Capítulo 57

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             A SURPRESA
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6 MESES DEPOIS...

CHARLOTTE


Seis meses se passaram e eu finalmente comecei a levar a minha vida pra frente. Suzan e Grego ficaram os quatro primeiros meses comigo, cuidando de mim e arrumando tudo. Eram verdadeiros anjos na minha vida. Grego vinha me ver de vez em quando sempre que podia, e Suzan arrumara um trabalho como recepcionista em um hotel distante, chegava muito tarde em casa por isso quase nunca me visitava. Eu compreendia seu lado. Quanto a mim, continuava com a minha gestação complicada e com uma barriga que já denunciava a minha gravidez. Sentia fome quase o tempo todo e sempre sentia vontades loucas. Outro dia tive vontade de comer pimenta com manteiga de amendoim.

Não me pergunte como eu tinha vontade de comer isso.

Na verdade, todas as minhas vontades envolviam pimenta. Ethan seria todo apimentado. Sim, o nome do meu menino seria Ethan. Eu gostava desse nome. Na verdade, já o tinha em mente antes de engravidar e sempre falava que se tivesse um filho seu nome seria Ethan. Suzan e Grego entraram em contradição. Grego queria colocar o nome do garoto de James, e Suzan de Breno. Não queria nenhum dos dois. Ainda mais o que Grego sugerira. James. Não queria que meu filho tivesse a inicial do nome igual do pai.

Falando no traste, Jason tem me procurado desde que me mudei. Ele ficava do lado de fora, com o carro estacionado em um canto escuro. Eu evitava sair na rua, saía apenas para comprar comida e coisas que eu tinha vontade. Ele não saía do carro e já tentou falar comigo várias vezes, mas sempre o barrei. Não queria que Jason acompanhasse nenhum detalhe da minha gestação. Eu sei que é egoísmo, afinal de contas ele é o pai do meu filho. Mas me humilhou tanto e chamou o meu filho de coisa, e a minha vontade era viver em uma caixa de aço inquebrável e sem nenhum buraquinho para que ele não pudesse me ver. É tolisse, mas era de verdade a minha vontade. Jason também mandara coisinhas de bebê para a minha casa. Comprava berços e milhares de roupinhas para Ethan, andadores, mamadeiras, fraldas, balcões, brinquedos e guarda-roupas. Sim, tudo no plural. Contratara até um pintor e um arquiteto para que viessem arrumar o quarto do meu filho. Mas eu sempre recusava.

Aliás, nesse momento, eu voltava do mercado que tinha próximo à casa. Lá eu encontrava de tudo e nem precisava andar tanto. Eu caminhava todo dia de manhã bem cedo, eram as vezes mais frequentes que eu saía de casa, e também era quando eu sabia que Jason estava dormindo no carro, e quando ele não vinha eu dava graças a Deus e caminhava três vezes por dia. O médico havia dito que aquilo iria me fazer bem, que eu não precisava ficar enclausurada dentro de casa, eu podia caminhar. Contudo, nesse momento, eu andava pela rua, quase chegando em casa, e já avistava o carro de Jason estacionar.

Inferno.

Já perdi as contas de quantas vezes eu enxotava Jason da porta da minha casa com baldes de água. Ele estava muito magro, havia perdido praticamente todo o músculo que tinha. Seu rosto estava ainda mais abatido e sua expressão era sofredora. Sua barba estava cada vez maior e ele não se aproximava de mim a não ser que eu permitisse. Ele parecia mesmo arrependido do que fez. Porém, eu não o perdoaria. Jamais perdoaria Jason por tudo o que ele fez comigo. Foi humilhação demais, e eu queria que ele passasse por tudo o que eu passei, só que pior. Embora eu achasse que isso já estivesse acontecendo.

Estava próxima à minha casa e vi de canto de olho Jason me observar. Não queria falar com ele e não queria que ele descesse do carro, então acelerei os passos. Andei rapidamente até que chegasse na escada de casa. Abri o portão e entrei no quintal da linda casa. Entrei na mesma e fechei a porta rapidamente. Me encostei na porta e soltei o ar que nem sabia que estava prendendo. Caminhei até a cozinha e depositei as compras na bancada. As tirei da sacola e comecei a guardá-las, quando alguém apertou o interfone. Caminhei até o interno e apertei o botão para falar com quem fosse que estivesse lá fora, embora eu já tivesse ideia de quem seria.

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