Capítulo 1 - Bom dia! Sua cabeça vale uma bolada!

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Olha, eu vou ser bem rápido. Quem está escrevendo minha história tem um senso de humor que precisa de estudos, tipo, com muita urgência. Pra início de conversa, eu não tenho nem ideia de como ainda tô "vivo", já que a autora parece ter algum tipo de prazer doentio em escrever desgraças. Ah, e me perdoem por estar quebrando a quarta parede assim tão cedo. Sabem como é né, não sou Deadpool, mas a referência foi muito boa.

Sinceramente, tenho todos os motivos para odiar Nova Iorque. É barulhenta, super lotada e suja, mas não estou dizendo que você não deveria morar lá. Claro que pode! Se você tiver grana, claro. E antes que alguém possa dizer "Nossa, Jack! Posso ser decapitado também?"

Não, não pode.
Acredite, não é legal.
E o que vem depois? Muito, muito pior.

Você não pula na frente de  um trem, só pra salvar alguém que está preso nos trilhos. Não se joga em cima de um bandido armado pra dar uma de Barry Allen numa loja de conveniência. E definitivamente não tenta enfrentar um maluco montado num chihuahua de três metros espumando pela boca.

Meu nome é Jackson Jones. Tenho quinze anos. E sim, isso parece uma introdução digna daquele otário do Magnus Chase, mas ao contrário dele, não existe vida após a morte pra mim.

Minha vida é um baita clichê. Os dias pra mim são tão monótonos quanto qualquer outro e desde que posso me lembrar, vivo no Mercy First junto com outros órfãos de até dezoito anos.

Oh sim, eu sou órfão. Do tipo que foi deixado numa cestinha na porta daquele lugar, sem documentos e sem nenhuma expectativa.

Alguns normalmente pensam: Poxa, que triste, sinto muito! Outros devem pensar: Maravilha, mais um que em breve não vai passar de outro bandidinho de rua. Nem perca tempo negando, é a mais pura das verdades quando se trata de orfãos. Não tô generalizando, alguns se dão muito bem até! Mas no meu caso, a sorte vive passando reto como se eu não existisse. E tudo bem, eu prefiro continuar invisível.

Estudo na Benjamin Banneker Academy, uma das únicas escolas públicas que não destru... digo, realmente me dei bem. Viver e estudar no Brooklyn é uma tarefa difícil, já que ou você ganha o respeito dos caras, ou seu rosto vai ser uma nova arte abstrata em algum muro. E pra minha sorte, eu tinha um armário de um metro e oitenta chamado Connor como amigo.

Eu estava dormindo sobre o braço da cadeira entre o intervalo da aula de inglês e biologia quando ele me acordou com um empurrão e disse:

— Tem uns caras lá fora fora procurando você. Já passaram pela sala do Barnes.

Certo, isso era estranho. Por que alguém estaria atrás de mim se não fiz nada dessa vez? Talvez Connor estivesse enganado, certo? Eu não era o único Jac...

— Sr. Jackson Jones.

Retiro o que disse.

Pisquei diversas vezes para afugentar o sono, tirando o capuz do casaco da cabeça. Minha falta de interesse fingida era nítida com meu bocejo, mas os dois homens parados na porta realmente chamavam a atenção.

O que tinha me chamado era asiático. Mas não um asiático tipo cantor de k-pop — faltava o visual. O dele era sem graça, jeans comuns e uma blusa preta. O outro cara, esse parecia o dono de uma agência ou alguma coisa do tipo. Quem é que se vestia assim num dia comum? Ele devia ser um personagem de anime ou alguma coisa do tipo. E mesmo com meu baixo conhecimento na área, eu diria que aquele terno era mais caro que um carro; bem cortado, preto, cheio de risquinhos brancos. Usava uma gravata dourada escura e um pingente estranho na frente.

Mas o que realmente chamava a atenção eram as cicatrizes horrendas ao redor de seus olhos.

— Eu — falei, chamando a atenção de ambos. — Jackson Jones sou eu.

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