Capítulo 6

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M A N O E L A 

Eu mal consegui dormir a noite, pensando no meu encontro com o Lucas, essa mudança dele repentina comigo está me deixando confusa e o pior de tudo é que todas as vezes que ele se aproxima de mim, meu coração dispara. Não quero parecer a menininha apaixonada que se apaixona pelo primeiro cara que sorri pra ela, ou que dê atenção para ela, mesmo eu acreditando em amor a primeira vista!  Tenho medo de que tudo isso não passe de uma ilusão da minha cabeça e que no final eu saia como a tonta machucada. 

Hesitei a noite toda entre ligar e desmarcar ou simplesmente ir.. Queria ter uma figura feminina agora em minha vida, pra me aconselhar, me dizer o que é a melhor coisa a se fazer nesse momento! Minha tia Ellen está sempre viajando, ela é única mulher da minha família, além da Nicole, já que minha avó já faleceu.  Eu não tenho uma mulher que me criou a vida inteira, não tenho uma empregada na qual sou apegada, já que meu pai está constantemente trocando. Nesse aspecto eu sou absolutamente sozinha em minha vida. 

Respirei fundo e fiquei encarando o teto, tentando tomar coragem para desmarcar ou ir nesse encontro...

Ouvi batidas na porta e logo a mesma foi aberta, me sentei ao ver que era meu pai.. Ele estava vestido com um dos seus ternos e tinha uma das suas mãos no bolso.

- Oi, pai.

- Estou te esperando lá embaixo.

- Aconteceu alguma coisa?

- Não demore!

Ele me deu a costas e saiu do meu quarto, ignorando completamente a minha pergunta! Respirei fundo e me levantei, calcei minhas havaianas e sai do meu quarto, desci as escadas e fui em direção a sala, aonde havia meu pai e uma mulher sentados.

- Bom dia. - Disse ao me aproximar e a mulher sorriu.

- Bom dia, querida!

- Sente-se, Manoela.

Me sentei no sofá que ficava de frente para eles.

- .. Sem mais delongas, essa é a Rita, minha noiva!

- Sua, noiva?

- Sim, noiva!

- Como assim noiva, pai? Desde quando?

- Não acho que isso te desrespeite! - Disse frio. - Daqui a algumas semanas vamos nos casar e ela virá morar aqui, com sua filha!

Encarei a mulher a minha frente sem entender absolutamente nada do que estava acontecendo! Desde que me entendo por gente meu pai nunca trouxe mulher alguma para dentro de casa, claro que ele já teve suas aventuras, mas nunca foi algo que ele levasse tão a sério, até agora. 

- Eu me apresento! - Ela sorriu e se levantou, vindo em minha direção, vestida com um vestido vermelho justíssimo e salto alto.  Ela se sentou ao meu lado e pegou em minha mão. - Meu nome é Rita, sou sua madrasta! Seu pai e eu estamos juntos a mais ou menos três meses!

- E já vão casar?

- Sim! Na nossa idade querida, não precisamos ficar prolongando nada de mais!

- Entendi! 

-  Estou aqui para somar na sua vida, ok? Quero ser como uma mãe para você!

- Obrigada! 

Sorri sem mostrar os dentes! Eu não sei porque, mas não estava com uma sensação boa em relação a essa mulher, sinto que não posso confiar nela. 

- ... Bom, seja bem vinda a familia! 

- Obrigada! Você e minha filha vão dar super bem, ela tem sua idade!

- Imagino! E ela não está aqui?

- Não! Está com o pai em uma viagem, mas ela chega semana que vem e vai estudar no colégio do seu pai!

- Entendi! Bom, seja muito bem vinda Rita, espero que você e o meu pai sejam bastante felizes!

- Obrigada querida!

- Agora se vocês me dão licença.

Sorri e me retirei da sala, indo em direção ao meu quarto.. Meu pai esta noivo? e não me disse nada?! .. Respirei fundo e me joguei novamente em minha cama, é muita coisa pra aximilar de uma hora para a outra. 

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- Achei que não iria vir. - Lucas disse assim que me aproximei dele.

- Desculpe a demora, tive uma visita inesperada de manhã.

- E parece que você não gostou muito! 

- É, talvez... 

- Mas viemos aqui para nos divertir e não ficar com cara de bunda, ok?

- Ok! - Sorri sem mostrar os dentes. - E o que o senhor propõe? 

- Como eu sou uma pessoa muito legal, eu trouxe isso aqui para nós. 

Ele tirou a mão de trás das costas, mostrando a cesta de palha que ele tinha em mãos.

- Piquenique?

- Sim! - Ele sorriu e coçou a nuca. - Muito brega?

- Não! É fofo, até.. 

- Você não está muito animada..

- Desculpa, vou tentar ficar..

- Ótimo! - Ele sorriu. - Podemos ficar por aqui mesmo, o que acha?

- Acho bom! 

Olhei em volta e estávamos no meio de duas arvores, pouco mais afastado das pessoas e a sombra que tinha aqui era boa.  Lucas colocou a cesta no chão e tirou de dentro dela uma forro xadrez vermelho e branco, o que me fez sorrir.

- O quê? Eu pensei em tudo!

Ele riu e eu concordei com a cabeça sorrindo.. Fiquei observando o Lucas tirando as coisas da cesta e ajeitando da toalha.

- .. Pode se sentar madame.

Me sentei na toalha e peguei uma uva, colocando na boca. 

-Nunca imaginei que você gostava dessas coisas.

- Quem não gosta de comer? - Ele riu. - Quando eu era pequeno, minha mãe adorava fazer esse tipo de coisa e acabou que tomei gosto! Sua mãe nunca fez isso?

- Eu não tenho mãe! Quer dizer.. acho que não!

- Sua mãe morreu?

- Não.... sei.  - Dei de ombros.

- Você está me confundindo.

- Ela me abandonou com meu pai, é tudo que eu sei.

- Ah sim.. - Ele pareceu ficar sem graça.

- Não se preocupe, está tudo bem!

- O normal é o pai abandonar né?

- Na verdade Lucas, o normal é os dois criarem!

- Eu sei pô, mas eu falo no sentindo de que nos vemos mais, os pais abandonando as mães.

- Eu sei.. Mas ta bom! Como eu nunca tive, não me faz falta!

- Entendi! Mas o azar o dela, que está perdendo a chance de conhecer uma menina maravilhosa como você. - Ele sorriu e eu sorri, sentindo um frio na barriga. 



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