1° Seção

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À sua direita se sentou o espírito, provindo de uma cadeira de aparência muito melhor que à sua.

"Ei! Ei!'', brandiu o antes vivo, meio morto. ''Como assi...aí!! ".

Tal ser, se virou, olhando para a direita, de onde tinha certeza ter vindo o pisão em seu pé. Porém, o espírito nada disse, entretanto, pareceu chamar-lhe para perto, então, assim o fez.

"Você está sendo julgado! Então cala a boca!", brandiu, e em resposta ele disse: " O que aquela criança disse é certo? Você escutou ela? ". Mal terminada sua frase e tal belo ser virou o cabeça em sua direção, com o mesmo olhar bestial de antes, querendo comê-lo vivo. Disse-lhe:

"Ele, a criança, é Deus!".

Demorou alguns segundos divinos para que o ser tolo acreditasse em suas palavras, mas quando conseguiu finalmente organizar a ideia respondeu: "DEUS?!"

"Eu! '', respondeu a criança, olhando para ele que agora estava de pé. ''Sente-se filho, não temos todo o tempo do mundo".

O riso quase escapou-lhe dos lábios, mas não ousou fazê-lo já que em seu lado direito havia algo; um ser; uma peste; uma salvação; que o mataria caso aquele julgamento não decidisse isso; por está razão levantou a mão.

"Aqui tem Wi-fi?", perguntou, e Deus respondeu sua pergunta com outra: "O que é Wi-Fi?"

Satisfeito, abaixou a mão, não olhando para a direita, sabendo que seria comido somente com o olhar.

Deus por fim riu.

" Claro que temos. Se vós, seres tolos, tem, porque não haveríamos de ter?"

O morto vivo olhou para o que estava ao seu lado, e esse, sorriu, como um aviso de que não deveria ter feito a pergunta.

"Então... Comecemos '', Deus disse, batendo o martelo. ''Ultimamente, por descaso de tais seres irracionais viventes na esfera azul, os lados — o Céu, o Inferno, a morte e o Limbo — andam tendo problemas para definir um por um, quem irá a qual lado. Cada vez mais a cobiça os toma, e guerreiam por razão alguma. Da última vez, me foi notificado que uma guerra se iniciou, pois, um Presidente disse ao outro que ele tinha uma minhoquinha entre as pernas.'' Murmúrios se instalaram pela cúpula.'' Shhh! Deixem-me terminar! Visando acabar de vez com tal tarefa que cada vez torna-se menos viável, decidiremos seu futuro de uma vez, usando como base esse humano que aqui está! '' Todos concordaram, por isso prosseguiu: '' Filho, diga teu nome e apresente sua defesa".

Não tendo este passado por educação rigorosa, olhou para os superiores à sua frente não compreendendo. Já preparada para isto, o espírito levantou-se, abotoando um dos botões de seu casaco branco quando disse o que estavam esperando:

" Perdoem-no vossas magnificências, mas este ser irracional não pode lembrar-se de seu nome quando morreu em outro plano. Foi regra que o senhor mesmo propôs depois do caso com o Palhaço. Mas, respondendo a outra explicação que pedis-te: serei eu a defesa."

"Ah, sim, sim, o caso do Palhaço. Recordo-me. Lembro-me como se fosse hoje de tal ser aparecido passeando por meu Quintal; roubando atenções, pregando peças... '' Deus suspirou, como se tivesse visto algo aterrorizante '' Mas não podemos prosseguir sem informações. Permito que recordes as memórias de sua vida passada para que possamos julgá-lo com êxito. 

Quando sua última palavra fora dita, passou o olhar por três senhoras, que assentiram.

Por alguns segundos a cúpula ficou em pausa, cochichando sobre planos, e enquanto faziam, os dois, que estavam ao meio, esperavam impacientes.

"Você já lembra de alguma coisa?" O da direita o perguntou, e que estava sendo julgado: "Não, mas acho que algumas vagas coisas estão começando a surgir.

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