Capítulo 14 (parte 3)

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O coração estava disparado. Batia tão forte que doía. As mãos começaram a suar, a boca secou num segundo e o silêncio parecia piorar ainda mais a situação. John cruzou as mãos para trás e escorou seu corpo na parede, enquanto Steven permaneceu a um passo de distância com os braços cruzados. Desta vez, diferente das demais vezes, não tinha um olhar tão ameaçador ou pretensioso.

— Eu li a sua matéria hoje. Você é bom, tem futuro.

— Obrigado.

Steven meneou a cabeça e, observando desinteressadamente os livros nas prateleiras, caminhando, prosseguiu:

— O Andrew ia puxar muito seu saco por causa disso, mas ele comentou que não ia falar nada por enquanto porque você estava triste — Steven se virou para John. — Eu tenho alguma coisa a ver com isso?

— Tem, tem sim. Você é o motivo de eu ter vivido os dias mais desgraçados da minha vida e, olha, eu já estava até me esquecendo, daí vem você me atormentar novamente e...

— Santo Deus, você tá histérico hoje, hein?! — exclamou Steven com tom de voz irritado. — Eu só quero conversar, porra, já falei!

— Como se "conversar" fosse muito do seu feitio, né? Aliás, muito me admira você estar demonstrando preocupação comigo agora, afinal, pelo pouco que eu te conheço e pelo que você mesmo já insinuou, a única hora em que eu significo alguma coisa é quando seu pau duro está dentro de mim.

Visivelmente irritado, agora com seus olhos brilhantes de mistério e ameaça, Steven se aproximou um passo e disse entre dentes, controlando a raiva:

— John, cale a boca, ok? Para de falar e me escuta. Eu vou ser breve, então fique quietinho e só fale o necessário.

Intimidado e agora um tanto assustado, John encostou ainda mais seu corpo à parede e apenas respondeu:

— Tá — sem querer demonstrar seu pavor e sua intimidação.

Steven recuou novamente. Suspirou fundo, fechou os olhos, abriu-os novamente e disse com voz um pouco mais branda:

— Eu vim aqui me desculpar pelo que eu disse. Naquele dia aconteceu merda atrás de merda, eu estava sem um pingo de humor pra qualquer coisa, você chegou me enchendo o saco, como sempre, e eu acabei dizendo aquilo, mas desconsidere, por favor. Eu não quis te magoar, me desculpe.

Apesar de aquilo estar vindo de quem vinha, John sentiu sinceridade nas palavras. Era uma enorme surpresa, claro, mas dizer que era ruim seria mentira.

— Tá bem, desculpas aceitas.

Steven meneou a cabeça afirmativamente e voltou a olhar as prateleiras para desviar o olhar. John permaneceu parado no mesmo lugar, rezando para que aquela situação acabasse e Steven fosse logo embora.

— Tem mais uma coisa.

O coração pulsou forte mais uma vez. Outro frio percorreu a espinha e a respiração começou a se tornar ofegante. Steven se virou para John pela segunda vez e o encarou.

— Você me disse uma coisa que me deixou... intrigado.

— O quê?

— Você disse que "blá blá blá" para se apaixonar por mim. Você é apaixonado por mim, John? — perguntou Steven com um sorriso curioso esboçado nos lábios.

John não respondeu de imediato. Não pensara que Steven fosse dar atenção àquele detalhe tão reles da discussão. Não sabia também qual era a intenção de tal pergunta, então tentou, inutilmente, evadir.

— Não quero falar sobre isso.

Transformando o esboço num sorriso vitorioso e malicioso, Steven se aproximou lentamente. Logo ele e John estavam cara a cara. Sem aviso, Steven pressionou seu corpo contra o de John e repousou seus lábios em seu pescoço, beijando-o suavemente.

Entre o Amor e o Fogo (romance gay)Where stories live. Discover now