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                             Capítulo 10

Amy

O Corpo docente da West High poderia ter diversos problemas, mas a falta de criatividade com certeza não era um deles. 

Durante as semanas que se seguiram, surgiu a maior tensão para descobrir qual seria o tema do baile, à medida que o grande dia se aproximava. Nos corredores da escola, não havia outro assunto além desse. Não somente pela comemoração de estarmos nos despedindo dessa fase das nossas vidas, mas pela batalha (nem tão) silenciosa que estava acontecendo entre os irmãos Capdevilla. 

Todos os anos em que Margot sempre fora a que se destacara pareciam nunca ter existido. Gabe e Julie, aos poucos, foram perdendo protagonismo, dando lugar apenas àquela briga de irmãos. O que me fazia ouvir de toda barbaridade pelos corredores. 

– Pois é, menina. Parece que o avô dos dois deixou uma herança milionária. – Ouvi um dos alunos falar. Não entendi muito bem o que aquilo tinha haver com o baile.

– A Margot está planejando matar o Arnold enforcado. – Um outro disse esse absurdo no meio da aula de álgebra.

– Dizem que o Arnold morreu e foi substituído por um sósia, tipo a Avril Lavigne. – Confesso que desse eu até ri um pouco. 

Mas pra mim, tudo isso era assunto secundário. Gabe não saía da minha cabeça em nenhum segundo. Quando me pegava só, lá estava eu, feito uma tonta, pensando nele. Aquilo que eu sempre disse que nunca faria, eu estava fazendo. Sim, podem me chamar de hipócrita se quiserem. Essa é a verdade. Eu era uma hipócrita. 

– Você está muito quieta ultimamente. – Julie me abordou, preocupada. Nós duas andávamos pelo corredor com os livros da próxima aula em mãos. – Tem algum problema? Achava que o nosso plano estava completamente sobre controle.

– E está, Jules. Não é nada. – Forcei um sorriso, tentando tranquilizá-la.

– Amy, você viu o que mentiras fizeram com a nossa amizade. – Julie argumentou, de uma forma tão sensata que eu até estranhei. – Vai, me conta.

Já cansada de guardar aquele sentimento maldito dentro de mim, gazeei a aula de química (o que não era lá muito raro. Acho que de tanto eu não ir meu nome nem chamada estava mais) junto de Julie e fomos conversar na quadra, atrás das arquibancadas, escondidas para o monitor não nos pegar. 

Contei a ela sobre como o namoro dela e de Kyle tinha  aproximado eu e Gabe. Falei do pai doente dele e as reais circunstâncias da família North, coisa que o embuste do Kyle (claro) não havia contado. 

– O Gabe estava desesperado sem ter como ajudar o pai. – Relatei, Julie segurava minhas mãos e me escutava com atenção. – Então, a Margot disse que se ele a ajudasse a ser rainha do baile de formatura, ela o ajudava com os problemas do pai.

O semblante compreensivo de Julie se tornou confuso. 

– Ajudar?

– Sei que é meio estranho ouvir o nome da Escargot e ajudar na mesma frase, mas ela fez isso só pra ganhar de rainha. – Repeti o que tinha dito, achando que Julie não tinha entendido.

– Eu sei, mas... Amy, eu passei meses andando com as líderes e ouvindo as conversas delas. Ouvi a Melanie e a Stephanie comentando no vestiário. A Margot gastou todo o dinheiro que ela ganhou. Ela está na zona vermelha. – Não consegui esconder a surpresa.

Todos da escola sabiam que a família dos Capdevilla não possuía muitos bens. A maior parte do dinheiro que os fazia parecer tão bem de vida era proveniente de um prêmio que Margot, quando criança, ganhou por posar de modelo infantil. Aparentemente, o dinheiro da premiação veio em um bom momento para a família de Arnold, que conseguiu superar seus problemas financeiros. Todavia, desde que foi emancipada, Margot passou a ter pleno controle de suas economias e usou desse dinheiro para subjugar os pais e o irmão, fazendo questão de jogar na cara de todos que era ela quem sustentava os parentes. 

Uma PÉSSIMA Melhor AmigaWhere stories live. Discover now