Candidata Nº3

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O sol estava quente demais para aquela época do ano enquanto Rebecka e Claire cavalgavam pelo pátio sul do palácio. Poderia ate ser um dia perfeito, se o suor não tivesse deixado Claire com calos nas mãos. Ela e Rebecka tinham apostado corrida ate o pátio e aproveitaram a oportunidade para escapar dos guardas. Depois do ataque Monique Deveraux a guarda no palácio foi reforçada e nenhuma das garotas estava autorizada a ir para qualquer lugar, a menos que tivesse acompanhada por vários guardas. O problema era com os guardas vinham as constantes proibições e nenhuma delas gostava de ser proibida de fazer o que quer que fosse. O pátio sul não era movimentado e tinha uma grande área plana que dava entrada para os jardins, Claire costumava ir muito a jardins quando era criança, flores sempre foram uma paixão para ela. Naquela tarde, porem não era de interesse nem dela, muito menos de Rebecka ficarem nos jardins. As duas passaram a galope pelos portais que davam para a cidade e não pararam quando os guardas começaram a gritar atrás delas. Ambas precisavam de um pouco de liberdade naquele momento, cada uma por seus próprios motivos. Claire reduziu o ritmo de Tempestade e começou a desviar do caminho da cidade e assim que percebeu o que ela estava fazendo, Rebecka repetiu o gesto. A cidade estava cheia de repórteres ansiosos por uma foto de uma das candidatas a princesa, ou quem sabe uma boa historia sobre o que elas faziam no tempo livre. E se sair desacompanhada era um problema, falar com a imprensa sem autorização da Primeira Ministra era um problema bem maior. Entre os arredores do palácio e a ponte que os ligava a cidade, existia um pequeno bosque onde macieiras enormes cresciam e deixavam suas raízes expostas sobre o chão, Claire passara por ali uma ou duas vezes, mas nunca parava. Porque apesar de Tempestade amar maças ela odiava água e o lago que ocupava boa parte do bosque tinha uma luminescência que nem a garota, nem a égua gostavam.

—Eu já vim aqui antes. — Rebecka disse assim que elas desmontaram. Claire se virou para encará-la com um olhar questionador. —Antony me trouxe. Resmungou ela respondendo a pergunta não verbalizada da amiga.

—Porque Antony te trouxe para o meio do nada? — Perguntou Claire enquanto caminhava na direção da macieira e estendia uma das mãos para pegar uma das maças douradas.

—Stefan lhe disse que talvez seria uma boa ideia. Foi aqui que nos beijamos pela primeira vez. —A resposta de Rebecka veio em tom de confidencia, mas Claire apenas assentiu. Stefan, as vezes ela quase podia esquecer que o príncipe existia, bastava as pessoas pararem de mencioná-lo por um tempo. O príncipe dos cabelos de fogo, com olhos tão azuis que pareciam violetas que desabrochavam na escuridão. Ela balançou a cabeça tentando se livrar dos pensamentos, não faria bem nenhum pensar em Stefan. Ele estava em casa agora, se declarando para outras garotas, os lábios que ela nunca tocou beijando outros lábios, os braços salvando outras vidas. Se começasse a pensar demais no príncipe ela começaria a se arrepender de ter quebrado o coração dele e esse era um caminho que ela não podia tomar, afinal ela era uma destruidora de corações e não se podia voltar atrás nisso.

—Então foi aqui que você tirou a pureza do nosso doce Antony? — Gracejou ela após de dar a primeira mordida em sua maça.

—Eu não tirei a pureza dele. —Foi a resposta de Rebecka, e apesar de revirar os olhos ao dá-la ela corou um pouco.

—Não me diga que em Acaiah Antony que é príncipe promiscuo.

As duas se sentaram na beira do lago, cada uma com uma maça em mãos enquanto os cavalos saltavam para tentarem alcançar algumas frutas.

—Ele queria me beijar tanto quanto eu queria beijá-lo. —Argumentou ela e Claire apenas sorriu.

—Imagino que sim. Eu vejo como ele procura por você sempre que entra em um cômodo e quando ele te encontra os olhos dele brilham como se fosse o dia da Colheita.

A Herdeira Do TronoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora