The Good Doctor: Personagem autista médico e o preconceito

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A série The Good Doctor aperta a ferida da sociedade preconceituosa: a visão que as pessoas têm sobre quem tem limitações, como se autistas e pessoas com deficiências e comorbidades não pudessem estar em diferentes áreas de trabalho, mesmo que eles tenham as habilidades necessárias.

Meus olhos quase sangraram quando vi um artigo dizendo que as chances de alguém com Síndrome de Asperger se formar em medicina são mínimas. O preconceito com autistas não é velado, é escancarado. A verdade é que existem muitos Aspergers sem diagnósticos pelo mundo e eles se adaptaram sozinhos (talvez não perfeitamente), mas o que eu quero dizer é: estamos em todos os cantos, quer o preconceito queira ou não – não existe uma epidemia de autismo, existe uma enxurrada de informações que antes não circulavam e uma dificuldade sem sentido de diagnosticar. Se não fosse pela falha de diagnóstico (sabe-se que o grupo mais diagnosticado é o de garotos brancos, mas ainda há muito a ser feito na identificação de garotas, mulheres e homens, afinal, o autismo não é exclusivo da infância, tampouco é exclusivo somente de crianças privilegiadas) e o desconhecimento sobre os mitos e estereótipos do autismo, a quantidade de pessoas declaradamente autistas seria muito maior.

 Se não fosse pela falha de diagnóstico (sabe-se que o grupo mais diagnosticado é o de garotos brancos, mas ainda há muito a ser feito na identificação de garotas, mulheres e homens, afinal, o autismo não é exclusivo da infância, tampouco é exclus...

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HUMANIZAÇÃO DO PERSONAGEM AUTISTA

Personagens como o Shaun Murphy (Freddie Highmore) deixam muitos telespectadores impressionados. Cada autista seja único, ou seja, nenhum é exatamente igual ao outro, cada um pode desenvolver uma relação diferente com as memórias e sensibilidades e o hiperfoco pode ser completamente diferente; alguns podem ser Savants (síndrome do sábio). Com memórias e habilidades excepcionais, alguns autistas podem enxergar padrões e usar seus conhecimentos para descobrir coisas que passam batidas por outras pessoas. Ele lembra muito uma versão mais nova do Dr. House.

Filmes, séries e livros, muitas vezes, apresentam personagens com os quais algumas pessoas têm mais facilidade de se conectarem. Acredito, sim, na importância da representatividade e como a ficção pode ser uma aliada em apresentar um mundo que é desconhecido por muitos, principalmente quando simpatizam com os personagens.

Vale lembrar: a representatividade de um autista jamais será 100% fiel, principalmente porque o espectro é amplo e mesmo autistas do mesmo grau (Aspergers, Savants, Leve, Moderado e Severo) podem ser bem diferentes – isso não significa que não possa existir algum autista bem parecido com personagens. É impossível colocar a expectativa de que o personagem seja uma representação universal, mesmo quando muitos dos comportamentos, dificuldades de comunicação e sensibilidade sensorial possam ser semelhantes. É claro que pessoas com habilidades de Shaun não representam todo o Espectro Autista, mas não quer dizer que não possam ser reais. Mesmo não sendo a intenção do criador da série, indiretamente, a série ajuda a entender um pouco mais sobre o universo do autista.

"Nós vimos vários médicos, nós consultamos várias pessoas, nós temos pessoas no espectro com quem estamos trabalhando, mas ele é um personagem específico. Ele não está lá para representar o autismo, mas para representar o dr. Shaun Murphy¨ – David Shore

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