Depois das três primeiras semanas de ausência de Ly dia, a saúde, o bom humor e a alegria recomeçaram a aparecer em Longbourn. Tudo tomou um aspecto mais agradável. As famílias que tinham ido passar o inverno em Londres começaram a regressar. Reiniciaram -se os divertimentos de verão. Mrs. Bennet voltou à sua volubilidade habitual e no meio de junho, Kitty havia melhorado tanto que já lhe era possível entrar em Mery ton sem chorar, acontecimento tão promissor que deu a Elizabeth a esperança de que no próximo Natal ela tivesse juízo suficiente para não mencionar o nome de um oficial mais de uma vez por dia, a não ser que, por uma ordem maliciosa e cruel do Departamento de Guerra, outro regimento viesse acampar em Mery ton.
A data fixada para a sua viagem pelo Norte estava se aproximando rapidamente. Faltavam apenas 15 dias quando chegou uma carta de Mrs. Gardiner, que ao mesmo tempo adiava a partida e abreviava a duração do passeio. Os negócios impediam Mr. Gardiner de sair de Londres até 15 dias depois da data marcada. E ele era obrigado a regressar dentro de um mês. Esse período era curto demais para que fossem muito longe e vissem tudo o que tinham planejado. Pelo menos impedia que visitassem tudo com o vagar e o conforto que haviam ideado. Portanto eram obrigados a desistir de vez dos lagos. Era preciso fazer um circuito mais reduzido. De acordo com o novo plano, não iriam além do Derby shire.
Naquele condado havia muita coisa a ver e isto dava para encher as três semanas que tinham . E para Mrs. Gardiner esse plano possuía um encanto particular. Julgava a cidade onde passara alguns anos da sua vida tão digna de atenção quanto a célebre região dos lagos.
Elizabeth ficou extremamente desapontada. Tinha um grande desejo de ver os lagos e continuava a pensar que havia tempo suficiente.
Mas Elizabeth era resignada e certamente tinha bom gênio. Em breve essa decepção tinha passado.
Muitas ideias estavam associadas a esse condado do Derby shire.
Era impossível ler a palavra sem pensar em Pemberley e no seu proprietário. Mas certamente, pensou, poderei penetrar naquela região sem que ele me veja. O período de expectativa fora agora duplicado. Ela teria de esperar quatro semanas até a chegada de seus tios. Mas estas semanas passaram, e Mr. e Mrs. Gardiner apareceram finalmente em Longbourn, acompanhados dos quatro filhos. As crianças, duas meninas de seis e oito anos de idade e dois meninos menores, seriam entregues aos cuidados da prima Jane, que era a grande favorita. O seu bom senso, a doçura de seu gênio, pareciam destiná-la à missão de cuidar das crianças.
Os Gardiner ficaram apenas uma noite em Longbourn, e partiram na manhã seguinte com Elizabeth, em busca de aventuras. Um prazer pelo menos era certo: o de ter bons companheiros de viagem, com saúde, bom gênio para suportar pequenos contratempos, bom humor para realçar todos os prazeres, afeição e inteligência capazes de sugerir novas distrações, caso lhes adviessem decepções no caminho.
Não temos a intenção de fazer a descrição do Derby shire, nem dos vários lugares notáveis por que passaram no caminho. Oxford, Blenheim, Warwick, Kenilworth, Birmingham, etc. são suficientemente conhecidos. Uma pequena parte do Derby shire é o que nos interessa. Eles se dirigiram para a pequena cidade de Lambton, onde Mrs. Gardiner residira. Recentemente descobrira que ainda se encontravam lá alguns dos seus velhos conhecidos. E aí Elizabeth soube da sua tia que Pemberley ficava situada a cinco milhas de Lambton. Pemberley não ficava na estrada direta que deviam tomar, mas a uma ou duas milhas dessa estrada. Na véspera, ao conversarem sobre o itinerário, Mrs. Gardiner tornou a manifestar o desejo de rever a propriedade. Mr. Gardiner concordou e perguntaram a Elizabeth se aprovava a ideia.
— Meu bem, você gostaria de ver esse lugar de que tanto já ouviu falar? — perguntou sua tia. — Um lugar onde muitos conhecidos seus já moraram? Wickham passou lá toda a sua mocidade, como você sabe.
Elizabeth ficou embaraçada. Compreendia que não tinha nenhum interesse em ver Pemberley e foi obrigada a manifestar a pouca disposição que sentia. Declarou que estava cansada de ver grandes casas.
Depois de percorrer tantas, não encontrava mais nenhum prazer em belos tapetes ou cortinas de cetim .
Mrs. Gardiner zombou da sua ingenuidade.
— Se Pemberley fosse apenas uma casa ricamente mobiliada — disse —, eu tampouco faria questão de ir. Mas o parque é lindíssimo, e os bosques são dos mais belos do país.
Elizabeth não respondeu, mas no seu espírito não podia concordar. Imediatamente lhe ocorreu a possibilidade de encontrar Mr. Darcy enquanto visitava o lugar. Seria horrível. A simples ideia a fazia corar.
Talvez fosse preferível contar tudo claramente à sua tia, do que correr um tal risco. Mas contra isto havia objeções. E finalmente decidiu que lançaria mão dessa ideia como último recurso, caso as indagações particulares que fizesse lhe revelassem a presença da família em Pemberley .
Por isso, quando foi se deitar à noite, perguntou à criada se Pemberley não era um lugar muito bonito, qual era o nome do proprietário e, com íntimo alarme, se a família não estava lá para passar o verão.
Felizmente, a última pergunta foi respondida de modo negativo. E cessada a causa das suas inquietações, ela sentia agora uma grande curiosidade em ver a casa. E quando o assunto tornou a ser ventilado no dia seguinte, e novamente lhe perguntaram a sua opinião, respondeu prontamente, com ar de indiferença, que não fazia nenhuma objeção ao plano.
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Orgulho e Preconceito
RomanceCOMPLETA Na Inglaterra do final do século XVIII, as possibilidades de ascensão social eram limitadas para uma mulher sem dote. Elizabeth Bennet, de vinte anos, uma das cinco filhas de um espirituoso, mas imprudente senhor, no entanto, é um novo tipo...
QUARENTA E DOIS
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