Uma Visão, Várias Vozes

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Como estava sem dinheiro para pagar um ônibus ou qualquer coisa do tipo, decidi ir andando até a minha casa do outro lado da cidade e seria uma longa caminhada. Não, eu não iria pedir dinheiro a Eddie, pois mesmo ele sendo meu melhor amigo, ele não iria se segurar de cobrar mais pelo o que eu pedi quando fosse pagar. 

Enquanto andava, eu observava tudo ao meu redor meio perdido, até que quando estava passando pela parte onde tinha acontecido aquele racha que participei um jovem se aproximou ao meu lado, com seu carro.

– Você é o cara que ganhou a corrida daqui, não é? – ele pergunta.

– É, sou eu. – respondo, sem ligar muito pra presença dele ali.

– Eu sou o Dylan. – ele fala e eu confirmo com a cabeça. – Entra aí, tá perdido? – ele pergunta, abrindo a porta do carro pra mim e só aí eu observo ele. Dylan é branco, loiro e tem olhos castanhos escuros. Seu rosto é quadrado e ele tinha um risco na sobrancelha esquerda.

– É, um amigo me deixou pra trás.

– Eu posso te dar uma carona. – ele se oferece e como eu estava sem escolha, resolvi entrar no carro. – E então, você tem muita prática com corridas. – eu não o olho novamente em nenhum momento, me mantenho olhando a estrada o tempo inteiro.

– É, tenho compulsão por treinar e isso faz com que eu fique bom.

– Queria ter essa força vontade. Geralmente eu faço o percurso uma vez só pra saber aonde ir e paro. – solto um sorriso simpático de lado. Eu não conseguia confiar nele. – E então, onde você mora? – pergunta, com uma voz suave.

~Se eu fosse o Finn descia desse carro. ~Penso.

~Você é o Finn. ~Penso.

~Ele tem cara de maníaco, psicopata, sociopata... ~Penso.

Minha cabeça não parava e estava começando a sentir dor de cabeça com tantos pensamentos que nasciam dentro dela. Eu tentei me concentrar na pergunta dele e consegui finalmente depois de alguns segundos soltar uma resposta.

– Lado norte. Início do subúrbio. – respondo e Dylan afunda o pé no acelerador, cortando diversos carros.

– Que rolê, você ia pra lá a pé? – ele continua seu interrogatório. Eu não gostava de suas perguntas, mas como ele estava me fazendo um favor, eu tinha que responder. Embora não me achasse no dever.

– É, sai sem dinheiro ou celular. 

– Muita sacanagem desse seu amigo. – Dylan fala e eu o encaro. Ele não podia falar do Aaron assim.

– Ele não teve escolha, não culpo ele. – rebato, olhando a paisagem que passava de forma rápida pela janela. Aquele Audi A4 corria bem, mas ainda preferia meu carro. Dylan tinha cara de corredor experiente, daqueles que corre não só no subúrbio, como na cidade inteira. – E você, o que estava fazendo ali?

– Treinando, depois de ver o que você fez ali, eu fiquei tão sem reação que queria fazer igual. 

– Aquela corrida foi sorte, eu não treinei pra ela. – digo, mesmo não acreditando em sorte ou qualquer tipo de empurrão sobrenatural. Eu olho para Dylan, enquanto dirige, ele tinha algo que me deixava tenso. E não era um tenso legal.

– É, mas os caras estavam comentando a sua prática com o volante, não com aquela parte em si. – Dylan fala e me olha, me obrigando a desviar o olhar dele rapidamente. Ele então percebe que eu o olhava e solta um sorriso de lado. Eu acabei me prometendo de não olhá-lo novamente.

– Entendi.  

Dylan fez o favor de me deixar próximo de casa e quando entrei Emma ainda não tinha chegado, o que me deixou mais aliviado, afinal eu... Não queria levar uma bronca bem dada dela. Acabei indo diretamente fazer nosso jantar e depois disso me joguei no sofá e liguei a televisão para assistir algo, enquanto ela não chegava. Fiquei assim por alguns minutos, até ouvir a porta se abrindo.

Aquele Piloto (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora