01|love

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Uma das coisas que eu mais gosto de acreditar é que o amor, não tem género, não tem idade, não tem raça e nem religião.
O amor simplesmente acontece, onde é ou não provável.

O amor é capaz de nos fazer perder o foco em alguma atividade, é capaz de mudar o nosso batimento cardíaco, é capaz de nos fazer dar aqueles risos bobos do nada, é capaz de melhorar o nosso dia, é capaz de nos fazer sentir um friozinho na barriga, é capaz de nos pôr com as pernas trêmulas e é capaz de tantas outras coisas.

Os sentimentos mudam como a velocidade da luz, impressionante o que o amor nos faz sentir.

Qualquer pessoa que lê-se agora os meus pensamentos, diria que neste momento estou apaixonada. Mas a verdade é que não estou.
Faz hoje justamente 2 meses que acabei com um rapaz que me traiu com a minha amiga. Mais precisamente, apanhei o meu namorado a fazer sexo com ela no meu próprio quarto, em cima da minha cama.

Como sou dramática demais, obriguei os meus pais a deitarem fora os lençóis e o colchão. Mas mesmo assim não consegui dormir no meu quarto durante uma semana, pois tinha a paranóia que o cheiro deles ainda estava lá.

Confesso que fiquei muito triste e desiludida, mas consegui perceber uma coisa com este relacionamento: a maior parte dos rapazes desta idade não têm maturidade.

Tenho 17 anos, e não me quero apaixonar agora, quero aproveitar ao máximo e tentar não me apegar tão facilmente às pessoas.

Uma grande peculiaridade minha, é que eu distraio-me muito facilmente, porque enquanto estava a viajar nos meus pensamentos, o professor está a falar de um assunto, que eu não faço a mínima ideia que seja a filosofia e, obviamente, não tem nada haver com o amor.

Mas já agora, a Carmen estava muito contente hoje. Aqui há gato. Com quem será que a Carmen esteve ontem à noi...

"Lane!" o professor Hudson gritou, interrompendo os meus pensamentos e fazendo com que eu desse um salto. O professor estava precisamente à minha frente com os braços cruzados, e com as costas curvadas para baixo, fazendo com que a sua cara estivesse frente a frente à minha, muito perto. Os seus olhos azuis assim de perto pareciam maiores, e que a sua feição fosse extremamente zangada, mas ainda assim bonito "Tenho estado a observá-la desde o início da aula! Você está sempre distraída!"

Não quero parecer o resto das raparigas desta escola que ficam praticamente a babar para cima deste professor, mas tenho que confessar, ele é bastante bonito. Os seus olhos vivíssimos e brilhantes fazem com que eu não consiga parar de olhar para eles. Nunca pensei que me sentisse tão atraída por um homem mais velho.

"Professor, eu tenho estado a ouvir!" não devia ter dito isto, não fui capaz de pensar nas consequências.

"Então diga-me uma das críticas à teoria da justiça de Rawls."

Olhei em volta com o objetivo de alguém me sussurrar a resposta, mas ninguém o fez.

Como eu desejaria parar agora no tempo, para poder ir ver a resposta ao livro, ou para pelo menos respirar fundo. E como eu não sou aquela menina dos filmes ou livros ou até mesmo suficientemente inteligente para que mesmo estando distraída na aula, quando o professor pergunta alguma coisa, tem sempre a resposta na língua, eu respondi qualquer coisa que veio à cabeça.

"É o imperativo categórico?!" disse, obviamente, incerta, fazendo com que a resposta saísse mais como uma pergunta.

"O quê? Você ainda tem coragem de me dar uma resposta dessas?" olhou-me com uma cara de que provavelmente, me ia reprimir por esta resposta até ao final do ano escolar. "Isso é da matéria do período anterior!"

[...]

"Não acredito que respondes-te aquilo, Lane." Leo, o meu melhor amigo e o meu gay preferido, comentou gargalhando.

"Falou o Sr. Inteligente." disse eu, nem um pouco ofendida com o seu comentário.

Coloquei a minha mão no seu cabelo, despenteado os seus caracóis castanhos todos. Ele odiava quando faziam isso.

"Se fosse outra pessoa a fazer isso eu nunca mais falava para ela, mas como és tu..." disse na brincadeira.

"Eu sei, tu amas-me." afirmei, com um sorriso convencido.

