- Sim? -falei.

A pessoa não respondeu, apenas pude ouvir sua respiração.

- Escuta aqui, se não for falar nada eu sugiro que dê meia volta e volte para o lugar de onde saiu! -falei, impaciente.

- Espera! Charlotte... sou eu. -Jason falou, sua voz estava fraca e calma.

- Isso vale para você também Jason. Some de uma vez e me deixa em paz!

- Eu quero conversar com você, por favor, me deixe entrar. Eu só quero conversar.

- Ah, agora você quer conversar?! Que gracinha. Escuta Jason, eu acho melhor você sair da frente da minha casa antes que eu pegue o balde de novo! -falei, começando a ficar irritada.

- Não! Por favor Charlie, eu fiquei doente com com todos esses baldes de água que você jogou em mim. Por favor, eu só quero convers...

- Já falei pra nunca mais me chamar assim! Sai logo daqui cara! Eu já falei que pra mim você não passa de lixo e eu não tô nem aí se você tá doente, por mim você já podia morrer!

- Eu falo sério, Charlotte. Sei que te fiz muito mal, e sei também que não vai me perdoar. Eu só quero ver como você está. -falou e tossiu em seguida.

- Eu estou muito bem, obrigada. Agora tchau. -desliguei o interfone.

Horas se passaram e eu espiava pela janela. Jason não saiu de lá desde que nos falamos pelo interfone. Aquilo estava me deixando com raiva.

Abri a porta e olhei para Jason, que estava sentado no chão, com um braço apoiado em uma perna. Sua cabeça estava baixa e ele brincava com algumas pedrinhas no chão. Como não tinha me visto ainda eu voltei para dentro. Enchi um balde com água gelada e peguei com um pouco de dificuldade. Carreguei até o lado de fora e dessa vez Jason me notou. Levantou e um sorriso esperançoso abriu em seu rosto.

- Charlie...

Joguei o balde de uma vez nele, fazendo barulho. A água caiu e estalou no chão, devido a grande quantidade. Me recompus e olhei para Jason, que estava paralisado e de cabeça baixa.

- Isso é pra você aprender a não me seguir e não ficar igual um cachorro sarnento no portão da minha casa! Agora some daqui! -gritei.

Jason ergueu a cabeça lentamente e seu rosto estava mesmo de quem estava doente. Seus olhos estavam caídos e sua pele pálida e amarelada. Ele não falou nada, apenas me olhou, e com as roupas todas molhadas ele se virou e caminhou até o carro. Voltei para dentro de casa sem esperar vê-lo partir. Larguei o balde em algum lugar da casa e suspirei, pensando se nunca teria paz. Não demorou muito até que Grego aparecesse. Ele estacionou o carro em frente a minha casa e eu fui à seu encontro.

- Lavando a calçada essa hora, Charlotte? -brincou, me mostrando seu lindo sorriso.

Sorri também e o abraçei. Olhei por cima de seu ombro e, no acostamento de uma rua distante pude ver o carro de Jason.

Merda! Por quê esse idiota não vai embora?!

Decidi provocá-lo. Era algo muito imaturo, porém era a única forma para afastar Jason.

Segurei o rosto de Grego e lhe dei um beijo. Ele logo retribuiu. Nossas línguas começaram a se enroscar e eu não me importava de beijar Grego na calçada, eu só queria afastar Jason, só queria que ele seguisse o seu caminho e nunca mais me procurasse. Porém, senti que aquilo não era certo. Não por Jason, mas por Grego. Ele gostava de mim e eu também gostava dele, mas como amigo. Não seria justo deixar ele nutrir esperanças por mim achando que eu também estava gostando dele. Parei o beijo, devagar para não parecer apavorada. Abri meus olhos e Grego também.

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