ACOTAR: O ACORDO

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Eu precisava mantê-la sã. Dias se passaram desde que Feyre completou sua primeira tarefa com maestria. Amarantha me pedira para acompanha-la nas reuniões de corte, para ficar a seu lado durante todo o tempo. Ela era treinada contra meu tipo – daematis – então eu não conseguia ler seu pensamento, destruí-la assim. Amarantha não era burra, talvez tenha percebido por meio de minha aposta a favor de Feyre que talvez ela significasse algo para mim ou que viesse a significar. Essa pode ser a tática dela para me manter longe.

Quando tudo estava calmo na corte, apareci na cela de Feyre, a escuridão irradiando de mim. Me recostei à porta, sorrindo para ela.

- Que estado deplorável para a campeã de Tamlin – a provoquei. Precisava obter alguma reação dela. Seu corpo e rosto estavam cobertos da lama imunda daquelas trincheiras nojentas, o braço de Feyre tinha sangue seco grudado e feridas mal cicatrizadas. Ninguém dera o mínimo de dignidade para ela que seria, pelo menos, um banho. A oportunidade de ficar limpa.

- Vá para o inferno – ela disparou.

Cheguei mais perto e avaliando a cela, agachei diante dela e farejei, entortando o nariz para o canto que estava cheio de vômito. Feyre ardia em febre. Rocei meus dedos na testa dela, tirando o resto de lama seca que se esfarelou entre seu rosto.

- O que diria Tamlin – murmurei – se soubesse que sua amada estava apodrecendo aqui embaixo, queimando de febre? Não que ele possa vir até aqui, não quando todos os seus movimentos são observados.

- Saia – ela chiou. A voz estava fraca, ela não tinha forças nem para falar.

- Venho oferecer ajuda, e você tem a audácia de me mandar sair?

- Vá embora. – ela repetiu com mais dificuldade.

- Ganhei muito dinheiro por sua causa, sabe. Imaginei que deveria retribuir o favor. – falei em tom debochado, mas ela parecia estar tonta. Recostou a cabeça na parede. Não se aguentava.

- Deixe-me ver seu braço. – ela ficou imóvel. – Deixe-me ver o braço – grunhi e segurei seu braço, forçando-o para a luz fraca da cela.

Examinei o ferimento. Era grave e precisava de atenção, senão poderia infeccionar e ela, na melhor das hipóteses, perderia o braço. Sorri.

- Ah, isso está maravilhosamente repulsivo. – ela xingou e eu ergui as sobrancelhas em falsa surpresa, rindo – Que palavras para uma dama.

- Saia – ela falou baixo novamente.

- Não quer que eu cure seu braço?

- A que custo? – ela disparou e eu sorri novamente.

- Ah, isso. Viver entre feéricos ensinou você alguns de nossos modos.

Feyre olhava para baixo tentando se concentrar em qualquer coisa que não fosse eu. Continuei a dizer:

- Faço um acordo com você - falei casualmente enquanto pegava seu braço ferido e o apoiava no chão, Feyre franziu a testa - Curo seu braço em troca de você. Durante duas semanas de todo mês, duas semanas de minha escolha, viverá comigo na Corte Noturna. Começando depois da confusa barganha dessas três tarefas.

Ela ficou surpresa, os olhos arregalados me encarando, com a expressão de incredulidade.

- Não.

- Não? - apoiei as mãos no joelho e me aproximei ainda mais dela - Mesmo?

- Saia. - Feyre pode ser corajosa, mas justamente o acordo que só iria beneficiá-la, ela recusa. Não, não posso desistir.

- Você recusaria minha oferta, e pelo quê? - ela não respondeu, apenas me encarava com os olhos mais lindos que eu já vira em todos meus séculos de existência - Deve estar esperando um de seus amigos, Lucien, certo? Afinal de contas, ele a curou antes, não foi? Ah, não pareça tão inocente. O Attor e seus seguidores quebraram seu nariz. Então, a não ser que tenha algum tipo de magia sobre a qual não nos contou, não acho que os humanos se curem tão rapidamente assim. - falei e me levantei, começando a caminhar pelo cubículo que Amarantha chamava de cela - Do modo como vejo as coisas, Feyre, você tem duas opções. A primeira, e mais inteligente, seria aceitar minha oferta. - enquanto andava, Feyre cuspiu aos meus pés e olhei para ela com repreensão - A segunda opção, aquela que apenas um tolo aceitaria, seria você recusar minha oferta e colocar sua vida e, portanto, a de Tamlin, nas mãos do acaso.

A Court of a Dark PrinceWhere stories live. Discover now