-Longa história... Onde está Alfie? - indago, estranhando o seu silêncio.

-Aqui amor! - se manifesta.

Faço uma careta.

-Você tem que parar com esses apelidos, é um mais péssimo que o outro! -reclamo.

-Pensei em ser carinhoso... - murmura.

-Me chame de Natasha.

-Posso chamar de Tasha?

-Não, só o Táu pode. - debocho.

-Que história é essa de amor?! - intervém Luiz.

-Natasha? Você não contou? - questiona Jack.

-Pela reação dele, acho que não... -diz Sara.

-Tem algo que deva saber, Natasha?! - indaga ele.

Reviro os olhos.

-Estou namorando sua filha, sogrão!! - responde Alfie.

-Não me chama assim, garoto! - murmura. -É o que? Quando me contaria isso? Vocês não se odiavam?!

-Ironias da vida. - debocha Noah.

-Como você já sabe, andei meio sem tempo.

-Estamos no século XXI, Natasha! Já ouviu falar de celular?

-Para de chilique, as pessoas estão começando a olhar. Você nunca foi do tipo ciumento.

-Não estou com ciúmes, mas bravo por ser o último a saber!

-Tecnicamente, a Alexia seria a última a saber. - corrige Jack.

-Tabom, já deu. Tenho dezenove anos, não preciso mais da sua permissão para namorar, não que tenha precisado antes... Esqueci de te dizer. ok. errei. satisfeito?

-Eu...

-O presidente está vindo. - interrompo.

Snoolk se aproximava de vagar, esbanjando um sorriso amigável na nossa direção, passando levemente as mãos no cabelo que apontava o tom grisalho. Agradeci internamente por vê-lo interromper a conversa antes que alguma confusão fosse gerada. Sinceramente, depois de meses sem falar com o meu pai, não quero que a nossa primeira conversa seja uma briga, e muito menos que o meu relacionamento com Alfie se torne o motivo.

-Agente Morgan! Fico feliz em vê-la!

-Snoolk! posso chama-lo assim, não é?- questiono, vendo-o acenar com a cabeça. - Minha mãe não pode comparecer, e meu pai fez o convite.

-Luiz! Você tem uma ótima filha! - murmura, apertando a mão do meu pai.

-Como vai Paul? - questiono, lembrando do garotinho que salvei á alguns anos.

-Otimo! Já está um rapaizinho! É um grande fã seu!

-Fico feliz de saber que ele esta bem! -sorrio. -Mas infelizmente, não foi para aproveitar a festa que vim.

Ele franze a testa, prestando claramente mais atenção á conversa.

-Estamos quase lá! - grita Simon. -Enrola ele!

-Posso saber o motivo? -indaga.

-Bem, acho que você já sabe, não é?

-Não estou entendendo Srt. Morgan...

-Vou ser mais clara. Estou aqui por Dylan.

-Está trabalhando pra ele?

-Não se faça de bobo, você já sabe que sim!

-Então por que precisa de mim?

-Quero um contato. Preciso falar com ele, mas não tenho nem sequer um número.

-Se ele não lhe deu o telefone, não posso fazer isso.

-Ah... você vai fazer sim. Nós dois sabemos o quanto você está sujo! Esse salão está cercado do que? Generais? Militares? Garanto que qualquer um deles gastaria o seu tempo só para ouvir a história de um presidente corrupto.

-É a sua palavra, contra a minha.

-Conseguimos! Estou enviando para o celular! -grita Noah.

-Na verdade, são as minhas provas contra a sua palavra.

-Impossível!

Retiro o celular do bolso interno da roupa do meu pai, e viro a tela de modo que o presidente pudesse enchergar o vídeo, que já era transmitido.
Pouco a pouco, conforme o video avançava, Snoolk foi abandonando a postura rigida, substituindo-a por uma tensão palpável.

-E então, mais alguma dúvida? Garanto que essa não é nem a metade das provas que tenho. Posso te afundar em um piscar de olhos.

-Pega leve, ele ainda é o presidente. - aconselha Miller.

Snoolk retira um celular antigo do bolso do terno, daqueles modelos descartáveis e me entrega.

-Faço contato por esse telefone. Ai estão os números.

-Não quero seu telefone, só os números. - murmuro copiando a lista de contatos para o meu celular. -Prontinho! Foi bom negociar com você, senhor! Ah, e pra sua segurança, não diga nada a Dylan sobre isso.

-Agora vocês já podem se retirar.

-Que grosseiro! Sorte a sua que odeio esse tipo de festas. -digo sarcástica.

-Vamos, Natasha. - intervém meu pai, me puxando pela mão. -Não consegue manter essa boca fechada?

-Não reclama não! A culpa é sua... genética, esqueceu?

Abro a porta do carro, entrando com dificuldade no lado do acompanhante. Sim, ele vai dirigir. Não quero causar nenhum acidente tentando guiar um carro com esse vestido incomodante, se é difícil ver os pés, imagina os pedais?!

-Simon, acabei de enviar os número para o seu telefone... vou desligar os comunicadores. - murmuro, rancando o aparato da orelha sem esperar por resposta. - Quer dizer alguma coisa?

-Como sabe que...

-A sua linguagem corporal - intervenho.

Ele sorri, orgulhoso.

-Você está aprendendo... só queria pedir desculpas... tranformei uma notícia boa de um namoro em motivo de discussão.

-Está desculpado, mas sinceramente? Não entedi porque você agiu daquela forma!

-Perdi anos da sua vida. Te conheci com quinze anos e passamos pouco mais de um ano como pai e filha até você sumir novamente. A última vez que á vi, tinha dezesseis anos! É difícil me acostumar com a ideia de que não precisa mais de mim, e que os anos que precisou, não estive lá. E quando você finalmente volta, está longe... não estou te culpando, de jeito nenhum! Só quero que me entenda, ok?

-Você soube a vida toda da minha existência.

-Já conversamos sobre isso.

-Eu sei, quero dizer que não somos estranhos. Somos pai e filha. E isso ninguém muda. - murmuro convicta. - Agora, podemos parar com o momento sentimental? Vamos fazer um programa de familia! Você liga pra Alexia?

-Claro, mas onde vamos?

-Beber! Conheço um ótimo bar!

Ele ri.

-Você com certeza, não é normal.

-Percebeu isso agora, vovô?




Agente Morgan 3Where stories live. Discover now