The One I Need - Livro 2. Duologia The 2 Of Us.

Capítulo 15

Ainda tinha a sensação do toque dos lábios macios de Daniel quando saí para almoçar mais cedo, privada de sua companhia por uma reunião importante que tinha para se preparar e que, em suas palavras, seria suficientemente complicada só pelos convocados a participar. Suspirei após a última garfada da torta que me dava o luxo de comer em plena segunda-feira, feliz demais para me importar com calorias ou descontos em exercícios; plena e satisfeita com o homem que me dava orgasmos intensos e um calor delicioso no coração.

Não tinha porque me demorar fora, afinal, Carlton e eu planejávamos adiantar os serviços já que o final do mês se aproximava e seria muito menos trabalhoso lidar somente com auditorias e finalizações. Sem falar que, mesmo com o meu mundo pintado de azul, ficar sozinha diante tantas coisas e pensamentos não era tão divertido, eu preferia estar perto de Daniel de qualquer modo, mesmo que como funcionária e durante o expediente. Era impressionante vê-lo trabalhar, tanto pela postura íntegra quanto pela valoração que merecia com a dedicação que tinha pelo que fazia. Daniel era um homem inteligente e, na nossa área, um gênio que poderia me ensinar muito, querendo ou não.

Logo que entrei na recepção, Tania me recebeu com certa agonia enquanto ajustava documentos em duas pastas diferentes, ainda conseguindo transmitir paz de um jeito que eu jamais conseguiria. Ela parou na minha frente, no meio do ambiente, como se estivesse esquecido da minha presença enquanto fechava os arquivos organizados.

— Você precisa de ajuda com alguma coisa? – Perguntei num tom divertido, em prontidão para auxiliá-la com o que fosse.

Tania ajustou a armação grossa dos óculos em seu rosto e me estendeu uma das pastas demonstrando a impassividade de sempre, sem ter um fio fora do coque lateral perfeito ou qualquer outro sinal de desordem. Suspirei enquanto pegava a papelada e ela arqueou as sobrancelhas, como quem dizia "É, boa sorte!".

— Bem. – Tania fez uma longa pausa, respirando devagar antes de prosseguir.– Estranhamente, você foi convocada em cima da hora para a reunião organizada pelo senhor Fountain com os associados para discutir atualizações importantes a respeito de um sócio fantasma. E Carlton conseguiu se infiltrar entre o pessoal convidado para ajudá-la com o que seja, já que ninguém faz ideia do motivo de você ter sido chamada. – Tania ruborizou e mordeu o lábio inferior, parecendo sem graça. – Digo, não pelo cargo, mas pela falta de lógica nessa organização e...

Ergui as mãos, despreocupada com sua tensão, abrindo a pasta para folhear o material da reunião.

— Tudo bem, eu entendi. – Não vi nada demais na pauta enquanto verificava rapidamente, então voltei-me à recepcionista.– Realmente não faz sentido isso. Digo, Carlton não foi chamado? – Ela negou com veemência.– Mas ele conseguiu um "convite"?– Dessa vez, Tania afirmou rapidamente. Dei de ombros sem me ligar de verdade à situação. – Tudo bem, no momento certo saberemos do que se trata.

Carlton irrompeu de seu escritório demonstrando sua pressa habitual enquanto ajustava o paletó com habilidade, já pegando a segunda pasta que Tania estendia em sua direção. Ele arqueou as sobrancelhas enquanto folheava os documentos e falava comigo, deixando-me inquieta com seu ritmo diante minha calmaria que já se dissipava.

– Você sabe sobre o que tudo isso se trata? Digo, pensei que eu fosse o gerente, mas você é quem está entre os convidados de destaque... – Ele me observou por um breve milésimo de segundo. – E Bruce também.

Dessa vez me surpreendi, tomando nota de que a situação tornava-se cada vez mais estranha.

– Pode ser que queiram tratar sobre a parceria entre as firmas de transportes e... – Perdi rapidamente a linha de raciocínio, sem encontrar uma explicação lógica. Suspirei enquanto desistia de criar teorias. – Não sei, estou tão perdida quanto você. Eu soube há três minutos sobre me solicitarem na reunião. – Carlton meneou a cabeça lentamente, ficando estranhamente quieto. Somente quando ele estava procurando respostas que entrava no estado em que raramente se encontrava. Chequei meu relógio de pulso. – Acho bom nos adiantarmos, faltam cinco minutos para as duas e eu não quero ficar ainda mais confusa do que já estou, pegando qualquer assunto pela metade.