6 - SUA MENINA

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           Só vai.
           Só vai.
           Só vai
 
       Fui o caminho inteiro repetindo isso como um mantra enquanto dirigia o carro da minha irmã pelas ruas da cidade. Até ele chegar do trabalho às 18:00 horas. Eu teria tempo pra pensar o melhor jeito — se é que existe um jeito — pra dizer para ele que o amo. Poderia fazer algo gostoso pra comer. Um jantar romântico sei lá, mas ele detesta minha comida. Pura implicância, sou uma excelente cozinheira, se eu precisasse cozinhar, óbvio. Poderia pedir um japonês ou uma pizza com vinho. Sou péssima em tentar ser romântica devia ter pesquisado algo enquanto tava em casa, talvez pesquise lá na casa dele, ou posso me poupar do trabalho e só fazer um brigadeiro, tirar a roupa e esperar ele completamente nua em sua cama. Pronto uma coisa gostosa e prática. Sem risco de ficar ruim. Sorrio com a ideia enquanto estaciono em frente a casa dele. A primeira coisa que noto é a luz acesa. Estranho. Parece que tem gente em casa. Será que ele chegou mais cedo ou é ladrão? Pelo amor do Adonai! Não sei o que é pior. Se for ele terei que falar agora, assim de qualquer jeito, sempre preparar o coração e se for ladrão... Pensando bem a primeira é pior. Não estão roubando nada meu mesmo. Só esperar saírem e... Espera! Ladrão não iria acender a luz, mas Tommy também não. Ainda nem é 17 horas e ele leva a sério a economia de energia e recursos naturais. Há algo errado, nada certo.

      Desço do carro e fico a espreita no portão para ver o que está acontecendo. Pode ser a família dele e se for eles vou embora. Deus me livre da minha sogra. Prefiro cutucar onça com vara curta ou entra descalça no ninho de cobras. Vejo um vulto na janela e demoro menos de um quarto de segundos para reconhecer a silhueta. Preferia que fosse um ladrão.

      O que essa prima vadia faz aqui? Na casa dele e eu não fui informada. Tommy eu vou comer seus ovos!

      Entro na casa com minha chave, como se fosse a dona da casa, afinal se ela que nem parente é, pode imagine eu que sou quase dona. Como mamãe diz: tenho tanto tempo com ele que se nosso caso terminar metade de tudo é meu.

      Cristina, a prima vadia, parece não me ver ou ouvir só agora percebi que o som está ligado e ela canta distraída de olhos fechados. Poderia já dar uma voadora na fuça dela e nem ia saber o que a atingiu mas estou calma hoje e opto por ser menos agressiva.

— O que faz aqui, vagabunda? — Indago cruzando os braços.

— Que susto menina. — vira com mão no peito, que praticamente se jogam pra fora da blusa mega apertada junto com a barriga. — Dormir aqui. — responde simplesmente. Ela parece não se importa com o xingamento.

— Não dormiu não. — Cruzei os braços na altura dos seios — Eu dormir aqui.

— Brincadeirinha. Vim ver como Tom está. A mãe dele está preocupada. — ela solta o cabelo preto que consegue ser maior que o short que usa.

— Não há razão pra preocupação. Tommy está ótimo.

— Falei isso pra mãe dele, mas sabe como mãe é né?! Disse que está com um mau pressentimento.

       Do jeito que aquela mulher tem cara de bruxa. Tenho até medo desses pressentimentos dela. Deus é maior.

— Ele está trabalhando agora. Só chega às 18:00 horas. — Informei mas queria mesmo era colocá-la daqui pra fora dando de bicuda só na cara. — Como você bem deve saber, já que faz um século que a rotina dele é essa e apesar da roupa infantil, você não nasceu ontem. — Provoco. Só pra não perder o costume.

— Você é uma figura — uma figura que deseja ardentemente desfigurar você — É, eu sei dos horários dele. — Passa por mim indo em direção ao sofá. — Farei uma surpresa pra quando ele chegar.

Operação: não Caso - (DEGUSTAÇÃO) Livro 2🎈🎉Onde as histórias ganham vida. Descobre agora