39 - Ferdinando, o caçador das florestas

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Acordei com o Billy lambendo o meu rosto, como já estava habituado. E um desespero tomou conta do meu corpo assim que vi a hora no rádio despertador, pois eu estava atrasado!

Em uma correria maluca, tive que me arrumar feito um louco e correr para a escola comendo o pão pelo caminho. Cheguei no campus vazio, desesperado, mas o portão ainda estava aberto. Entrei na escola como quem estava apostando uma corrida e, quando cheguei à sala, todos já estavam em seus lugares, com a professora se preparando para passar a matéria no quadro negro. Quando me viu, perguntou:

- Que horas você pensa que são agora, senhor Diogo?

- Foi mal, professora, eu me atrasei um pouquinho. - Dei um sorriso tímido; era chato ser o centro das atenções. Dirigi-me ao meu lugar completamente sem jeito, me juntando aos meus amigos, e desabei na cadeira, cansado.

- Perdeu a hora? - zombou Natsuno.

- A minha sorte foi que o Billy me acordou – falei.

Olhei ao redor e felizmente não encontrei o Shin – mas Sophia estava lá, linda como sempre, e me olhava naturalmente, olhos que não transmitiam mais aquela raiva assassina.

Quando percebeu que eu também olhava, a garota virou-se rapidamente para frente.

Um sorriso automático formou-se em minha boca.


- Temos uma caçada pra hoje – Riku avisou, quando já estávamos no intervalo; sentamos em uma das mesas do centro do refeitório, praticamente rodeados por alunos que jogariam basquete mais tarde.

- Mas não apareceu nada nos noticiários – Natsuno arqueou uma sobrancelha -, e não podemos ultrapassar os limites do sul de Honorário.

- Não basta só ler os jornais. – Riku parecia impaciente, soando arrogante como éramos habituados. – É preciso assistir aos noticiários! Duas mulheres foram encontradas mortas no Jardim Ipê-rosa por esses dias. – Eu me estremeci com aquilo. Era um dos bairros vizinhos ao meu. – Havia mordidas pelo pescoço das vítimas, e a polícia ingênua da cidade acredita que há algum animal assassino pela floresta.

- Aquela floresta tem história – falei.

Ao meu lado, Joe não comia seu gigantesco sanduíche, o que eu certamente achei estranho.

- O que foi, grandão? – perguntei.

- Nada, eu só não estou... acostumado. – Ele engoliu em seco. – Vocês falam de vampiros como se fosse uma coisa simples, mas não é. Isso dá medo, e é nojento. Espero nunca ter que cruzar com um deles.

Uma coisa me ocorreu no mesmo instante. Só enfrentávamos vampiros fortes e corpulentos. Eram raros os magricelas. Ou seja, quando encontravam vítimas fortes, ao invés de se alimentarem, os vampiros preferiam transformá-los. Bom, pelo menos foi isso que deduzi – e considerando que o Joe era um cara forte... Bom, decidir não dizer aquilo em voz alta. Deixei em off.

- Fica frio, cara – falei. – É pra isso que estamos aqui, para combatê-los. Há caçadores pela cidade inteira.

- Verdade – disse Natsuno.

Joe pareceu mais tranquilo.

- E como vocês saberão onde encontrá-los, dessa vez? – foi Jake quem perguntou. Na mesa ao nosso lado, garotos faziam um barulho enorme, animados com a partida de basquete.

Caçador Herdeiro (1) - Vento Sufocante | COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora