Mudança de ares

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Só mais um dia, só mais um dia.

Depois vem o feriado, eu sumo daqui temporariamente. E não preciso me deparar com ninguém conhecido.

Cheguei no colégio tentando não olhar para ninguém, mas por azar acabo entrando junto com a Alexia, mas finjo vê-la.

Ela foi direto para o lado dele, dando um beijinho em sua bochecha, e exibindo seus olhos verdes cintilantes.

Eles pareciam aqueles casais de filme/serie que todo mundo shippa desde o início.

Me deparar com essa cena fez com que eu me sentisse uma inútil, porque, óbvio eu sempre o cumprimentei assim, é totalmente normal.

Mas com ela...parece que...sei lá, é diferente.

Eu não quiria olhar para o "casalzinho" em nenhum momento. Mas algumas vezes não consigo evitar, e em todas elas, me deparo com a Alexia flertando com ele de algum jeito.

Em alguns momentos eles dizem alguma coisa sobre ajudar uma garota a ficar com um cara.

Eu conheço a garota, é uma baixinha e muito fofa. Mas parece que arruma uma paixão nova a cada semana.

E sobre o garoto, já o vi passeando pelos corredores da escola.

Não sei muito, nem me importo.

Tive um dia entediante e depois que as que as aulas acabaram, depois que todos foram embora, por trás do colégio, me deparo com uma cena não muito agradável:

A Baixinha, sendo imprensada na parede, e praticamente engolida pelo cara.

Alexia e Matt estavam apenas observando a cena, seus olhares curiosos e atentos.

Alexia bem perto dele. Era o momento perfeito.

Já havia um casal, agora era só a Alexia se aproximar e tomar uma atitude.

O Matt já me disse alguma vez, que não conseguiria desviaria de um beijo, mesmo que ele não gostasse de quem tentasse. Se ela começasse, ele não impediria.

Não aguentei ficar para ver mais nada.

Ele é o meu melhor amigo, mas se a Alexia conseguir alguma coisa séria com ele. As chances de nos reconciliarmos vão ser de zero para baixo.

Principalmente porque ela acha que está em uma competição, e não entende que a amizade dele é muito importante pra mim.

De qualquer forma, agora estou aqui, olhando para o teto, minha mente já criou e repassou a cena dos dois juntos milhões de vezes.
Não consigo pensar, nem me concentrar em outra coisa.

E eu não tenho mais forças pra nada, eu realmente preciso sair daqui.

[...]

Estou embarcando em um ônibus para São Paulo nesse exato momento.

Minha cabeça cheia de devaneios que estavam me destruindo, eu preciso me livrar deles o mais rápido possível. O melhor jeito era saindo da cidade por um tempo.

Eu tenho parentes no Canadá, mas como o feriado só ia durar uma semana não fazia sentido ficar tão poucos dias lá.

Eu tive a sorte de pegar a minha mãe de bom humor, e ela me deixar passar o feriado em São Paulo, na casa de uns primos.

Tudo o que eu preciso é sair dessa cidade, esfriar a cabeça, e não encontrar mais nenhum conhecido durante todo o feriado.

As quase 3 horas de música no ônibus infelizmente não ajudam. Principalmente porque grande parte da minha playlist são músicas para refletir sobre a vida. E eu só queria esquecer que existia por alguns segundos.

Uma adolescente totalmente comumOnde histórias criam vida. Descubra agora