4 - ADMITE

885 220 34
                                    

 
      Óbvio que atrasei pra aula e consequente toda minha rotina desestabilizou, por isso que ando evitando Tommy. Estou quebrada, cansada e morrendo de sono, apesar de ter seu lado bom já que estou satisfeita e menos estressada, hoje eu só queria fica em casa dez minutos deitada no sofá sem fazer nada. Sem falar com ninguém. Apenas existindo, respirando e sentindo meu coração bater. Seria maravilhoso e possível se eu não fizesse parte da família Oliveira e dividisse a casa com a mãe mais preocupada com a vida dos filhos da face da terra.

     Será que se eu me trancar no banheiro consigo ficar dez minutos em perfeita harmonia, penso ouvindo os saltos da minha mãe bater contra o piso de forma irritante.

— Que horas você saiu? — mamãe indaga parada a mim frente de braços cruzados e parece bastante brava. Lá se vai qualquer projeto de paz que eu tenha feito.

— Sair cedo, mãe. — respondo cobrindo o rosto com as mãos. — Tenho 24 anos já, acho que tenho idade pra sair sozinha.

     Estou deitada no sofá ainda com a roupa que sair da casa do Tommy para o colégio e em seguida para o estágio. Não tenho tempo para trocar de roupa. Minha chefe é maravilhosa mas exigente ao extremo e não tolera atrasos. Isso porque não sou remunerada e ela jamais me garantiu que um dia serei.

— Ainda tem idade pra apanhar. Olha o tom que você fala comigo e olha pra mim quando eu estiver conversando com você.

       A vontade é de revirar os olhos mas como gosto do meu rosto sem plásticas me limito a pedir desculpas.

— Não quis faltar com respeito. Desculpa.

— Que horas você saiu?

— Mãe, eu tomo cuidado tá.

— Toma cuidado?! — bate o pé no chão mas sei que sua vontade é bater em mim.

— Sim mãe, não sou um bebê. Sei que é perigoso sair cedo.

—Cedo? Sair de madrugada, né?

— Thomas estava aqui na frente me esperando.

— Odeio quando mente pra mim e de todos meus filhos você é a mais que faz isso.

     Essas palavras me acertam como um tapa na cara e pior que é verdade. Eu minto muito pra ela e às vezes é algo automático. Quando vi já mentir.

— Desculpa mãe... Eu sair de madrugada mas realmente Thomas estava por perto me esperando. Não corre perigo momento nenhum.

— E acha que fico mais tranquila com essa informação? Filha ultimamente até dentro de casa corremos perigo...— passa a mão na testa — Agora não vou pregar o olho a noite achando que você está na rua correndo perigo. 

— Ai mãe faço isso há dois anos e nunca tive problemas. Relaxa.

— Relaxa! — imita fazendo careta — Bem que dizem que filho só não dar trabalho na barriga porque nasceu é só dor de cabeça. Quando bebê não nos deixa dormir por fome e quando cresce não nos deixa dormir por sexo.

— Mãe não dramatiza.

— Espera ter seus filhos. Espero que meninas, meia dúzia de filhas. Todas igualzinhas a você, só para prova do seu veneno.

      Aí Senhor, praga de mãe não!

— Isola. Acorrenta. Repreende. — Não dê idéias ao universo. — Meu santo anticoncepcional jamais falha e jamais falhará. Não sou criança, sei me cuidar.

— Então para de agir como uma.

— Tá bom, mãe. Tá bom. — dou um beijo em sua testa. Não vou discutir com ela. Estou cansada demais pra isso.

Operação: não Caso - (DEGUSTAÇÃO) Livro 2🎈🎉Onde as histórias ganham vida. Descobre agora