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CHIE

       Em todos os lugares eu sentia o olhar de Yuta pesar sobre mim. No ônibus, durante a janta e naquela barraca principalmente. Aquilo me deixava encabulada, afinal deveria ser mais fácil por todo meu ódio nele na situação que estávamos. Ele me magoou, era justo eu me manter afastada. Mas na prática aquilo se tornava tão difícil que me assustava profundamente pensar o quão forte era o meu sentimento por Yuta.

      Eu sabia, lá no fundo, que o fato de não estar sendo forte o suficiente para ignorar Yuta da maneira que ele merecia iria me trazer problemas. Só que eu também sabia que andar de bicicleta poderia me trazer um baita machucado, mas nem por isso eu deixei de tentar. O que eu quero dizer é que a vida é feita de possibilidades positivas e negativas, pensadas e não pensadas, da mente e do coração. Estar perto dele me fez seguir todas as opções esteticamente não recomendadas.

         — Chie, você continua me querendo na mesma intensidade que eu quero você, certo? — Ele disse, e mesmo que eu indiretamente esperasse aquela pergunta, meu coração acelerou como se fosse pega de surpresa.

          E daí que não deveria? Naquele momento, Yuta não parecia um erro para mim e eu só conseguia pensar o quão apaixonada eu era por ele. Mas isso faria ele pensar que estava tudo bem, enquanto na verdade ele havia destruído o resto de confiança que eu tinha e precisava ter nas pessoas.
 
           Ironicamente, pensar nisso me fez decidir que não deveria.

           Aproximei meus dedos lentamente da testa do rapaz, afastando os fios de cabelo para que pudesse lhe dar um peteleco ali. Abri um sorriso singelo, afastando minhas pernas de cima dele e sentando-me de costas para o mesmo.

           Pensar me fez deixar de lado aquele pequeno momento de excitação que me faria escolher tudo errado, confiar em Yuta e me entregar novamente. Enquanto olhava fixamente para meus dedos, tentando esquecer o que quase fui capaz de quase fazer, senti meu corpo ser deitado bruscamente num movimento rápido e daquela vez quem estava sobre mim era Yuta.

          Ele parecia conturbado com suas próprias ações. Sabia disso quando suas sobrancelhas estavam prestes a se juntar e suas pupilas mexiam rapidamente, me deixando incapaz de acompanhá-las.

         — Essa... Essa foi a resposta mais brega que já recebi. — Yuta disse, quase ofegando.

       Seu rosto estava tão perto. Eu podia sentir sua respiração bater contra a minha e fazendo-me fechar os olhos aos poucos.

       Aquilo foi suficiente para que todo aquele papo de pensar fosse por água abaixo e quando notei já havia selado meus lábios aos de Yuta.

        Ele retribuiu, mesmo que parecesse surpreso com meu ato, levando suas mãos para minha cintura e fazendo com que meu corpo se arrepiasse por completo. Coloquei minhas mãos em seu peitoral, notando a rapidez com que seu coração batia e percebi então que não era a única ali prestes a sofrer um ataque cardíaco, ousando-me a apertar o tecido de sua camiseta na medida que ele aumentou a intensidade do beijo. Eu vou morrer, eu vou morrer, eu vou morrer, pensava.

            Seus lábios em seguida passaram para meu pescoço e eu simplesmente perdi toda minha noção. Não sabia como me movimentar, o que fazer, para onde olhar ou se deveria apenas apreciar como ele conseguia ser delicado comigo ao mesmo tempo que mostrava uma expressão tão rude, e na medida que chegava próximo de minha clavícula, eu podia jurar que meus olhos se fechavam por vontade própria, assim como meu corpo inteiro e seus movimentos involuntários.

mangirly ➳ nakamoto yutaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora