A Primeira Ministra

18 7 0
                                    

Pó. Poeira de estrela. Era a maldita coisa que as fadas queriam por Ayana. Bree tinha descoberto a resposta a dois dias atrás. Mas com o ataque à Claire a Primeira Ministra não tinha conseguido responder a rainha Elena ate aquele momento. A mulher tinha pedido aos guardas que juntassem aquele maldito pó e colocasse em baús. Ela conseguiria transportá-los para a Corte ainda aquela semana e Ayana viria para casa. Era difícil pensar no que aquela jovem tinha passado, nos horrores que tinha vivido. E por mais que odiasse aquilo, Ayana não era a única em perigo. Claire tinha as cicatrizes agora, negras como as próprias Sombras. E só os deuses sabiam o que aquilo faria com ela, se a deixaria louca ou se traria uma magia escura e poderosa. A Primeira Ministra sabia na própria pele o que era viver com aquele tipo de magias nas veias. A sua ferida tinha sido pequena, quase insignificante, mas veneno era veneno. Se não fosse amor, amor puro e verdadeiro, ela jamais teria sobrevivido.

E no meio do desespero e de lembranças a Primeira Ministra tinha entregue um segredo extremamente perigoso e delicado a Rebecka. A Sonara, não o tinha mantido em segredo por muito tempo e agora a Primeira Ministra e o conselho tinham sidos chamados para uma reunião.

Convocados.

Pelas vinte e seis candidatas a princesa. Elas não concordariam com o sacrifício, eram novas e ingênuas de mais para entenderem como aquilo era inevitável. Mas era uma decisão delas. Se as garotas não concordassem a Primeira Ministra e Valentina não podiam fazer a oferenda e as Sombras continuariam atacando. E apesar dos problemas que aquela decisão traria a mulher estava orgulhosa daquelas garotas. Mesmo com suas diferenças e rixas pessoais elas tinham se unido por uma causa que julgavam justa. Certa. Aquilo a fazia lembrar de sua juventude, quando ela e duas jovens rainhas acreditavam que podiam mudar o mundo, acreditavam que podiam simplesmente negligenciar uma divida muito mais antiga que todas elas juntas. Os conselheiros queriam culpá-la por aquilo, pela decisão, que mesmo antes da reunião, eles já sabiam que havia sido tomada. Ela sabia que de certa forma aquilo era sim sua culpa, e que se o pior acontecesse, o peso dos pesadelos que viriam seria exclusivamente dela. Mas havia uma certa liberdade em não ser obrigada a tomar vidas inocentes, havia paz em deixar que o caos se instalasse.

Ela entrou na sala de reuniões com os conselheiros ao seu lado. Um arco-íris de vinte e seis cores esperava. Todas usavam vestidos impecáveis, penteados firmes e bem presos. Diademas nas cabeças.

—Nós não faremos isso. Começou Natalie em um canto da sala, ela parecia determinada e firme.

—Não sacrificaremos crianças. Continuou Diana de outro lugar, os cabelos da cor mogno contornando o rosto corado e vermelho.

—Não pagaremos pelos erros de nossos ancestrais. Bree falou no fundo da sala, brilhando como uma estrela em seu vestido azul.

—Enquanto reinarmos, nenhum sonho será roubado. Nenhum sangue inocente será derramado. Claire se ergueu, o decote de seu vestido vermelho era aberto o suficiente para que as cicatrizes fossem vistas.

—Haverá consequências. A voz do chefe do conselho era firme e mal humorada, assim como ele.

—E nós as enfrentaremos. Aquela foi a primeira vez que Karen falou na presença da Ministra.

—Por que é isso o que rainhas fazem, elas enfrentam as consequências de suas decisões. Ate mesmo Selene parecia ter achado sua confiança.

—Já chega do nosso povo pagar por uma divida que nem sabe que existe. Concluiu Rebecka encerando o assunto. A decisão estava tomada. E por um momento a Primeira Ministra achou que estava na presença de vinte e seis rainhas, ao invés de apenas uma.

A Herdeira Do TronoOnde as histórias ganham vida. Descobre agora