Capítulo 17

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- Desde quando?

- Ele disse que um pouco depois do aniversário dele... Mas acho que de antes já estava conseguindo ligar os pontos.

- Eu vou matar ele – disse Erin, permanecendo sentada apesar da clara ameaça, que nem mesmo Charlie ousou duvidar ou contrariar. – E ele não te disse nada? Todo esse tempo? Como você descobriu aliás?

- Ouvi ele e a Sonni discutindo. Como sempre, ela reclamando da minha presença no hospital, e então ele dizia que não era comigo que ele tinha que ficar preocupado, e que sabia do que ela tinha feito.

- Ela fez tudo aquilo?

- Como se você não desconfiasse.

- Desconfiar é uma coisa, mas ela realmente ter feito... Era a filha dela, meu deus! – Erin parecia mais irritada do que Charlie já havia visto alguma vez em sua vida. – Não acredito que ele escondeu isso de você.

- Sabe o que é pior?

Tinha como ficar pior? Se perguntou Erin. Ela mal conseguia ainda conceber a ideia de que Jeremy finalmente havia descoberto a verdade e decidido esconder de Charlie, a parte mais interessada nesse assunto do que ele próprio. Na verdade, ela ainda nem conseguia engolir a história dele não acreditar na inocência da mulher, porque era óbvio até para um cego, surdo e mudo que ela nunca faria algo daquilo. Nem era necessário conhecer a Charlie por muito tempo para saber que a mulher nunca se rebaixaria a tal nível. Erin ainda se lembrava da conversa que tivera com Jeremy, de como o ator considerara a possibilidade de Charlie ser uma espiã e o quanto ela achara aquilo absurdo. Jeremy era burro demais. Como podia alguém ser tão desprovido de inteligência?

- Alguns dias antes, nós conversamos na cafeteria – Charlie arrancou a estilista de seus pensamentos. – E ele perguntou se ainda tinha alguma chance de voltarmos a ficar juntos.

Erin nem mesmo se deu ao trabalho de ficar chocada como queria e deveria naquele momento. Se antes ela achava que a burrice dele era grande, nada se comparava à cara de pau do ator. Ela tinha que aplaudir Charlie, na verdade, por ter ainda a calma e a serenidade para voltar ao hospital todos os dias para visitar Ava, sabendo da presença dos seres infelizes que um dia ela teve o infortúnio de conhecer. A mulher não merecia aquilo, Erin sabia, era extremamente injusta a forma como havia sido tratada e agora com tudo aquilo, ela só sentia vontade de esfregar a cara do Jeremy no asfalto, espremer limão e depois jogar álcool por cima, e mesmo assim acharia pouco. Antes ela achava que havia alguma esperança para os dois, mas agora não havia nada no mundo que lhe desse um mínimo do sentimento para que eles voltassem a ficar juntos. Jeremy teria que ir ao infinito e além para merecer o perdão de Charlie, para merecer tê-la ao seu lado novamente, e mesmo assim talvez não fosse o suficiente.

- Eu sinto muito, Charls – disse Erin, vendo as lágrimas escorrerem pelo rosto da outra. – Eu queria muito que você não tivesse que passar por isso, queria eu estar no seu lugar.

- Obrigada. – A mulher suspirou, passando a mão no rosto. – Bem, com sorte, amanhã ou depois de amanhã, Ava já vai ser liberada e eu vou poder ir embora e deixar tudo isso no passado.

- Espero que não tudo – disse Erin. – Espero que não deixe isso te afastar dos seus objetivos, Charls.

- Não posso dar garantias agora – Charlie foi honesta, afinal sequer conseguia pensar naquilo sem que lhe desse vontade de chorar. – Mas eu sei que não estou sozinha.

- Não mesmo, esse apartamento já é tão seu quanto meu. Aquele quarto é todo seu. Nem precisa levar nada embora se quiser.

- Obrigada.

Babá por AcidenteWhere stories live. Discover now