O ciúme está no ar - parte 3

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– Stewart, o que está acontecendo? É alguma coisa daqui da empresa? Eu fiz algo que te chateou? – questiona Liam com voz suave.

– Humf, - o escocês bufa sem erguer os olhos do papel em suas mãos - porque pergunta?

– Porque você está mais mal-humorado e calado do que o normal. Aqui e em casa. Parece que anda me evitando... - persiste chateado pelo que pensa ser pouco caso.

– Não é nada. Esquece. Vai sair de novo depois do almoço? – Stewart fita Liam de esguelha ao perguntar.

– Vou dar uma passada no hospital. Mas eu volto logo. - ele queria contar o que fazia nessas escapadas mas a rabugice do outro o fazia perder a coragem - Danna, fala comigo, por favor. – ele tenta mais uma vez - O que tanto te incomoda? Já não sei mais o que pensar, o que fazer.

– Já disse que não é nada. E para de me chamar por esse apelido idiota. - responde ríspido, a expressão séria. Essas saídas do companheiro o estão tirando do sério. "O que ele tanto faz nessa merda de hospital? Quem será que ele conheceu lá?". A expressão desolada do inglês o faz perceber que passou dos limites. O apelido em japonês, que faz referência ao mundo das gueixas, sempre foi uma forma carinhosa de Liam afirmar que lhe pertencia. Ele entendia e, no fundo, gostava. "Droga. Também não adianta ser estúpido com ele". Sempre havia repreendido Liam por suas crises de ciúme exageradas. Agora que sentia o mesmo, não sabia como lidar com isso. – Sorry, baby, me perdoe. Não queria ser grosseiro. Só estou muito atarefado. E agora ainda tem esse orçamento para Raiden-sama. Dez dias não é tanto tempo assim. Será que poderia não demorar muito hoje? Por favor? Vou precisar muito da sua ajuda.

– Está bem. Não vou insistir mais. E não demoro. - se aproxima e faz um cafuné no companheiro. De olhos fechados e ainda sentado, Stewart deixa a cabeça repousar em seu tórax - Mas quando essa correria passar, vamos ter que conversar. Hum? Promete Danna?

– Prometo. – concorda com um meio sorriso - Agora vamos trabalhar.

A sexta-feira chegou depressa. Talvez porque a semana foi agitada demais. Nikko tamborilava na mesa do calmo restaurante onde havia marcado encontrá-la. Havia estranhado quando dois dias antes recebeu uma ligação de Sora dizendo que tinha um assunto delicado que precisava tratar com ele. Não que já não tivesse pensado em convidá-la para sair. Só que ela era sempre tão séria que ele ainda estava estudando qual seria a melhor abordagem. Foi o tom preocupado dela ao telefone que o deixou ansioso. O que seria? Algo com o sobrinho? Marcaram de almoçar ali. O moreno está distraído especulando quando a médica se aproxima da mesa. Ele a contempla abertamente e sorri quando a vê corar. Ela está muito jovial com um vestido de alças florido, que vai até pouco abaixo dos joelhos e é larguinho logo abaixo do busto. Os cabelos soltos, com os cachos castanhos bem arrumados e uma leve maquiagem que destacava os belos olhos verde mar. Como o cavalheiro que sempre foi, levanta-se e puxa a cadeira para que ela se acomode.

– Boa tarde Nikko-san. Demorei?

– Não, eu cheguei a pouco. Está muito bonita, se me permite dizer. Gostaria de beber alguma coisa antes de pedirmos a comida? O que aconteceu com seus óculos?

– Só uma água, por favor. - ele acena chamando o garçom - Eu só uso óculos para descansar as vistas. Como não tem nenhuma papelada para eu ler aqui, não preciso deles. - sorriem um para o outro - Nikko-san eu pensei muito antes de pedir sua ajuda. Mas aconteceu uma coisa e... - interrompe o que dizia quando o funcionário chega e o moreno faz o pedido.

– Por favor, continue Sora. Se incomoda se nos tratarmos sem o sufixo? Acho que isso é dispensável entre amigos, não acha?

Hai, tudo bem. Fico feliz que me considere uma amiga. É que aconteceu uma coisa com a Emiko e eu não acho correto vocês não terem conhecimento. - ela conta todo o episódio lastimável que presenciou no começo da semana. - Ela me fez prometer não contar ao Kensuke-san. Por isso eu decidi lhe procurar. Não é justo que ela tenha que passar um vexame desses e se calar. Ainda mais que precisa estar tranquila para cuidar de Daisuke. Aquela mulher parecia enlouquecida. E isso é uma opinião clínica. Emiko me contou as coisas que ela já aprontou e acho até perigoso esconder um fato como esse.

Akai Ito - TenazOnde as histórias ganham vida. Descobre agora