Capítulo 13

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Já fazia dois dias que sai da cada da minha mãe, passei apenas aquela noite no local e recolhi os suprimentos necessários. Não foi muita coisa, já que Jack deixou quase tudo o que necessitava na sacola que agora carregava dentro de uma mochila roubada. Naquela noite, após uma longa conversa com a minha mãe e meu pai, chegamos a conclusão de que eu deveria mudar de estratégia. Esse tempo todo procurava pela pessoa que me traiu, e não pelo culpado mais evidente do ataque com as bombas. Dylan. Chegando a ele, provavelmente descobriria o traídor, e apesar de saber que sua nova base estava muito bem escondida, as chances de encontrá-lo era bem maior do que encontrar um fantasma.
Olho para o parquinho a minha frente, onde uma dúzia de crianças brincavam enquanto os pais conversavam no canto da caixa de areia. Ali era um lugar público, e para frequentar lugares assim, é necessário usar trajes especiais, que escondam minha identidade, como por exemplo, um boné. Não é algo totalmente útil, mas ajuda.
Não estou aqui curtindo a vida, ou até mesmo tomando um sol do meio dia. Estou aqui porque um dos meios mais fáceis de chegar a Dylan, é pelos seus associados. E quem melhor do que o filho do próprio Ducler? Sim, estamos falando de Tales, ou seja lá qual for o verdadeiro nome dele. Ducler é um homem muito bem protegido, já seu filho... é um alvo fácil. Ainda mais depois que ele se casou e teve um filho.
Olho para a babá jovem segurando a mão da criança, que aparentava ter dois anos e meio. Em passos lentos, ambos caminhão em direção a um veículo branco.
Levanto, arrumando o boné na cabeça e caminhando mais rápido na direção dos dois. A criança já tinha sido colocada no carro quando me aproximei, encostando o bico da arma na cintura da babá.

-Entre no carro e dirija.

-Por favor... Estou com uma criança e...

- Não vou repetir de novo.

Trêmula, a mulher terminou de acomodar o cinto do menino e deu a volta no carro, enquanto ela adentrava o lado do passageiro entrei no veículo usando as chaves de carro postas em cima do banco.
Dirijo pelas ruas em direção ao meu mais novo esconderijo. Já que os criminosos usam barracões, por que não posso fazer o mesmo? Eles são sempre abandonados no meio do nada, onde nem a própria polícia ousaria ir. Sim, nem sempre estão em um bom estado. A maioria é cheia de ratos, poeira, lixo e insetos, mas essa era a opção mais viável.
Com o dinheiro que Jack e minha mãe me deram, organizei um dos cômodos para que a criança e a babá não pegassem qualquer doença. Certamente não ficou perfeito, mas pelo menos eles estariam bem acomodados.
Depois de algumas voltas a mais por caminhos alternativos para chegar ao meu "lar", estaciono o carro dentro do barracão. Foi preciso distrair a babá, e impedir que ela decorasse o caminho, ou algo do tipo, já que dali em diante, aquela seria a minha casa.
       Seguro o criança no colo, ajudado no transporte até a sala e  antes de deixa-lo com a mulher, retiro o celular do bolso para tirar uma foto e roubo o celular dela. Tranco a porta, e sigo para a sala ao lado, onde organizei o meu quarto.
       Procuro na lista de contatos o número de Tales, e a partir do meu aparelho, envio a foto. Com certeza não demoraria muito tempo para que ele enviasse uma resposta. Sei que estou sequestrado uma criança, e que além de isso não ser nada ético, é crime. Mas somando o meu histórico, esse era apenas mais um no número de crimes que provavelmente cometeria até finalmente provar minha inocência. E certamente não pretendia fazer mal algum ao menino.
      Olho para baixo, sentindo o celular vibrar entre as minhas mãos. A tela se iluminou e uma nova notificação anunciou a resposta de Tales. Ele queria me encontrar, provavelmente ainda não descobriu que fui eu quem sequestrou o seu filho. Afinal ele é um criminoso, qualquer um poderia ter feito tamanha maldade. Por sorte, o garoto caiu nas minhas mãos.
      Envio uma nova localização, marcando de encontra-lo em um lugar o mais longe possível do barracão e a orientação  de que ele não levasse ninguém consigo. Recolho as chaves do carro do chão sujo, e volto ao quarto contíguo, mas desta vez por precaução, vendei os olhos da babá.
     Sem muitos rodeios, dirijo até a mesma praça onde sequestrei o menino. Não demorou muito para identificar os homens e mulheres disfarçados dentro e fora dos carros da região. Reviro os olhos, porque criminosos não conseguem seguir ordens?
    
     E eu com três balas...

     A falta das crianças que antes brincavam no parquinho foi uma ótima pista de que algo estava errado. Novamente seguro o menino no colo, me esquecendo completamente da babá, e caminho em direção a Tales, que calculava cada passo meu, sentado no banco de centro da praça.
      Ele estendeu o braço, assim que me viu, pretendo pegar o menino, mas o afastei das mãos do pai. O garoto era minha única garantia de que não seria morta no mesmo instante em que o soltasse.

-Quero o meu filho!

- PA..pa! - babucia a criança.

-Você vai tê-lo, mas somente depois de dizer onde é a nova base de Dylan. - digo, me sentando ao seu lado.

-Não tenho essas informações!

-Ama mesmo o seu filho?

-Se eu disser... eles vão me matar!

     Reviro os olhos, sempre a mesma ladainha.

-Não se pega-los antes, e você sabe que sou boa nesse requisito. Além disso, estará fazendo um favor ao menino, ele não merece viver no seu mundo!

-No meu mundo? Natasha, eu abandonei o crime a muitos anos!

-Como...? - indago surpresa.

-Pelo visto você não fez a sua lição de casa. Não tenho mais envolvimentos com o meu pai, e muito menos com Dylan!

-E como sabe a localização da nova base?

-Essa base foi escolhida muito antes de sair do crime. Ela não é tão antiga assim. Acha mesmo que eles seriam tão burros a ponto de fazer uma base a vista de todos? Por mais afastada que fosse da cidade, alguma hora alguém descobriria. Aquela base OF que você conhece, era apenas usada para treinar os novos cadetes. As operações, aconteciam em outro lugar. Nem mesmo a OSCU sabe disso!

      Limpo a garganta, tentando deixar a surpresa de lado e me concentrar nas perguntas.

-Onde é o local?

     Tales olhou para os lados, preocupado.

-O que está procurando?

-Aqui é perigoso dizer, qualquer um pode está nos vendo...

-Relaxa, seus homens vão nos proteger, agora preciso qu...

-Espera! -intervém. - Meus homens? Natasha, vim sozinho, como você mandou.
      
     
      

Agente Morgan 3Where stories live. Discover now