The One I Need - Livro 2. Duologia The 2 Of Us.

Prólogo

Um beijo leve em minha nuca me provocou arrepios, eriçando meus pelos. Resmunguei, ajeitando-me novamente para retomar o sono.
— Não, nada disso! Os cinco minutos já passaram há mais de dez e estamos atrasados por sua causa. – Carlton disse alto com a clara intenção de me irritar, mesmo soando divertido.

Puxei as cobertas sob minha cabeça, aquecendo meu corpo até uma ventania louca espalhar o frio. Puta merda, resmunguei baixo ao notar que ele puxara o pano macio e quentinho. Levantei o rosto, com os cabelos totalmente desgrenhados e encarei a figura ao meu lado, com as mãos nos quadris e uma expressão séria. O cabelo, sempre bem penteado, nem estava arrumando ainda e ele não usava o paletó, apenas a camisa social azul escura e calça.
— Termine de se arrumar e depois me chame. – Me deitei novamente na cama e fechei os olhos. Subitamente, suas mãos fortes me ergueram em seu colo, fazendo-me gritar, para em seguida me colocar de pé no chão.

— Só se eu fosse louco. Vá se arrumar, senhorita Colbert, que hoje temos uma agenda muito importante a cumprir.

— Você é um mala! – Antes que pudesse me virar, Carlton me puxou, colando seu corpo firme no meu. Sorri e me afastei, então ele segurou meu rosto e me beijou.

Seus lábios mornos acariciaram os meus rapidamente, estalando alto e conseguindo provocar cócegas.
— Não reclame e nem nos atrase.

Marchei até o banheiro, um pouco agitada, e internamente lamentei aquela intimidade, como em todas as outras vezes, sentindo uma pontada de arrependimento. Fazia, mais ou menos, oito meses desde que partimos de Roilsville e começamos a reerguer a credibilidade da filial em Soulburn, e três meses que Carlton e eu nos metemos num grande exemplo de "chove e não molha". Todo esse tempo afastada de meus amigos mais próximos e meu irmão, que inaugurou um escritório de sua empresa em Roilsville graças aos negócios prósperos. Todo esse tempo sem ter notícias de Daniel.

No final das contas, para mim foi muito mais fácil fazer as malas e tentar esquecer tudo que havia acontecido, deixar a poeira baixar e, então seguir em frente. Ou melhor, fingir seguir, porque metade de quem eu era voltava a sustentar uma máscara diante as pessoas, exibindo uma segurança que fora esquecida nos braços do único homem que amei. Vivi o ano que seguira andando um passo para frente a cada dia, e dois para trás quando memórias me assolavam, enquanto ninguém fazia ideia do que acontecia abaixo da superfície de um sorriso de "satisfação".

Eu escolhi me afastar de todas as formas, fazendo com que todos os meus arrependimentos parecessem atitudes hipócritas, o que realmente eram. Eu não queria que nada daquilo tivesse acontecido, não queria que houvesse as opções que me levaram às decisões que tomei, mas acontecera e, simplesmente não podia mudar. De alguma forma, usar Carlton para aquecer, mesmo que minimamente, meu coração não era certo, só não pesava mais porque ele fazia o mesmo comigo.

Tomei um banho rápido, tanto pela água estar fria como o dia, quanto pelo meu "terrível" atraso, segundo Carlton, e me arrumei com pressa, querendo tempo para tomar café da manhã ainda no apartamento em que estávamos hospedados. Na verdade, eram dois apartamentos, só que compartilhavam uma cozinha super equipada e uma sala de jantar luxuosa. Não era como se fôssemos obrigados a nos ver, mas estávamos bem acostumados um com a presença do outro, então não fazia muita diferença.

Alisei a saia lápis verificando a blusa azul de seda enquanto calçava os Scarpins ao mesmo tempo. Droga de homem adiantado! Sempre discutíamos sobre essa necessidade de Carlton estar em determinado local meia hora antes do previsto, era irritante. Eu ainda aceitava essa chateação por ser econômico para nós dois, que ao invés de utilizar o veículo particular, recebíamos o serviço da filial com o motorista à nossa disposição. Nem tentei uma maquiagem mais elaborada, fiz apenas o básico do básico, deixando como melhor toque o batom rosa claro.