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Bati a porta do motorista com força, mesmo sabendo que ela não trancaria. Ela está quebrada desde quando comprei o carro, lá no Ensino Médio, com meus doces 16 anos, como diria Juliet. Dois anos se passaram. Agora eu só estava cansado da área da Costa Leste em que vivia, pois nunca vira nada do mundo. Só conhecia minha cidade! Isso não era aceitável para quem se dizia aventureiro. E eu estava de saco-cheio de meus pais reclamarem de minhas "longas" férias de verão. Eu tinha o direito de descansar! Ainda mais se fosse junto com Juliet, minha melhor amiga. Aliás, era ela quem eu estava indo buscar naquele momento. Só precisava dar partida no carro, e foi justamente o que fiz.

Juliet é minha melhor amiga desde que me conheço por gente. Estudou comigo durante todo o tempo da escola e agora estuda na mesma faculdade que eu, mesmo que em um curso completamente diferente. Nós sempre estamos juntos, fazendo tudo que mais gostamos de fazer. Ela mora há duas ruas de distância, então não demoro muito para chegar. A rapidez da curta viagem me faz suar frio. Juliet ainda não sabe de meus sentimentos secretos. É um inferno esconder isso da pessoa que mais me conhece, mas não tenho muito escolha.

Buzino ao chegar em sua casa, apenas por saber como isso a irrita. E por saber que ela reconheceria na hora a pessoa em sua calçada. Juliet saiu de casa bufando, mas eu sabia que estava feliz em me ver. Sempre fica feliz em me ver! E a recíproca é verdadeira.

— O que está fazendo aqui sem combinar, Oliver? — Ela cruzou os braços e fez cara de brava. Tive que segurar o riso. Nunca combinamos nada, apenas fazemos o que dá vontade. Somos espontâneos! E não há nada mais espontâneo do que acordar em uma manhã de quinta-feira e decidir viajar para Nova York, não é?

— Corra comigo, Juliet! — Dei um sorriso grande, encarando seu rosto do outro lado da janela. — Estamos a caminho da cidade de Nova York!

— O quê? — A confusão em sua face era quase tangível. — Você enlouqueceu?

— Ué, nós não somos espontâneos? — Lembrei, fazendo-a concordar com a cabeça. — Então o que custa fazer uma viagem de bate e volta para Nova York?

— Justo. — Ela sorriu, virando a cabeça para olhar para sua casa. — Estaremos de volta antes do sol nascer?

— Talvez. — Ri, não sabendo ao certo quanto tempo levaríamos para voltar.

— Então o que está esperando? — Juliet abriu a porta do passageiro e entrou, um sorriso contagiante em seu rosto. Viu? Amigos de longa data conseguem confiar mais um no outro. É por isso que eu amo a Juliet!

— Então estamos partindo. — Comentei, dando partida no carro e direcionando-nos para Nova York.

New York CityWhere stories live. Discover now