O Amor Sempre Ajuda A Vencer Obstáculos

Start from the beginning
                                    

Emma, depois de me ver andar pela primeira vez com as próteses, teve que ir trabalhar novamente, mas mesmo ela indo, fiquei feliz que ela tenha me visto dar o primeiro passo depois do acidente. Naquele dia, andei por algumas poucas horas e em seguida fui fazer as sessões de massagem no coto para melhorar a dor que chegava a ser insuportável naquela região. Postei o vídeo andando no meu Instagram e recebi diversas mensagens de pessoas que se emocionaram ao me ver andando. Entre as mensagens me chamaram atenção, algumas que falavam sobre:

"Como é emocionante ver a sua felicidade em voltar a andar, nós nunca sabemos a importância que cada parte do nosso corpo tem, até perder e ter que se readaptar sem ela".

"Eu chorei tanto quando vi a sua felicidade em colocar os pés no chão novamente. É estranho, porque nós nunca entendemos o peso de certas ações até vermos como seria se tudo fosse diferente".

Entre outras mensagens de força e foco. Respondi quem eu pude, mas logo minha caixa de mensagens se encheu e eu não pude continuar, pois eram muitas pessoas. Era legal ver que eles viam a minha motivação como inspiração pessoal para valorizar quem são e como levam suas vidas, afinal... você reclama de não ser alto como queria, porque tem pernas. Você reclama do tamanho dos seus dedos, porque tem dedos, reclama do seu cabelo, por não estar passando por alguma situação em que o visse cair contra a sua vontade e por aí vai.

Nós temos a mania de nos autossabotar, olhar para a nossa imagem e ver algum defeito, mas isso acontece, porque conseguimos enxergar. É, a vida é mais fácil quando não nos vemos dentro de tantos pensamentos e reflexões. Claro que ser uma pessoa com deficiência auditiva, física ou visual não é ser uma pessoa menos importante que qualquer outra, mas o que eu quero dizer é que... você só reclama, porque pode reclamar.

Reclama que andou demais durante um dia, porque pode andar, reclama que a sala de aula está barulhenta, por poder ouvir o barulho e reclama quando alguém veste uma roupa que não achou bonita, porque pode enxergar aquela pessoa e pode falar pra ela que não gostou do que ela está vestindo. Consegue perceber que tudo é uma questão de ponto de vista? Fiz muitos amigos com deficiências físicas no hospital e só pude mudar a minha perspectiva de observação, quando realmente escutei o que eles me diziam quando eles falavam "eu perdi meu braço, mas eu tô vivo". Duas pernas, um braço... nada vale mais do que a nossa vida.

Se você possui uma deficiência auditiva ou visual, por outro lado, pode reclamar de forma contrária a quem não tem ou pode simplesmente se adequar ao seu meio e viver. Fazendo comparação de pessoas com ou sem deficiências, posso dizer que pessoas com algum tipo de limitação reclamam bem menos do que quem não tem nenhum. Estranho né? Olhar a vida de uma forma geral e sair apenas da sua particularidade... é, eu sei, é loucura e se não tivesse acontecido comigo, provavelmente também não perceberia.

– Finn? – minha fisioterapeuta me chama, me tirando de todas as reflexões que fiz, enquanto ela me fazia uma massagem.

– Ah, oi... – ela sorri, percebendo que eu estava refletindo.

– Tá tudo bem? 

– O coto tá doendo bastante ainda. – ela confirma com a cabeça, sorrindo ainda mais.

– Claro que está. – ela fala. – Você e sua sinceridade sem igual. – continua a massagem, enquanto volto a refletir um pouco.

– Vamos, amor? – Aaron pergunta, entrando na sala depois de algum tempo e eu me viro. Ele estava parado na porta e não tinha dito nada. Eu não sabia quanto tempo ele estava ali, mas ele me encarava com um sorriso disfarçado no rosto.

– Vamos.

– Aaron, você pode levar as pernas? É bom que ele treine em casa, com as barras de proteção móveis que levamos pra lá hoje. – minha fisioterapeuta pede, ficando em pé.

Aquele Piloto (Romance Gay)Where stories live. Discover now