Capítulo 15

624 45 16
                                    

O tempo no aeroporto era algo curioso. Parecia que os segundos se arrastavam e algo que normalmente passava muito rápido, ali se prolongava até a pessoa atingir seu pico máximo de estresse. A cabeça de Charlie doía e seu corpo parecia finalmente estar saindo daquele estado de torpor, com seu estômago dando sinais de fome. Quando chegou, Charlie viu os paparazzi no aeroporto, e felizmente conseguiu se proteger antes que eles tirassem mais fotos ou viessem abordá-la. Claro que eles não estavam ali por ela, sequer podiam imaginar que o inferno estava instalado na vida da mulher, mesmo assim, Charlie preferia não chamar muita atenção para si. Enquanto esperava seu voo, comendo um lanche que comprou após passar pela segurança, ela recebeu a mensagem com o alerta de notícia sobre ela, revirando os olhos enquanto os sentia ardendo ao ler a matéria. Aproveitou para desativar todo e qualquer alerta que havia criado. Não queria receber mais nada referente a qualquer parte da família Renner. Ela também desativou todas as suas redes sociais, não querendo ceder à sua curiosidade e acabar stalkeando Jeremy em algum momento de fraqueza.

Enquanto estava na fila de embarque, um clique se fez em sua cabeça e ela percebeu que havia alguém que precisava saber de tudo aquilo antes de ler as notícias. Rapidamente, esperando sua vez para entregar passagem e documento, ela mandou duas mensagens: uma para Ted e outra para sua mãe. Uma mensagem simples, apenas uma linha: estou voltando para casa. Ela sabia que já era mais de meio-dia em Berlim, e quase sete horas da manhã em Norfolk, então desligou seu celular logo depois para evitar que os dois a respondessem imediatamente. Com certeza Ted e sua mãe gostariam de mais explicações. Não havia informado o horário de chegada, poderia muito bem pegar um táxi assim que chegasse. Quanto mais tempo demorasse para ter qualquer contato com os pais, melhor ela conseguiria mentir sobre aquela viagem repentina.

Durante o voo, ela tomou um remédio para dor de cabeça e apagou pelas sete horas que toda a viagem levou. Seus sonhos foram perturbados, alternando entre bons momentos e maus momentos. Porém, na atual situação, cada bom momento se tornava algo ruim. Afinal, todas as suas alegrias ultimamente se referiam a família Renner, e era óbvio que eles invadiriam seus sonhos.

Enquanto Charlie voava de volta para casa, Jeremy sofria na sua ao ser bombardeado por mensagens de uma insone Erin Costello. A estilista exigia explicações, sabendo que não era um bom sinal Charlie sair de Los Angeles no meio da noite, e muito menos sem avisar a nova amiga. Elas haviam feito planos para a próxima semana. Na terceira vez que a mulher ligava, Jeremy desistiu de ignorar e atendeu.

- Eu estraguei tudo – disse ele assim que atendeu. Ele ainda estava no quarto de Charlie, observando o tempo passar e os primeiros sinais da manhã pela janela da mulher. O travesseiro dela ainda tinha seu perfume e ele estava intoxicado. Criando sua própria ferramenta de tortura.

- Esse é o meu trabalho, Renner! – exclamou a estilista, claramente desapontada com ele. – Eu já estou no carro, mas pode ir falando.

- Carro? Onde você está indo?

- Onde mais? – perguntou ela, como se fosse óbvio. – Estou levando o café da manhã.

Jeremy bufou, por que não estava surpreso? Sabendo que não tinha alternativa, ele deu uma versão resumida dos acontecimentos para Erin, agradecendo por ela ser uma ótima ouvinte, que respeitava seu interlocutor. Ele sabia que em diversos momentos ela quis xingá-lo, mas respeitou a narrativa dele. Erin já estava parada em frente à casa do ator há um bom tempo, mas esperou ele terminar de falar para poder anunciar a sua chegada. Jeremy temeu sair de onde estava para ir receber a estilista, sabendo que se ela estivesse puta o suficiente, lhe daria um soco na cara.

A expressão dela não era feliz, mas pelo menos as mãos dela não estavam livres e seu soco foi adiado. Erin se recusou a falar qualquer coisa até que eles estivessem no jardim dos fundos, onde ela poderia falar mais alto sem correr o risco de acordar Ava. O relógio já apontava seis da manhã, os dois estavam cansados, mas não conseguiam dormir – Jeremy por conta de sua situação, Erin por ter problemas de insônia há anos.

Babá por AcidenteTempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang