—Light. —Mamma chamou-me quando eu respondia a mensagem de um dos chefes do tráfico internacional de armas. —O motorista te aguarda, espero que corra tudo bem, eu amo-te meu bebê.

Ela nunca se esquecia, sim minha mãe nunca se esquecia e fazia questão de lembrar-me sempre, por vezes ia deixar me e esperava até que tudo terminasse. Controladora.

—Certo. —balbuciei, irritado.

Chego ao consultório após o horário de almoço, normalmente entro directo, é sempre irritante ter de esperar. A recepcionista é uma mulher já de idade, aparente ter mais de 50 anos e a conheço desde a primeira vez que coloquei os pés aqui, o tempo não havia sido muito generoso com ela, na verdade o tempo nunca era generoso com ninguém, eu sou a prova viva disso.

Ando em passos largos em direção a mulher que não faço ideia de qual seja o nome, nunca me importei o suficiente para saber seu nome e continuo nao me importando. Ela fita-me surpresa e na mesma hora sorri, um sorriso de surpresa e simpatia, não sei porque ela ainda dá-se ao trabalho de sorrir sempre que eu entro pela porta príncipal.

—Boa tarde, Senhor Bonatero —sorri ainda mais e fita-me feliz —, o Doutor Scott espera pelo senhor.

Aceno positivamente e passo por ela sem nem olhar para sua face. Minha mente está submersa nos últimos acontecimentos e o facto de eu precisar casar-me para ter o controle de tudo e colocar um ponto final em Kazama e na máfia siciliana sufoca-me.
Abro a porta branca da sala de Nataniel Scott e respiro fundo, nunca é fácil ter de abrir-me e dizer como me sinto, pode não ser mais um estranho, mas continua sendo uma pessoa, talvez eu goste mais de animais. São leais e posso confiar totalmente neles, foi isso que me foi ensinado durante 8 anos sem ver a luz do sol ou pessoas que não fossem prisioneiros, carrascos ou assassinos.

—Light, entre por favor. —o homem negro, com os cabelos grisalhos disse firmemente.

Exalo profundamente e sigo em direção a poltrona, aquela poltrona que eu detestava e que acabavam com as minhas costas.

—Achei que não viria. —disse ele pensativo. —Soube dos últimos acontecimentos.

Claro que soube, penso. Mamma sempre acha que pode contar tudo para esse homem, como se ele fosse alguma espécie de heroi e fosse salvar o mundo ou exorcisar os meus demónios, isso nunca aconteceria. O que eu havia passado, sofrido e aguentado estava fora de suas mentalidades.
Fitei-o com os braços cruzados, hoje em particular estava com menos vontade ainda de falar ou me comunicar, tudo que eu preciso é de matar algumas pessoas e relaxar.

—Você sabe Light, que quando perdemos o controle da mente, torna-se ainda mais fácil perdermos o controle dos nossos actos? —questiona e fita-me em busca de algum sinal, era sempre assim. —Há varias coisas em jogo Light. O mundo não gira em torno de você, tens os reus problemas, medos e inseguranças... —a gargalhada que dou em seguida o interrompe.

—Você está a brincar comigo certo? —digi frio o suficiente para que ele perceba que não estou a brincar, que não estou aqui para lições de moral e que nem quero estar aqui a olhar para ele. —Medo e insegurança?  Sério mesmo? —aproximo-me dele ainda sentado, descruzo os braços e exalo pesadamente. —Eu deixei de ser inseguro e ter medo faz uns...12 anos Nataniel, olha para mim, me diz se algum traço em mim exala medo? Se minha postura é de um homem inseguro? —sussurro.

—Você é inseguro sim Light. —retruca sem medo. Seria tão bom matá-lo, sempre que eu sento-me nesta poltrona, penso nas dezenas maneiras de matá-lo —Você sente medo sim, posso ver isso no teu olhar.

—Você...você não sabe o terço do que fala.

—Tem certeza?

—Eu devo ter?

O Filho do Barão [COMPLETO]Where stories live. Discover now