14 - O jogo da superação!

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Meu trajeto casa-escola-rapidamente-porque-eu-estava-atrasado resumia-se em pensamentos e hipóteses amedrontadores. O pesadelo em si já fora assustador o suficiente para que eu ficasse pensativo o dia inteiro, mas saber que alguém havia trancado a porta do meu quarto pelo lado de dentro enquanto eu dormia sendo que a janela, desde a noite da invasão do diretor ao meu quarto, vivia fechada me causava náuseas de tanto pavor, pois nada poderia explicar o ocorrido, a não ser que houvesse um bicho-papão dentro do meu guarda-roupa, o que não era possível – apesar que vampiros, que até poucos dias eu pensava ser apenas ficção, existiam. De uma forma ou de outra, eu estava extremamente assustado. Eu até pensei em entrar em contato com o meu pai, mas decidi que não podia ficar recorrendo a ele toda vez que algo estranho acontecesse. Além de ser irritante (porque o meu pai era o chefe de uma organização de caçadores, portanto deveria ter outras responsabilidades), seria meio que constrangedor para mim. "Diogo Kido, um jovem caçador medroso que conta tudo ao papai".

Não mesmo.

O jeito era fingir que nada aconteceu.


Já no colégio, eu me encontrei com a mesma turma de sempre. Depois entramos e, já na sala, começamos os estudos.

Após a última aula, tocou o sinal. Como ontem, todo o time de futebol da sala, ao invés de ir embora, desceu para o campo da escola para treinar, eu entre eles. Nos trocamos no vestiário masculino do ginásio, onde tiramos o uniforme escolar para colocar roupas mais leves, mais adequadas – camisetas, shorts e tênis de esportes/chuteiras – e corremos para o Miniestádio – o campo de futebol.

- Hoje faremos um treino coletivo – avisou o treinador Almeida quando já estávamos todos reunidos, no banco de reservas.

O campo ficava ao oeste do bosque, a uns trinta metros do prédio escolar. Perto do campo havia duas quadras, já um pouco mais distante do edifício. Seria numa delas que Sophia e as outras meninas treinariam handebol – acabei lembrando do último pesadelo, no qual Sophia ficava distante de mim.

- Professor – disse Marcelo, sem jeito, quebrando meu pequeno devaneio –, você não acha que é muito cedo para um coletivo?

- Muito cedo? – Rubens ironizou, o encarando nos olhos com uma sobrancelha arqueada. Sua voz era firme e calma ao mesmo tempo, mas soava como uma lâmina afiada. - Marcelo, por acaso você quer treinar o time no meu lugar? – Isso fez com que o garoto ficasse sem graça e o treinador com uma sensação de durão; muitos o olharam com certo respeito, outros com raiva.

- Não, senhor. – Marcelo parecia segurar uma fúria dentro de si, mas fazendo o máximo para não demonstrar.

- Então vamos começar. – O homem virou-se para todos. – Dois tempos de quinze minutos cada, com um intervalo de cinco. Ah, e será o time titular contra o time reserva. – Percebi uma expressão de surpresa no rosto da maioria dos garotos, que estavam tão indignados quanto a mim.

- Isso é injustiça! – protestei sem perder tempo.

Rubens me fuzilou com o olhar, como se estivesse prestes a me bater – e, por um momento, tive até uma sensação de que ele fosse um vampiro!

Ele apenas montou os times, escrevendo, com caneta preta, numa das folhas da sua prancheta:

TIME TITULAR:

Goleiro - Lucas

Zagueiro 1 - Joe

Zagueiro 2 - Mike

Lateral direito - Anderson

Lateral esquerdo - Thiago

Volante - Jake

Caçador Herdeiro (1) - Vento Sufocante | COMPLETOOnde as histórias ganham vida. Descobre agora