Incheon - Sábado

20.7K 1.8K 8K
                                    

Jungkook descia sem nenhuma pressa pelas escadas de emergência, pois se negara a chegar ao térreo mais rápido. O relógio de pulseira de couro marrom escuro apontava para exatos 6h18. Taehyung falou para ele estar pronto às 6h, mas Jungkook quis ser rebelde.

Tudo bem que parte dessa rebeldia não era proposital, uma vez que dormira super mal, já que o sono lhe foi furtado pelos pensamentos intrusos relacionados à todos os apertões que sentiu na sua coxa na noite anterior. Taehyung era uma incógnita que não se encaixava em nenhuma das suas conexões neurais de conceitos e significados que existia no cérebro de Jungkook. Era falso, era atrevido e era manipulador. Todas as qualidades mais indignas do ser humano.

Avistou uma Parati envelhecida com a pintura vermelha desgastada, parada do outro lado da rua. Jungkook sempre atravessou aquela rua em qualquer ponto — afinal morava naquele endereço desde o momento que tomou consciência de sua própria existência — mas estava totalmente sem ânimo para essa viagem, então caminhou lentamente até a faixa de pedestres. Mais uma olhadela no carro habitado por Taehyung — que fumava com o braço adornado de tinta colorida para fora do vidro do motorista — e pensou porque raios, o ruivo oxigenado só usava (ou pegava emprestado) essas latas velhas! Primeiro fora uma caminhonete acabada, agora essa Parati.

Carregava uma mala um tanto pesada para a ocasião, uma vez que sempre fora demasiadamente vaidoso. Por mais que fosse apenas um fim de semana, sentia que não poderia viver sem os diversos cremes para o dia, a tarde e à noite; além dos pequenos aparelhos portáteis de musculação (que incluíam duas caneleiras de 4kg cada, dois pesinhos de 5kg cada, uma corda de pular e uma super borboleta adutora). Sua imagem era algo que ele prezava muito.

Atravessou a rua calmamente e logo alcançou o carro velho — já que em sua concepção carro antigo só poderia ser designado para os carros bem conservados, diferente daquele — sentiu uma alegria invadir o peito quando viu a tia velha sentada ao lado de Taehyung. Pelo menos ele conseguira escapar do infortúnio que seria viajar ao lado do irmão da namorada.

Vestia uma regata tão preta quanto a sua calça, que dessa vez era levemente mais larga. Nos pés as clássicas yellow boots. Já Taehyung estava vestindo apenas uma bermuda jeans e All Star vermelho, deixando toda a sua arte corporal à mostra. Jungkook não conseguiu não reparar no corpo semi malhado dele.

— Vai ficar parado aí? Ou precisa de ajuda para levar sua mudança para o porta malas? — Taehyung disse seco ao flagrá-lo fitando-o.

— Bom dia Taehyung! — disse ríspido, andando até a parte traseira do carro, guardando a mala em seguida.

Entrou no carro e pôde sentir o cheiro forte de tabaco queimado, misturado com o cheiro doce de Dahyun. Sorriu para a garota que vestia um short curtinho rosa e uma camiseta branca soltinha. Ela estava tão radiante que o namorado relevou toda a sua indignação por ir viajar. Beijou a garota de maneira casta e sentou-se ao lado dela.

— Bom dia meu amor!

— Bom dia, linda! Bom dia Senhora Sunhye — disse calmo.

— Bom dia menino! Vamos?

— Bom dia para você também Jungkook. — disse após lançar a bituca do cigarro para longe. Viu pelo retrovisor o moreno apenas revirar os olhos em desagrado, o que lhe deu motivo para um sorriso pequeno.

— Eu te dei bom dia antes, você não ouviu?

Taehyung soltou uma risadinha irônica e deu partida naquela carroça melhorada, em seguida ligou o som. Buscou a rádio que falava sobre o trânsito, queria prevenir congestionamentos. Por mais que as coxas do mais novo fossem maravilhosas, não valia a pena vê-las dentro das calças no interior do carro.

HimOù les histoires vivent. Découvrez maintenant