"Hoje. É. Sexta-feira." a Cecília falou cada palavra pausadamente, depois de aparecer de repente à nossa frente no corredor.

"Sim, nós sabemos."

"Okay, mas vocês não vão acredi..." a Cecilia estava a falar com evidente entusiasmo na voz e na cara, mas foi interrompida por o Leo.

"Espera, espera. Deixa-me adivinhar o que tu vais falar." o Leo parou e pôs-se numa posição mais afeminada do que o normal, e começou a falar, com a voz fininha, gesticulando a mão no ar. "Vocês não vão acreditar, o fulaninho vai dar uma festa na casa dele, com coisas que nós adoramos: bebidas alcoólicas e muitos rapazes gostosos."

"Se tentas-te imitar a minha voz, fica já a saber que foi uma tentativa falhada. Mas sim, desta vez vai ser o Finn que vai dar uma festa na casa dele."

"Mas será que estas pessoas não têm mais nada para fazer senão dar festas todas as semanas?" disse eu, numa tentativa falhada, de tentar parecer irritada com esse facto.

"Vá Lane, vais me dizer que não gostas de ir para as casas de banho transar com rapazes."

"Leo, não é preciso ficares com inveja, para a próxima eu deixo alguns para ti."

"Eu não preciso, tenho quase a certeza o Thomas vai estar lá."

"Lindo." a Cecília começou a falar, pondo a mão no ombro dele, num ato carinhoso "Ele já te humilhou, já te deu uns 5 foras, não tentes mais, parte para outro."

O Leo ficou triste, abaixou a cabeça e encostou-se ao cacifo. Eu olhei para ele e comecei a acariciar-lhe a bochecha. Os olhos dele estavam brilhantes, não sei se ele ia começar a chorar.

Realmente eu não sabia o que dizer, se devia apoiar a Cecília ou dizer a ele para não desistir dele.
A verdade é que o Thomas já fez muito mal ao meu menino. Já o pôs muito triste, e ele até já andou numa fase muito depressiva por causa do Thomas.

Bem o Leo e o Thomas já têm uma história bastante longa, eles conhecem-se desde bebés e foram muito amigos. Há dois anos o Leo veio para esta escola, para a minha turma, começamos a ter mais intimidade e contou-me o que nunca tinha dito a ninguém: era gay e gostava do Thomas.
Thomas, no entanto, quando foi para esta escola começou numa rotina de ir só para festas, beber, fumar e uma coisa, que segundo Leo, ele só o fazia para esconder a orientação sexual dele, ficar com raparigas.
Isso irritava profundamente o Leo, então, sem conseguir se conter mais, decidiu contar tudo ao Thomas, tudo mesmo.
Thomas, o grande cretino, não reagiu bem, e como se não bastasse dar um grande fora ao Leo, ainda o humilhou pela escola inteira dizendo que ele era gay.
Isto chegou aos ouvidos dos pais dele, e para piorar o estado de Leo, os pais praticamente desprezaram-no, porque eles são uns homofóbicos do caralho. Ele continua a viver na casa dos pais, mas os pais dele só falam as coisas necessárias para ele, ele pode chegar a que horas quiser a casa, pode fazer o que quiser como se não quisessem saber, mas o que mais magoa o Leo, eles nunca mais demostraram o carinho e o amor que tinham por ele. E isso é horrível. O Leo desde então tem sofrido imenso.
Mesmo depois disto tudo, ele não desiste do Thomas, pensa que só fez isto tudo, porque estava numa fase menos boa, e descarregou tudo no Leo. Portanto Leo continua a ir ter com ele, mesmo depois de tudo. Leo tem um coração enorme, é a pessoa mais bondosa que eu já conheci, eu só quero o proteger de tudo, tentar dar todo o carinho e amor que ele necessita.

Eu sei que o Thomas não faz bem para o Leo e por isso mesmo, eu quero que ele o esqueça. Mas não posso simplesmente falar o que a Cecília disse, isso apenas o vai magoar e não vai adiantar de nada, porque ele nunca nos vai dar ouvidos em relação a isso.

A melhor forma é encontrar outra pessoa para o Leo.

Sendo assim perguntei, sem demoras à Cecília.

"A que horas é mesmo a festa?" perguntei, recebendo um sorriso de safadeza dos dois.

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⏰ Last updated: Dec 22, 2018 ⏰

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Lane RoseWhere stories live. Discover now