A Aposta.

Capítulo 2.

Eu sabia que tinha que começar o mais rápido possível se quisesse ganhar aquela aposta, afinal, mesmo não parecendo, o Nash ficou com algo bem menos complicado que eu já que, além da missão quase impossível de transformar aquela garota em alguém popular, ela ainda me odiava! Quer dizer, era o que eu achava depois de hoje cedo e por eu não ser o tipo de cara que deixa qualquer esquisitice alheia passar despercebida, como na vez que ela estava com uma pena, provavelmente de algum travesseiro, preso no cabelo logo na primeira aula, e eu comecei imitar uma galinha e zoá-la. Se eu soubesse que teria que me aproximar dela, eu com certeza não teria feito isso.

- Você ta pensando em falar com ela já hoje?- o louro sentado ao meu lado perguntou durante a aula de física, eu encarava tão brutalmente as costas dela que não me surpreenderia se abrisse um buraco no lugar

- Eu não sei, cara, eu não sei... - Disse passando a mão em meus cabelos- O Nash me pegou de boa nessa... Escolheu a pior garota... - Comentei baixo comigo mesmo

- O que vai fazer, então? Desistir antes de tentar?- Jack G perguntou no lado de JJ e eu ri nasalado

- Desistir não está no meu dicionário, achei que já soubessem disso- Falei presunçoso e o vi revirar os olhos enquanto o louro ria. JG era o que mais ia contra mim e o único que ia contra minhas brincadeiras, raramente o Matt também, mas JG era sempre mais, e às vezes eu não sabia o porquê, como se fosse o meu pai, o que certas vezes era um saco.- Não tem problema, eu vou ganhar essa, ninguém resiste ao Cameron aqui- Pisquei e sorri lado, voltando a encarar as costas cobertas por um casaco ridículo de crochê. Seria complicado, mas eu tinha que começar de algum modo e foi o que eu fiz quando o sinal do fim das aulas tocou e todos começaram a sair, eu já estava com minha bolsa pronta e me despedi logo dos garotos assim que a vi saindo da sala e segui ela de longe até a primeira esquina longe do colégio, afinal, não era por que era uma aposta que eu tinha que detonar a minha reputação sendo visto com ela.- Lisa!- A chamei depois de um tempo e ela parou se virando e dando de cara comigo, ela arregalou os olhos e pôs-se a correr, o que me surpreendeu- EI! ESPERA AI!- Gritei de novo, dessa vez correndo pra alcançá-la. Ela desceu em uma escadaria grande que dava para o mercado da cidade, que era um lugar enorme cheio de barracas e lojas populares- Eu quero falar com você!- Falei enquanto esbarrava em algumas pessoas que olhavam as lojas pelo lado de fora

- NÃO SE APROXIME!- Ela gritou de volta, ainda correndo

- DÁ PRA VOCÊ PARAR?- Gritei alto e algumas pessoas ao redor olharam pra mim e pra ela correndo como loucos por meio das pessoas. Me perguntei como ela conseguia correr tão rápido sendo uma garota e ainda com aquela saia enorme que cobria seus pés. Saímos do mercado depois de uma boa corrida o atravessando e ela seguiu por dentro de um brechó que ia de um lado ao outro da rua e então saímos no outro lado, em um beco do qual ela atravessou. Eu nunca tinha seguido por aquele lado da cidade, por aquele caminho, mas eu sabia que estávamos perto do mar assim que senti o cheiro de maresia e foi assim que chegamos até o calçadão da praia- LISA! PARA!- Pedi quase sem fôlego e ela se virou pra trás pra vê se eu estava muito longe na mesma hora que um cara de skate vinha na direção dela

- Olha por onde anda, sua mocréia!- O garoto resmungou quando quase atropelou ela, que caiu no chão pra desviar dele, que foi tempo suficiente pra eu alcançá-la, quando já estava em pé, e agarrei-a pelo braço

- SOCORRO, ESSE GAROTO QUER ME ROU...- Ela gritou desesperada se debatendo e eu tapei sua boca com minha mão e sorri amarelo pras poucas pessoas ao nosso redor que nos olhavam estranho mas logo voltavam a fazer seu percurso

- Será que dá pra você ficar quieta?- Sussurrei entre dentes no ouvido dela enquanto ela ainda se debatia e mordeu minha mão me fazendo rugir de dor, mas não a larguei- VOCÊ SÓ PODE SER DOIDA- Gritei indignado