XI

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Minhas mãos estavam em sua cintura fina e macia, já as suas em minha nuca. Estávamos ali nos conhecendo fisicamente, se é que me entendem, por mais tempo que eu planejava. Os dias que havia ficado perto de Chie me fizeram esquecer como era bom ser considerado bonito naquela escola.

— Ei, Yuta-oppa, por que não vamos mais... a frente na nossa relação? — Seulhan, da sala C, disse. Naquele momento eu não entendi se ela queria aquilo ou aquilo.

— Podemos pensar nisso depois. — acho que essa resposta estava de ótimo tamanho.

Ela sorriu, juntando nossos lábios novamente. Estávamos atrás do campo de futebol, próximos ao vestiário. Provavelmente muitas pessoas havia nos visto ali, mas ignorava completamente. Tirando uma pessoa totalmente intrometida, sem vergonha, baixa e...

— Yuta, você só me envergonha. — Chie disse, me assustando.

No mesmo instante, afastei meu rosto do de Seulhan. Pensei que fosse ficar totalmente envergonhado, assim como a garota ficou, mas a única coisa que consegui fazer foi rir da expressão de nojo que Chie fazia enquanto lavava suas mãos na torneira que ficava ali do lado.

— Isso tudo é inveja. — brinquei, encostando minha cabeça na parede.

— Inveja? De quem? — Chie olhou tanto para mim quanto para minha companheira momentânea, me fazendo entreabrir a boca. Ela era tão audaciosa que me deixava com inveja. Ou ciúmes, mas nem cogitei a ideia de ser isso.

— Eu ainda estou aqui! — Seulhan bateu em meu ombro, revirando os olhos. — Oppa, não podemos apenas ignorar essa... Garota?

— Não se preocupem comigo. — Chie piscou um dos seus olhos e saiu, fechando a garrafa que encheu no bebedor ao lado.

Prendi o lábio inferior entre os dentes e olhei a garota emburrada em minha frente.

— Desculpa, Seulhan. Eu realmente preciso ir. — coloquei meus braços em seus ombros apenas para nos afastar e sorri para ela. — Desculpa mesmo.

Fiz uma reverência antes de sair correndo atrás de Chie, mesmo que Seulhan gritasse que me odiava. Assim que me aproximei da mais baixa, coloquei as mãos no bolso.

— Espero que não tenha vindo pedir água, não quero pegar suas bactérias. — ela disse de imediato.

— Não é o único jeito de você adquirir minhas bactérias.

Fiz um biquinho com os lábios e levei minhas mãos até o rosto de Chie, fingindo que iria beija-la. Aquela aproximação me deixou nervoso, e provavelmente também a deixou, já que nos encaramos por alguns segundos intactos. Em seguida ela se esquivou, andando mais rápido.

— Nojento. — ela disse, quebrando o silêncio constrangedor que ficou depois.

Nem acreditava que havia acabado de fazer algo como aquilo.

Balancei a cabeça negativamente e respirei fundo.

— Ah, Chie. — corri um pouco para ficar em sua frente, começando a andar de costas. — Eu preciso da sua ajuda.

— Diga. — ela deu um gole na garrafinha, em seguida prendendo seu cabelo mais forte. Tinha um leve aroma de shampoo.

— Preciso que me ajude amanhã com um presente para... Minha... — cocei a nuca, pensando numa desculpa. Estalei a língua ao lembrar da opção mais válida. — Namorada, a Seulhan.

Chie ficou em silêncio por alguns segundos, já que engolia a água, mas pareceu uma década. Ela me olhou, com a sobrancelha arqueada e uma expressão meio fechada.

— Vocês são namorados? — concordei, mas senti uma pontada no mesmo instante.

Merda de plano.

— Eu vou, mesmo que eu não vá ajudar em muita coisa. — Chie respondeu simplesmente.

É, Taeyong até que prestava para alguma coisa.

Algumas horas mais cedo. — Escola.

— Eu preciso fazer com que ela se vista como garota se eu quiser ficar com o emprego, essa é a verdade.

Havia resolvido contar a versão real do meu trato com senhor Kim para Taeyong, já que estava implorando por ajuda. Não conseguia pensar em modo nenhum de fazer com que ela sentisse a necessidade de se produzir mais, o que me deixava frustrado. Então resolvi perguntar pro gênio.

— Yuta, sério? — Taeyong começou a gargalhar, dando um tapa em minha cabeça em seguida. — Você é burro demais, eu não to acreditando.

— Você fala como se fosse fácil!

— Mas é! — revirou os olhos, me fazendo me sentir um jegue. — Faça ela gostar de você, use seu charme. Ela vai querer se arrumar mais pra te agradar, isso é natural do ser humano, seu jegue.

— Eu já... Tentei isso. — cocei a nuca, envergonhado. Não tinha realmente tentado, mas algumas coisas como o "eu gosto de você" que dissera para ela já podia ser considerado como tentativa. — Eu não consigo flertar com ela.

— Isso porque você a vê como um garoto. — ele disse simplesmente.

— Não é bem assim...

— É assim sim, você só não confessa. — Taeyong estourou o chiclete e passou o braço por meu ombro. — Use isso ao seu favor então. Faça ciúmes nela, volte à ativa, saía com as garotas. Chame ela pra sair pra comprar presente para outras, ou faça ela escolher um lugar para você levá-las. Finja que ela é um amigo seu e aja mais abertamente.

— Esse plano é um lixo. — disse, rindo em seguida.

— É o melhor que você vai encontrar.

Respirei fundo, parecia até "viável". Taeyong riu de minha expressão de desespero, me fazendo cair na gargalhada junto.

Flashback Off

Taeyong, menti sobre algumas coisas.

O motivo de não flertar com Chie não é porque não a vejo como uma garota. Ela é uma garota, só que totalmente diferente de todas as outras.

E esse é justamente o motivo de eu não conseguir.

mangirly ➳ nakamoto yutaOnde as histórias ganham vida. Descobre agora