranhamente boa.

Pegaram as malas no carro e trilharam o caminho para Beta 2. O alojamento já estava movimentado, cheio de estudantes voltando de suas viagens de férias. Muitos sorrisos e tapas cordiais nas costas. Os que se enturmaram mais pareciam mais satisfeitos com o reencontro com os vizinhos, mas, mesmo os que se enturmaram menos — John — se mostraram contentes com o retorno.

Andrew permaneceu na sala da casa conversando com os vizinhos. John, que estava cansado e cheio de vontade de se deitar em sua cama, subiu e foi para o quarto. Entrou e soltou um longo suspiro. Ligou a TV para quebrar o silêncio do cômodo solitário, colocou sua mala no chão e se deitou na cama feita.

— Ahhh, que saudades — disse em voz alta em meio a um bocejo.

Fechou os olhos e sorriu, feliz por estar de volta. A primeira coisa que veio à cabeça foi Sean. A segunda, vinda por assimilação, foi Steven, o que fez um frio percorrer a barriga de John. No dia seguinte o veria. Ou não. Embora há muitos dias não se vissem, John não estava morrendo de saudades; sentia apenas saudades.

— Mas que bobeira pensar nisso agora, tsc.

John se levantou num impulso só. Foi até o banheiro, lavou as mãos e o rosto, então começou a desfazer sua pequena mala.

Enquanto isso, Andrew voltou. Entrou no quarto e bagunçou os cabelos de John, que estava agachando guardando suas coisas na gaveta.

— É, os dias de cão acabaram.

— Que dias de cão? Estávamos de férias.

Andrew foi até o banheiro lavar as mãos.

— Os seus dias de cão, joe. Não vai dormir mais de conchinha comigo.

— Vou dormir de conchinha com a solidão. E não estou me sentindo mal por isso.

— Você nunca se sente mal por nada, isso não é novidade.

— Nós não vamos discutir isso novamente, vamos?

— Não, tô falando só pra te encher o saco.

John se levantou e Andrew saiu do banheiro, deitando-se em sua cama com os braços cruzados. Ficou em silêncio por alguns segundos, até que disse em tom analítico:

— Se bem que, se eu chegar um pouco pra cá, ainda te cabe aqui.

— Nossa, eu não sabia que eu era um cobertor de pescoço tão bom assim.

— Você é uma delícia.

— Sei... Chega pra lá.

Andrew se afastou alguns centímetros e abriu espaço para que John coubesse ao seu lado. Assim feito, John tirou seus sapatos e se deitou ao lado de Andrew, que passou seu braço sob a cabeça de John. John se ajeito e entrelaçou seus dedos aos dedos da mão de Andrew. Assim permaneceram, em silêncio, durante algum tempo, assistindo à televisão.

Entre o Amor e o Fogo (romance gay)Onde as histórias ganham vida. Descobre agora