Anhangá

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Para os jesuítas catequizadores, Anhangá era comparado ao demônio da teologia cristã. Os jesuítas durante a catequese dos indígenas brasileiros, interpretaram equivocadamente "Anhangüera" com o significado de "diabo velho" ao invés de "alma antiga".

Dizem as lendas que no princípio, quando existia apenas a escuridão do universo, Nhande Ramõi (Nosso Avô. Entidade suprema, o Deus criador de tudo, para os indígenas guaranis) criou a primeira alma, que na língua tupi-guarani se diz:

.Anhan ou añã -> alma
.gwea -> velha

Portanto anhangüera , "añã'gwea" significa alma antiga.

Para os indios Tupi-Guaranis era Anhangá: alma que corre.
Pode ser traduzido por alma errante dos mortos, sombra, espírito ou, visagem, que é o mesmo que espectro, fantasma e assombração. Podia assumir qualquer forma, até mesmo em ser humano. Porém sua forma mais famosa era a de um veado branco com olhos de fogo e uma cruz na testa. Conforme a forma que ele toma, ele recebe um nome específico. Alguns dos nomes são:

Mira-anhangá (forma humana);
Suaçu-anhangá (forma de veado);
Tatu-anhangá (forma de tatu);
Tapira-anhangá (forma de boi);
Pirarucu-anhangá (forma de peixe pirarucu).
Entre outros.

Segundo a mitologia, uma pessoa pode pedir a ajuda do Anhangá, caso seja atacada por um animal selvagem.
Conta-se também que pode-se fazer um pacto com ele, oferencendo-lhe tabaco em troca de uma caça bem sucedida.

Ele persegue e pune aqueles que caçam filhotes de animais ou animais que estejam amamentando seus filhotes.

Um sinal de sua chegada é o som de um assobio, e logo depois o animal caçado desaparece bem diante dos olhos do caçador.
O Anhangá engana os caçadores desviando suas balas, direcionando o alvo deles para pessoas queridas a eles.
Ele também pode provocar febre, visões e loucura nos caçadores.

Conta uma lenda que um índio perseguia implacavelmente uma veada que amamentava seu filhotinho, tendo este gravemente ferido por uma flechada certeira, e depois seguro pelo caçador, que o torturava, atrás de uma árvore, para atrair a veada com os gritos do filhote. Caindo na emboscada, o animal é transpassado por uma mortífera flecha do índio. No entanto, ao contemplar sua presa, o índio, desesperado, viu-se vítima de uma ilusão engendrada pelo Anhangá. Era o corpo de sua mãe.

Foi dessa criatura que surgiu o nome "rio Anhangabaú" para um ribeirão que corta o estado de São Paulo. Inicialmente conhecido como Rio das Almas, o rio Anhangabaú era muito temido pelos indígenas da região. Os índios acreditavam que suas águas traziam doenças ao corpo e ao espírito. Essa crença leva a suspeita de que suas águas não eram potáveis. O rio era considerado pelos índios como " bebedouro das assombrações". Diziam que  você pode ver um Anhangá se andar pela Floresta Amazônica em noite de lua cheia, noite em que os espíritos da natureza se fortalecem ainda mais nas matas.

Glossário Da Mitologia Brasileira - V.L.IOnde as histórias ganham vida. Descobre agora